Surge um novo Rio
O Rio de Janeiro é viável, bastaria uma trégua na demagogia e nas divisões por motivos ideológicos
Um sopro de esperança para o Rio surgiu com um Fórum de iniciativa da Fecomercio e da revista Exame, no Hotel Hilton. Foram mais de 200 empreendedores, gestores, ouvindo o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, e debatendo os temas, depois, sob a coordenação do professor Istvan Kasznar, da Fundação Getulio Vargas.
Curioso é que, após a situação crítica da segurança pública, como freio nos investimentos – e que exige uma reação imediata –, os projetos mais importantes para alavancar a retomada do crescimento são antigos, e dependem apenas de retoques.
Um deles, e já na pauta do BNDES, é a criação de uma Zona de Processamento de Exportações (ZPE), em Itaguaí, aproveitando o Arco Metropolitano e o Porto de Sepetiba, que esteve para sair no governo Sarney, articulado pelo então ministro José Hugo Castelo Branco.
A melhoria da Via Dutra, como determinante na maior integração Rio-São Paulo, é outra necessidade a ser pensada.
Nas vocações naturais da capital, com mão de obra de alto nível, a criação de um centro financeiro internacional ganha força. E este tem como base o Rio-Dólar, formulado pelo professor Theophilo de Azeredo Santos e defendido por Roberto Campos.
O Rio já vem se destacando ao sediar algumas das mais importantes empresas de assets do país. No entanto, é preciso mais para recuperar a perda da Bolsa de Valores, da carteira de câmbio do Banco do Brasil e da direção dos maiores bancos. Nos restou as maiores seguradoras, como Bradesco e Sul América.
O esforço para terminar o complexo petroquímico Comperj, em Itaboraí, é fundamental, por estar parcialmente feito. O turismo deve ter, já para o próximo ano, como anunciou o presidente do BNDES, um calendário de eventos suficiente para sustentar o setor, que sofre com a baixa ocupação de sua moderna rede hoteleira.
Portanto, um olhar desses sobre a cidade e o Estado anima, quando o clima tem sido de pessimismo, parcialmente provocado por interesses políticos menores.
Todo esse quadro de homens e mulheres competentes, preparados, uma tradição histórica da cidade como símbolo maior do Brasil, faz aumentar a responsabilidade do cidadão-eleitor. Afinal, é consenso que a classe política atual não está à altura da crise.
O Rio é viável, bastaria uma trégua na demagogia, nas divisões por motivos ideológicos e a união de todos. Aliás, só tivemos ganhos recentes quando União, Estado e município, com apoio da sociedade, se uniram em projetos do porte da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016.
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