Supermercados paulistas vendem mais que atacarejos em 2023
Considerando as mesmas lojas, supermercados faturaram 7,8% mais no ano passado em relação a 2022, de acordo com a Varejo 360
Os supermercados paulistas foram os que tiveram melhor desempenho entre todos os formatos do comércio de alimentos em 2023 sobre 2022, de acordo com a Varejo 360.
Considerando as mesmas lojas, as vendas dos supermercados subiram 7,86%, no período. Os atacarejos, que ocupavam a primeira colocação nos últimos anos, venderam 4,28% mais.
Os minimercados ficaram em terceiro lugar, com crescimento de vendas de 2,44%, seguidos dos hipermercados (2,07%). Entre todos os formatos, na média, as vendas aumentaram 5,81%.
Os números não consideram a inflação do período. O IPCA (Índice de Preço ao Consumidor Amplo), do IBGE, fechou o ano passado com alta acumulada de 4,62%.
Isto significa que somente o formato de supermercados registrou aumento real de vendas no ano passado, superando todos os formatos, de acordo com o levantamento da Varejo 360.
Com base em tíquetes de compras enviados por cerca de 150 mil pessoas diariamente, a Varejo 360 consegue identificar o desempenho de 150 varejistas de alimentos do Estado de São Paulo.
“Os atacarejos não conseguem mais capturar clientes como no passado, e os supermercados se adaptaram à concorrência dos atacados”, diz Fernando Faro, sócio-fundador da Varejo 360.
Na corrida pelo cliente, diz, os atacarejos passaram a vender produtos de supermercados, como frutas, verduras, carnes e, como consequência, os preços ficaram mais parecidos.
Se não há tanta diferença de preços, o consumidor acaba fazendo compra no bairro, movimento que foi potencializado com a pandemia, e quem ganha são os supermercados.
Considerando todas as lojas, os atacarejos lideram em vendas em 2023, com alta de 14,4%. Os supermercados ficaram em segundo lugar (10,57%), seguidos dos minimercados (7,19%).
Os hipermercados, que estão sumindo do mercado já há algum tempo, registraram queda de 0,77% nas vendas no período.
Os números que consideram todas as lojas, diz Faro, refletem a expansão dos cash & carry nos últimos anos.
Em dezembro de 2022, havia 521 lojas no Estado de São Paulo e, em dezembro de 2023, eram 529, de acordo com levantamento da Varejo 360.
Nos últimos quatro anos, a rede Assaí abriu cerca de 40 lojas no Estado, a Tenda, 15, a Roldão, 10, a Comercial Esperança, 3, a Spani Atacadista, 11, a Max, 5, e a Atacadão (Carrefour), 33.
O grupo Muffato, do Paraná, comprou 16 lojas da rede Makro para transformá-las em Max Atacadista e entrar em São Paulo, processo que continua em andamento.
No final de 2022, o grupo Savegnago entrou no modelo de negócio com a abertura do Paulistão Atacadista em Rio Claro, interior de São Paulo.
Este movimento deve continuar, de acordo com Faro, porque outras redes também se preparam para estrear no modelo de atacarejo, principalmente no interior de São Paulo.
“Agora, os números revelam um alerta para o modelo de cash and carry no país, que não brilha mais nos olhos dos consumidores como no passado”, afirma.
A expansão do setor foi tão forte, diz, que as redes começam agora a dividir o bolo com os concorrentes e por isso já não conseguem mais crescer considerando as mesmas lojas.
INTERIOR
Campinas (SP) virou uma praça de guerra de preços entre supermercados e atacarejos em razão da proximidade das lojas, de acordo com Samuel Costa Junior, CEO da rede Enxuto.
Em 2023, o faturamento da rede subiu cerca de 4%, basicamente a inflação no período, o mesmo que dizer que as vendas estão estabilizadas.
“Não podia ser diferente. Em um raio de 3,5 km abriram lojas das redes Spani, Muffato e minimercados do GPA e da Oxxo. Estamos dividindo o bolo.”
Os atacarejos, diz, já chegaram no limite em várias regiões de São Paulo, e pelo fato de se tornarem cada vez mais parecidos com os supermercados, acabaram perdendo a função.
“Os supermercados estão indo melhor porque são frequentados para compras de reabastecimento, não de produtos básicos”, afirma.
Com seis lojas no interior de São Paulo, a rede Enxuto se prepara para abrir uma loja neste ano e outra no ano que vem no bairro do Cambuí, em Campinas.
“Nossa loja está mais perto da rodovia Anhanguera e nós decidimos ir mais para a região central da cidade”, diz.
Para competir neste ambiente de guerra de preços, a rede tem ofertas diárias e ainda oferece, por meio de cartão próprio, o parcelamento de uma compra em até seis vezes, sem juros.
“Com o parcelamento, o tíquete aumenta cerca de 20%. As famílias estão endividadas e o crédito é uma oportunidade para o cliente comprar”, afirma.
O tíquete médio na compra parcelada, diz, é da ordem de R$ 600.
Outra ferramenta usada pela rede para driblar o alto endividamento das famílias é o Clube Viva, que possibilita descontos de até 10% para os clientes cadastrados, que somam 700 mil.
Para 2024, a rede prevê crescimento de 10% nas mesmas lojas.
Com 17 lojas em São Paulo, a rede Hirota registrou aumento de 8% no faturamento em 2023 em relação a 2022 e, considerando somente dezembro, a alta foi de 12%.
“Em 2023, sentimos uma reação nas vendas nos supermercados. O cliente está indo mais vezes às lojas para fazer compras menores”, afirma Hélio Freddi Filho, diretor da rede.
Janeiro também começou bem, diz, e a expectativa da empresa é crescer entre 8% e 9% neste ano em relação a 2023. A rede se prepara para abrir mais duas lojas nos próximos dois anos.
Uma das lojas, provavelmente, será aberta neste ano na zona Leste de São Paulo.
“Está difícil comprar imóveis em São Paulo. As construtoras adquiriram quase todos os bons pontos da cidade”, diz.
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