A criatividade bate ponto em São Paulo
Realizada há 25 anos, o crescimento da feira Gift Fair reflete o interesse dos brasileiros por design, decoração e objetos de luxo
Realizada há 25 anos em São Paulo, a Gift Fair pode ser vista como um dos cenários em que amadureceu a efervescente economia criativa na capital e no país. Durante quatro dias, na última semana de fevereiro, os principais fabricantes e varejistas do setor de utilidades domésticas e decoração apresentam seus lançamentos para compradores vindos de todo o país e do exterior.
A medida da importância que este mercado ganhou no Brasil pode ser verificada quando se comparam os 51 participantes da primeira edição do evento em em 1990 com os 700 que ocuparam os pavilhões de exposição este ano, com a presença de 65 mil visitantes.
Entre os grandes expositores, a Tramontina faz da feira a base de lançamentos para o ano. Foram 400 novos produtos apresentados ao mercado, com negócios fechados em torno de R$ 300 milhões em vendas.
Mais de 700 expositores apresentaram novidades na Gift Fair
O espaço dedicado ao design e à criação artesanal divulgou marcas e criadores que ajudaram a formar o gosto estético dos brasileiros nos cuidados com a casa. Embora hoje os fabricantes e designers dividam espaço na feira com lojas importadoras do fenômeno made in China, os produtores da economia criativa são reconhecíveis. Eles fazem a intersecção entre a criação individual, a cultura e a tradição com negócios que produzem empregos e riqueza. Três expositores exemplificam este lado da Gift Fair.
A Coza, atualmente parte do grupo Brinox, usou o design nos anos 80 para dar charme aos utilitários do dia a dia e se tornou uma marca símbolo do uso criativo do plástico, com prêmios internacionais no currículo. A microempresa Pavão Revestimentos surgiu da insatisfação de uma designer gráfica com os produtos que encontrou para dar personalidade à sua cozinha e seus azulejos caíram no gosto dos arquitetos. Herdeiro da tradição cearense de produção artesanal de redes, a Redes Isaac se tornou uma empresa exportadora ao investir na qualidade da matéria-prima e do processo de produção das redes.
Representados no espaço Novos Talentos da Gift Fair, os artesãos compõem uma categoria dentro da economia criativa formada por 8,5 milhões de pequenos negócios. Eles são dedicados a preservar produtos típicos e estéticas locais, mantidos na sua originalidade ou reinterpretados pelos novos designers. Segundo o IBGE, o setor movimenta mais de R$ 50 bilhões por ano, e inclui desde os que vendem suas criações em barracas até empresas estruturadas com fábricas e canais de comercialização para todo o país ou exportadoras.