Varejo depende do auxílio emergencial para recuperar força
Segundo a ACSP, sem a volta do benefício, a forte desaceleração do setor observada ao final de 2020 vai se intensificar em 2021
O varejo em dezembro continuou a perder fôlego, porém, terminou 2020 com um leve crescimento. Segundo os economistas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a perspectiva de concessão de novo auxílio emergencial poderia evitar que essa perda de ritmo se acentue ao longo dos próximos meses.
Uma recuperação mais consistente das vendas, contudo, dependerá de aumentos mais robustos da renda e do emprego, que, por sua vez, estão atrelados à evolução da pandemia e à realização das reformas estruturais, principalmente no campo das despesas públicas.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em dezembro, as vendas do varejo restrito (que não incluem veículos e material de construção) e do ampliado (que consideram todos os segmentos) mostraram recuos de 6,1% e 3,7%, respectivamente, em relação ao mesmo mês, muito acima das expectativas de mercado.
Esses dados mensais são corrigidos pelo IBGE, eliminando os principais fatores sazonais, porém, não eliminam o efeito da antecipação das compras, ocorrido em novembro, por conta da Black Friday. Por esse motivo, poderia ser mais indicativo de tendência o contraste com dezembro de 2019, que apresentou altas para ambos tipos de varejo (1,2% e 2,6%, respectivamente), embora de intensidade bastante menor em relação à leitura anterior.
De todo modo, em 2020 houve crescimento de 1,2% para o varejo restrito, em linha com a projeção do Instituto de Economia Gastão Vidigal, e retração de 1,5% no caso do ampliado. Esse leve aumento das vendas do varejo restrito pode ser explicado pela concessão do auxílio emergencial, pelos menores juros, pela maior disponibilidade de crédito e pelo aumento da confiança do consumidor.
A crise econômica decorrente da pandemia e as medidas de isolamento social tenderam a privilegiar as compras mais essenciais e relacionadas com a maior permanência nos lares, o que causou a expansão observada nas vendas de supermercados, farmácias, material de construção, móveis e eletrodomésticos.
Pelos mesmos motivos as maiores quedas foram registradas nas aquisições de veículos e tecidos, vestuário e calçados.