Walmart cria a própria IA e quer revolucionar a experiência de compra
A inteligência artificial usada pela rede foi treinada com mais de 20 anos de dados da varejista
Imagine entrar no site do seu varejista favorito e no lugar das recomendações e banners padrão visualizar produtos e sugestões de compra perfeitamente personalizados para você. Como se o site realmente soubesse o que você quer muito antes de você pensar. Parece assustador, mas é o que o Walmart, a maior empresa do mundo por faturamento (receita de US$ 648 bilhões em 2023), imagina para o futuro do varejo.
A gigante norte-americana acaba de anunciar o desenvolvimento de sua inteligência artificial (IA), a Wallaby, que combina ferramentas de IA e realidade aumentada para criar uma experiência hiperpersonalizada nos ambientes físicos e virtuais da empresa.
“Uma barra de pesquisa padrão não é mais o caminho mais rápido para a compra”, disse Suresh Kumar, diretor global de Tecnologia e diretor de Desenvolvimento da Walmart Inc em nota oficial. “Precisamos usar a tecnologia para nos adaptar às preferências e necessidades individuais dos clientes.”
A nova investida começa com um modelo de linguagem específico para o varejo, uma LLM (grande modelo de linguagem). Ele foi treinado com mais de 20 anos de dados da varejista e pode ser combinado a outros modelos para gerar respostas diferentes, dependendo do contexto. Ele também é programado para responder em um tom que esteja alinhado com os valores centrais da empresa. O plano é lançar uma versão inicial no fim de 2025.
Uma das aplicações para o novo modelo é um chatbot de atendimento ao cliente. É uma versão mais personalizada do antigo assistente. Agora, ele reconhece o cliente desde o início e vai além de apenas entender a intenção do consumidor, passando a executar ações como localizar pedidos e gerenciar devoluções. “Nos testes, os clientes relataram uma experiência mais tranquila e que os ajudou a resolver seus problemas de forma rápida e independente”, afirmou a empresa em nota.
EXPERIÊNCIA
Além das plataformas de atendimento, os sites e outras experiências da companhia também ganharão apoio da IA. Tudo para prever o tipo de conteúdo que os consumidores gostariam de ver no site. “Ela já está sendo usada em áreas selecionadas do Walmart.com”, disse a nota da varejista.
“O Walmart criará uma página inicial exclusiva para cada comprador, tornando a experiência de compra online tão personalizada quanto entrar em uma loja projetada exclusivamente para cada cliente.” A tecnologia será lançada inicialmente nos mercados do Canadá e México, além dos Estados Unidos.
Para fechar o pacote de investimentos em tecnologia, o último foco do Walmart é a realidade aumentada (RA). A varejista desenvolveu uma plataforma chamada Retina, que permite à empresa se conectar com clientes em novos ambientes e momentos onde não havia contato anteriormente. Isso vale para os jogos, onde será possível interagir com os públicos mais jovens, e nas lojas físicas, no qual ajuda a imaginar itens como móveis no ambiente de casa. “Vamos aproveitar a IA e a automação para criar novos ambientes sociais virtuais e desbloquear novos fluxos de receita”, afirmou o Walmart em nota.
O ano fiscal 2024 foi encerrado em 31 de janeiro deste ano. Em 12 meses, o faturamento de US$ 648,1 bilhões foi 6% maior que o do ano fiscal anterior (encerrado em janeiro de 2023). Do total, US$ 642,6 bilhões vieram de vendas líquidas e US$ 5,5 bilhões de associados. O resultado operacional ajustado foi de US$ 27,1 bilhões, 10,2% sobre o período anterior. Os resultados incluem as operações Sam’s Club.
No relatório de apresentação de resultados, o presidente e CEO do grupo, Doug McMillon, afirmou que apenas no trimestre entre novembro de 2023 a janeiro de 2024 a receita com e-commerce somou US$ 100 bilhões. O grupo fundado em 1962 tem 255 milhões de clientes, mais de 10,5 mil lojas, 2,1 milhões de associados e atua em 19 países.
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