A crise precisa ser vista como aprendizado
Na última reunião plenária do ano realizada pela ACSP, os empresários lamentaram as baixas de 2016, mas demonstraram expectativas positivas para o próximo ano
O ano de 2016 foi turbulento para o comércio. Com o crédito escasso e o consumidor com medo de se endividar, as empresas varejistas se viram descapitalizadas, sem condições de arcar com compromissos com bancos e fornecedores.
Muitas fecharam, outras reduziram de tamanho, mas certamente todos os empresários tiraram lições valiosas desse momento conturbado.
Foi nessa tecla que bateu Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) durante reunião plenária da entidade, que aconteceu nesta quarta-feira (7/12).
“É importante que usemos como exemplo esse momento complicado, mas que olhemos também para aqueles que obtiveram sucesso em meio a tudo isso. Que eles nos sirvam de exemplo”, disse Burti, que também preside a Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).
Ele convocou o empresariado a trabalhar não apenas para os próprios interesses, mas para a sociedade. “Somos nós, empresários, que iremos mudar para melhor o país”, disse o presidente da ACSP.
A expectativa dos comerciantes é por dias melhores. Este ano de 2016 já é tido como perdido para a grande maioria.
Pelas previsões da ACSP, o varejo deve encerrar o ano com recuo de 6% nas vendas. Muitos não aguentaram esse recuo. Ao longo de 2015 e durante o primeiro semestre de 2016, 167 mil lojas do varejo fecharam as portas, pelos números da Confederação Nacional do Comércio (CNC).
Nesse contexto, a ACSP buscou auxiliar os empresários, com produtos e serviços, para tornar a gestão das suas empresas mais eficiente.
“Tivemos um 2016 triste para a economia, mas a ACSP cumpriu com o seu papel com a ajuda das distritais” salientou Roberto Mateus Ordine, vice-presidente da entidade.
Durante a reunião plenária, Ordine enfatizou que o país não pode ficar refém de uma minoria corrupta. “Estamos em uma pátria abençoada, mas infelizmente há um pequeno grupo que não compreendeu isso”, disse.
“Mas os incidentes políticos fazem parte de um aprendizado. Temos de aprender com eles e seguir pelo caminho correto”, disse o vice-presidente da ACSP.
Não é a primeira crise pela qual passam os empresários brasileiros. Com 122 anos, a ACSP passou por uma série delas e sobreviveu, como mostrou Natanael Miranda dos Anjos, superintendente da Facesp.
Ele lembrou que no sistema da confederação das associações comerciais existem entidades mais velhas, caso da associação de Salvador, que tem dois séculos de existência. “Apenas o Banco do Brasil é mais antigo, mas o banco quebrou três vezes ao longo desse tempo, e recorreu ao governo para se reerguer. As associações comerciais nunca precisaram de dinheiro público”, disse Miranda dos Anjos.
Ninguém esconde que a crise pela qual atravessa o país é séria. O crédito, que ajuda a alavancar a economia, recuou 2% nos 12 meses encerrados em outubro. O número de pedidos de falência, entre janeiro e novembro, acumulou alta de 11,7%.
Mas o Brasil ainda é um mercado com muito potencial, o que traz esperanças para o próximo ano, conforme apontou, durante a reunião plenária, Giacinto Cataldo, vice-presidente da ACSP.
“Durante a ConstruBusiness (Congresso Brasileiro da Construção) percebi um grande número de investidores interessados em colocar dinheiro no Brasil. Não podemos ficar parados, precisamos mostrar que vale investir no país”, disse Cataldo.
IMAGEM: Beto Salgado
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