Tokenização da economia é a principal tendência, diz Campos Neto
Para o presidente do Banco Central, esse movimento de transformação de coisas em ativos digitais é mais importante que o debate em torno de criptoativos
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira, 6/06, que o movimento de "tokenização" da economia é a principal tendência à frente, mais do que próprio debate em torno de criptoativos e CBDC (Moeda Digital do Banco Central, na sigla em inglês).
"O que está no centro do debate? Acho que não é sobre cripto ou CBDC, é sobre esse movimento de 'tokenização', que você pode colocar valor e pode negociar coisas na forma de 'tokens", disse ele, no evento Valor's Crypto Summit Rio 2022, promovido pela Valor Capital Group.
A tokenização é o processo de transformação de coisas, sejam elas quais forem, em ativos digitais.
Segundo Campos Neto, a tendência é de movimento rumo a uma economia tokenizada, diante de um avanço tecnológico que "chegou para ficar". O presidente do BC reiterou ainda que a tecnologia é uma maneira de tornar a intermediação financeira "mais barata e inclusiva."
Campos Neto disse também que o Pix tornou a intermediação financeira mais barata e rápida no País, permitindo o surgimento de novos modelos de negócios. "Se você torna a intermediação financeira muito mais barata, você vai criar novos modelos de negócios", disse. "Quando o Pix chegou, diversos novos modelos de negócios começaram a surgir."
Ele reiterou que o desenvolvimento do Pix custou apenas US$ 4 milhões, o que considerou um orçamento pequeno para o desenvolvimento do sistema. O moderador da mesa, Clifford Sobel, observou que um dos dirigentes de um braço regional do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) chegou a ligar para o dirigente para aprender mais sobre o Pix.
WALLET
O presidente do Banco Central afirmou ainda que a maneira com que a população se relaciona com o sistema financeiro deve evoluir para o conceito de "wallet", uma plataforma em que os todos os bancos e produtos bancários estariam disponíveis, e que isso vai aumentar as formas de uso do Pix.
"Esse agregador vai conectar todas as contas e vai ter um algoritmo de risco de crédito, de modo que os juros que será pago naquela compra será calculado na hora. Provavelmente, é o fim do cartão de crédito da forma que nós conhecemos hoje. Não faz sentido ter três pedaços de plásticos na carteira", disse.
Sobre os planos futuros, Campos Neto disse que gostaria de ver em algum momento uma plataforma para facilitar o registro de ativos. Segundo ele, isso ajudaria a desenvolver o mercado de home equity, em que muitas operações são inviáveis hoje devido aos custos de registro em cartórios e as taxas de transação.
IMAGEM: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil