Varejo: se não funciona no celular, não funciona

Em Nova York, NRF Big Show 2015 propõe o fim da oposição entre comércio eletrônico e varejo tradicional – agora, loja física e virtual devem andar juntas

Sérgio Teixeira Jr.
13/Jan/2015
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Varejo: se não funciona no celular, não funciona

A integração cada vez maior entre as lojas físicas e a tecnologia digital, especialmente os smartphones, é a palavra de ordem do Big Show, a feira anual promovida em Nova York pela National Retail Federation, a associação dos varejistas dos Estados Unidos. A ideia de que existe uma oposição entre o comércio eletrônico e o varejo tradicional ficou para trás há muito tempo, mas torná-los verdadeiros aliados, especialmente no que diz respeito à experiência do consumidor, é um desafio presente para os varejistas.

“O comércio eletrônico pode ter atingido o seu limite”, disse Bill Simon, CEO do Wal-Mart entre 2010 e 2014, no principal evento do dia. “Você encontra o que quer pela internet, mas falta o senso de imediatismo, o lado sensorial”, afirmou Simon, num painel intitulado Brick is the New Black (o tijolo é o novo preto, uma brincadeira para indicar que as lojas tradicionais estão voltando à moda).

Simon descreveu uma experiência pela qual passou recentemente. Ele viajou para um evento e descobriu em cima da hora que o traje seria mais formal do que ele esperava. Procurou na internet o endereço de uma loja e foi até lá comprar um blazer. “Também gostei de um terno, e pedi para que ele fosse entregue na minha casa. Quando o recebi, tive uma surpresa: o terno tinha sido enviado, mas de uma outra unidade da mesma rede, mais perto da minha casa. Essa foi uma compra numa loja física? Uma compra online? Não sei dizer.”

 

FEIRA ACONTECE DE 11 A 13 DE JANEIRO/Foto: Divulgação 

O que importa, disse Simon, é a qualidade do serviço. É por isso que a integração cada vez maior é um passo inevitável para o varejo. “O consumidor é seu novo patrão”, disse Bal Dail, CEO da JDA Software, empresa especializada em tecnologia de cadeia de suprimentos. “Ele tem poder e está conectado socialmente. Sua influência [sobre os outros consumidores] nunca foi tão grande.”

E isso não se aplica somente aos consumidores mais jovens. “O conceito de Über Digitals está deixando de fazer sentido, com a penetração cada vez maior dos aparelhos inteligentes na vida cotidiana, e em todos os segmentos de clientes”, foi uma das frases-chave da apresentação de Joseph Bradley, vice-presidente de Internet of Everything da Cisco Consulting Services.

Hoje existem 13 bilhões de aparelhos conectados à internet. Em 2020, serão 50 bilhões, de acordo com estimativas da Cisco Consulting Services. O próximo passo é coletar informações desses aparelhos, que incluem os smartphones, para melhorar a experiência dos consumidores dentro das lojas. “A inteligência [do varejista] vai estar cada vez mais na ponta”, perto dos consumidores, disse Bradley.

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Sensores saberão quando o cliente está na loja, permitindo o envio de ofertas personalizadas e descontos especiais. Tudo isso, é claro, vai depender da conquista da confiança dos consumidores, disse o executivo, afinal de contas, compartilhar sua localização com uma empresa tem importantes implicações de privacidade.

Mas os benefícios podem ser significativos. Segundo estimativas da Cisco, a análise de informações pode aumentar os lucros em 9,4%, ofertas direcionadas, 1,8%, e a otimização de filas e pagamento, 0,8%.

Uma frase do especialista da Cisco resume o tom geral do primeiro dia da convenção – e o que deve estar na cabeça das empresas de varejo de todo o mundo: se não funciona no mobile, não funciona, ponto.

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