A guerra das narrativas
Passou a importar mais como se conta e propaga a versão do fato do que este em si
Desde que Lula iniciou no país a exacerbação do conflito “nós” e “eles”, num lamentável desserviço à causa da união nacional, espraiou-se pelo Brasil uma separação que, se existia latente, tornou-se patente, motivando um clima permanente de enfrentamento, entre brancos e negros, ricos e pobres, empresários e trabalhadores, altos e baixos, gays e héteros, gordos e magros. Enfim, toda sorte de discriminação possível, à flor da pele, para seguir o “ensinamento” que vem desde Maquiavel, de “dividir para governar”.
Alimenta este quando a ditadura do politicamente correto, onde a pauta socialista de que tudo deve ser controlado e significa ofensa, criou narrativas e comportamentos que tolheram a alegria, a espontaneidade e até a criatividade do povo brasileiro.
Além de todos os malefícios que este tipo de ação gerou, sobrou ainda um outro componente que está afetando a alma nacional. O Brasil se tornou um país chato.
Criou-se, como mencionei, a guerra das narrativas. Passou a importar mais como se conta e propaga a versão do fato do que este em si mesmo.
A “narrativa” dos que defendem a ideologia socialista, comunista, encalacrados dentro do estado brasileiro, após os malfadados treze anos de aparelhamento efetuado pelo lulopetismo e seus satélites, chegou a um ponto em que a verdade passou a ser mero detalhe sem nenhuma importância.
O mundo, ou a bolha, em que vivem estes defensores do politicamente correto e das narrativas manipuladas, quando não inventadas, está distante da realidade do que pensa e deseja a ampla maioria do povo brasileiro.
Estimulados pelo ódio ao presidente da República que significa o rompimento, a ruptura de um sistema corrupto instalado nas “instituições”, autoalimentado-se de inverdades transformadas neles próprios em fatos reais, com o apoio e propagação da tradicional mídia que vivia nababescamente com verbas públicas, a questão do “nós” e “eles”, das narrativas e das mentiras vendidas como verdades, ganhou uma dimensão que como na fábula onde o rei está nu, todos os que vivem dessa bolha em que se encarceraram mentalmente, não conseguem mais perceber como sua credibilidade, algo difícil de conquistar, escorre para o ralo do descrédito, para o vazio do conteúdo, para o descaso de outrem.
As manifestações de rua do povo brasileiro, neste 7 de setembro, que arrastaram multidões Brasil afora, clamando por liberdade e justiça verdadeira, foram transformadas pelos habitantes da bolha socialista em algo diferente de seu significado.
Assim, luta pela justiça e liberdade de opinião virou golpe. Defesa do estado de direito virou ato antidemocrático e defender a revolução proletária e a ditadura dos pobres virou ato a favor da democracia. Entre muitos outros exemplos estampados na mídia engajada.
O mais escabroso de todos, foi o desdém de alguns em relação ao volume de gente que foi às ruas de verde-amarelo. Comparativamente aos que foram de vermelho foi uma diferença brutal. E, comparativamente, as narrativas da quantidade e dos conteúdos das pautas, foi abissal.
Como bem observou Milton Neves e foi enaltecido na abordagem por Alexandre Garcia, no jornalismo de verdade não se briga com a imagem. Quem diz uma coisa diferente do que se vê na imagem, desacredita a si próprio e à sua causa. A fraude fica cravada como fogo na pedra.
O dito popular é claro: o pior cego é o que não quer ver. E todos que viram o que aconteceu no Brasil neste 7 de setembro e negam a realidade, produzindo sua própria narrativa, diferente da que a população ordeira, pacífica, mandou dizer, através do seu representante, o presidente da República, vão seguir em seu mundinho achando que sua vontade, seu desejo, é o da maioria. Não é.
Olhar a imagem da multidão nas ruas e ouvir seu recado, e fingir que isso tudo é pouco, ou nada, pelo ódio ideológico que os acomete, é um erro tão palpável, que só faz aumentar a distância entre a grande maioria dos “nós” e a cada vez mais minoria dos “eles”.
Quem viver, verá.
Segundo a narrativa da bolha socialista, havia pouca gente.
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