Yamaha aposta em soluções financeiras e pós-venda para ganhar mercado

Nos dez primeiros meses do ano, as vendas da marca no país totalizaram 1,57 milhão de unidades, volume 19,6% maior que o registrado em igual período de 2023

Sérgio Vieira - DC News
27/Nov/2024
  • btn-whatsapp
Yamaha aposta em soluções financeiras e pós-venda para ganhar mercado

Entre janeiro e outubro deste ano, a Yamaha produziu 301,1 mil motos, correspondente a 20,4% do volume total fabricado no país, segundo dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo). Nesse mesmo período, sua principal concorrente, a também japonesa Honda, foi responsável pela produção de 1,1 milhão de unidades, o equivalente a 74,8%. O restante do mercado fica bem distante – na terceira posição está a JTZ, com 19.474 motos produzidas (1,3%).

Também nos dez primeiros meses do ano, as vendas foram significativas. Foram comercializadas 1,57 milhão de motos, em um movimento superior ao de produção. O volume de emplacamentos é 19,6% maior do que o registrado nos primeiros dez meses de 2023.

Por esse motivo, a disputa com a líder Honda para capturar o cliente não está necessariamente no preço. Na avaliação de Rafael Lourenço, gerente de Relações Institucionais da Yamaha, o foco está em três variáveis: na qualidade do produto, na capacitação dos funcionários e, principalmente, no serviço de pós-venda. “É muito importante acolher o cliente no momento em que ele não esteja feliz com algo no produto”, afirmou Lourenço à AGÊNCIA DC NEWS. “E também cuidamos de melhorar as nossas lojas, que hoje estão ainda mais bonitas. A gente não quer vender só moto, e sim um estilo de vida.”

Hoje, são cerca de 600 lojas que compõem a rede de concessionárias Yamaha no Brasil. Atualmente, o portfólio da companhia inclui 30 modelos de motocicletas, 29 de motores de popa e nove de motos aquáticas. No país, a empresa tem com 3,4 mil funcionários. Em média, as motos da Yamaha com baixa cilindrada giram entre R$ 17 mil e R$ 24 mil, o que significa algo em torno de 10% a 15% acima do valor sobre o modelo parecido da Honda. “A gente tem focado em trazer um produto premium, mais conectado, o que representa essa diferença de preço em relação aos concorrentes”, afirmou Lourenço.

SOLUÇÕES FINANCEIRAS

Mas aí entra o dilema. Parte potencial do público é formada por motoboys, que usam o veículo na maior parte do tempo para o trabalho. E a atenção da montadora a esse perfil é bem explicada nos números dos consumidores das motos Yamaha, principalmente as com até 250cc, que correspondem a 80% dos produtos comercializados no mercado brasileiro. Dessa fatia, metade é destinada ao trabalho (com uso misto), onde se encaixam perfeitamente os entregadores.

“Há um percentual relevante que usa a motocicleta como ferramenta de trabalho”, afirmou o executivo. O dilema é como atender a esse público-alvo que, como o autônomo, em sua maioria, teria um pouco mais de dificuldade para conseguir financiar a moto?

A Yamaha, então, buscou facilitar o caminho para os potenciais clientes. Lourenço responde afirmando que a marca é um grupo de oito empresas no Brasil. “Tem um banco, uma seguradora e um consórcio. E nesse braço financeiro, temos vários produtos pensados para facilitar o acesso ao crédito.”

Segundo Lourenço, às vezes eles recebem um cliente que teve sua solicitação de financiamento negada em um banco de varejo e consegue na Yamaha, com alguns critérios de avaliação que são diferentes de instituições financeiras. Em resumo, se a fabricante entende que o cliente consegue pagar um número mínimo de meses, a análise é de que ele será um bom pagador. “Nossa proposta é mesmo facilitar o acesso à motocicleta da Yamaha.”

OUVIR O CLIENTE

Além de atacar uma questão decisiva e estratégica, que é o crédito a seu cliente, a companhia também colocou esse consumidor no centro das decisões. E passou a ouvir ainda mais justamente aqueles que passam horas em uma moto, pelas ruas e avenidas do país. Os motoboys. Eles têm contribuído no desenvolvimento de novos modelos e funcionalidades nas motocicletas. “A gente tem ampliado nossos canais de pesquisas para ouvir o que esses clientes dizem que deveria ser mudado na moto”, afirmou Lourenço. “E trabalhamos para colocar nos modelos o que eles nos pedem.”

Entre as alterações adotadas pela montadora a partir da escuta em relação aos compradores estão a mudança da espessura do pneu, aumento na suspensão da scooter e novas funcionalidades em conectividade. Nesse sentido, Lourenço cita o aplicativo Yamaha Connect, desenvolvido pela empresa para atender o consumidor em várias situações – desde ter acesso ao nível do óleo a poder compartilhar a rota ou o local em que a moto foi estacionada. “Os lançamentos de 2025 já virão com essas vantagens.”

Maior mercado de motocicletas fora do eixo asiático, o Brasil oscila entre quinto e sexto mercados do mundo para a Yamaha. Recentemente, a empresa atingiu a marca de 5 milhões de motocicletas produzidas no Brasil, na fábrica de Manaus (AM), desde 1974. Ainda que distante da líder Honda, o volume de crescimento dos últimos anos foi maior do que a média de mercado, com média de 15% no período, contra 9% da indústria.

“A gente vai trabalhar para crescer, independentemente de nosso concorrente. Queremos chegar mais rápido nos próximas 5 milhões de motos”, disse Lourenço.

 

IMAGEM: divulgação

O Diário do Comércio permite a cópia e republicação deste conteúdo acompanhado do link original desta página.
Para mais detalhes, nosso contato é [email protected] .

Store in Store

Carga Pesada

Vídeos

Alexandra Casoni, da Flormel, detalha o mercado de doces saudáveis

Alexandra Casoni, da Flormel, detalha o mercado de doces saudáveis

Conversamos com Thaís Carballal, da Mooui, às vésperas da abertura de sua primeira loja física

Entenda a importância de planejar a sucessão na empresa