5 dicas do McDonald´s para expandir sua marca mundo afora
Acordos imobiliários, gestão pé no chão e dados mercadológicos são alguns dos princípios que orientam a abertura de novas lojas da rede
Seis décadas de operação, 70 milhões de clientes atendidos por dia, 2 milhões de funcionários, 40 mil restaurantes em 100 países e um faturamento de U$ 4,6 bilhões em 2016.
Esses são os números da segunda maior franquia do mundo, a rede de fast food McDonald´s.
Difícil encontrar alguém que não conheça a marca ou até mesmo o sabor dos lanches que vende.
Da unidade do Shopping Itaquera, na zona leste, por exemplo, saem 69 mil Big Macs por dia e 29 toneladas de batatas por mês.
Mas, será que a receita de tanto sucesso está mesmo num molho secreto como muitos acreditam?
Alessandro Thiry, diretor de expansão do McDonalds, afirma que não.
De acordo com o executivo, mais importante do que saber vender hambúrguer é escolher a esquina perfeita - esteja ela num calçadão, dentro de um shopping ou na avenida principal de uma cidade.
Thiry lidera todo o processo que determina onde serão abertas as novas lojas da rede, sejam elas franqueadas ou próprias.
É a equipe de desenvolvimento e expansão quem projeta e se responsabiliza pelo faturamento dos 12 primeiros meses de cada nova unidade inaugurada.
E embora o método possa parecer um tanto trabalhoso, o executivo afirma que se o planejamento for bem feito, não há com o que se preocupar.
Nesta terça-feira (20/06), o porta-voz do McDonald´s fez palestra sobre a importância do planejamento na expansão do McDonald’s, durante a ABF Franchising Week, em São Paulo.
1 ? ENTENDA A IMPORTÂNCIA DA OPERAÇÃO PRÓPRIA
Com 20% das lojas em operação própria, Thiry vê de perto como é o dia a dia do franqueado e considera esse tipo de operação essencial para o setor de franchising.
Isto é, o executivo aconselha que a empresa conheça o mercado em que atua para identificar suas vantagens competitivas, chances de crescimento e riscos a serem minimizados.
É a mesma equipe de desenvolvimento que define o novo ponto onde o restaurante será aberto e faz também a projeção de vendas, que decide se a operação será própria ou franqueada.
Em todos os casos, o McDonalds compra ou aluga o terreno escolhido e constrói o restaurante, tornando-se o único proprietário do imóvel, em vez de deixar isso a cargo do futuro empresário. Firma-se então, um contrato de locação entre franqueadora e franqueado.
De acordo com Thiry, a principal razão pela marca optar por esse formato é para preservar a qualidade de localização, pois, naturalmente, alguns empresários acabam desistindo da operação depois de algum tempo.
"Temos real noção da importância dos pontos que descobrimos e formamos. Custa muito caro, mas não podemos ficar a mercê de uma situção economica adversa".
2 ? EVITE O FEELING
Apesar de considerar o fator intuitivo muito importante para a descoberta de um novo ponto, Thiry mostra que o processo precisa ser sobretudo racional.
"Muita gente acha que McDonald´s vende em qualquer lugar, mas não é bem assim".
Os fatores decisórios para a expansão da rede passam sempre pela mesma ordem. O primeiro é a definição do público-alvo, pois a concorrência no fast food cresceu muito nos últimos anos.
Por isso, são levados em consideração dados mercadológicos e comparações de mercados. Em seguida, avalia-se a área de influência, que é o tempo máximo que uma pessoa estaria disposta a gastar em um percurso até a nova loja, e se determina a confluência das duas principais vias da área investigada.
E, por fim, consideram-se as características de acesso (como estacionamento, tamanho do imóvel, espaço para mesas) e visibilidade.
"São muitos processos para que tudo fique somente no campo intuitivo".
3 ?ACOMPANHE OS HÁBITOS DE CONSUMO LOCAIS
Uma franquia que está presente em mais de cem países, e possui 800 lojas no Brasil, poderia estar facilmente em todos os estados brasileiros, mas não está.
Acre, Roraima e Amapá são os três únicos estados onde a marca ainda não fincou sua logomarca.
O executivo argumenta que os produtos não são aceitos da mesma forma em todos os lugares.
Além disso, a pesquisa de conjuntura econômica do setor de alimentação fora do lar divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é um dos nortes da companhia na decisão de expansão.
"As taxas de captura são totalmente distintas. Por isso, a pesquisa de mercado é o melhor investimento para não errar".
O desconhecimento sobre o funcionamento do sistema de drive-thru, por exemplo, ainda é comum em cidades do interior de Estados do Nordeste e do Norte do País.
A dinâmica do autosserviço é outro fator a ser melhor explorado nessas pequenas cidades. Funcionários da rede já presenciaram clientes que aguardavam pelo atendimento na mesa da lachonete.
4 ? VÁ PARA ONDE SEU CLIENTE ESTÁ
Em 2016, a operação brasileira do McDonald´s aumentou a sua receita mesmo diante de um cenário econômico desafiador. O crescimento de 3% nas vendas em relação a 2015 resultou em faturamento correspondente a U$ 1,3 bilhão.
Entre os fatores que mais contribuíram para esse resultado, de acordo com Thiry, estão a reformulação do cardápio, que agora oferece opções de lanches e sobremesas mais baratas e o bom planejamento de marketing.
Além disso, o executivo considera que a marca tem se aproximado cada vez mais de seus clientes, literalmente falando.
Em maio, a marca conduziu uma ação que inverte a ordem natural do serviço e fez com que os lanches chegassem até os clientes, em vez do oposto.
Como mostra o vídeo acima, um food-truck no formato de drive-thru rodou as ruas de São Paulo distribuindo casquinhas de sorvete para os pedestres e motoristas que tinham a sorte de cruzar o seu caminho.
"Queremos ser convenientes a qualquer cliente e não apenas nos moldes tradicionais", diz.
5 ? ACEITE O LIMITE FINANCEIRO DA OPERAÇÃO
De acordo com Thiry, muitos dos negócios que quebraram durante a crise, fecharam as portas porque não foram adeptos de uma gestão pé no chão, não souberam gerir bem o que tinham.
De acordo com o executivo, o planejamento de expansão das redes deve obrigatoriamente projetar qualquer futura flutuação do mercado para não se tornar vulnerável.
"É natural, nós também fechamos, mas porque erramos no planejamento. E não porque o mercado ficou ruim a ponto de não suportar mais um restaurante", diz.
"Quem fechou, fechou porque não planejou ou não analisou os dados mercadológicos, e não porque o desemprego cresceu".
IMAGEM: Divulgação