Risco de novo rebaixamento da nota do Brasil é de 90%

É o que mostra uma pesquisa do Bank of America Merrill Lynch com gestores internacionais. Nesta sexta (18/09), o dólar atingiu a segunda maior cotação desde a criação do Plano Real

Redação DC
18/Set/2015
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Risco de novo rebaixamento da nota do Brasil é de 90%

Uma pesquisa do Bank of America Merrill Lynch (BofA) com gestores internacionais que aplicam em países emergentes mostrou que 90% deles acreditam que o Brasil vai perder o grau de investimento em pelo menos duas agências de classificação de risco.

A incerteza em relação aos ajustes do governo para evitar mais um rebaixamento também têm refletido na cotação do dólar comercial, que encerrou esta sexta-feira (18/08) cotado a R$ 3,958, alta 1,96%.

Foi a segunda cotação mais elevada desde a criação do Plano Real, em 1994. A maior foi a de 10 de outubro de 2002, quando a moeda norte-americana tinha fechado em R$ 3,99. 

Outra conclusão do levantamento do Bank of America Merril Lynch é que, entre os emergentes que estão com economias mais deterioradas, o Brasil é o que mostra maior probabilidade de ser classificado no grau especulativo, ou "junk" (lixo, na expressão usada pelo mercado financeiro), por ao menos duas agências nos próximos dois anos.

O BofA já fez a mesma pesquisa em outros meses, mas a pergunta sobre a perda de grau de investimento era em "ao menos uma agência". O Brasil também liderava as apostas dos gestores em períodos anteriores, quando comparado a outros emergentes.

Em julho, cerca de 65% dos entrevistados acreditavam que o país iria perder o selo; em fevereiro, eram 70%.

Como o Brasil já perdeu a classificação este mês pela Standard & Poor?'s (S&P), a pergunta foi alterada agora para "ao menos duas agências". Na Moody's, um novo rebaixamento colocaria o Brasil no grau especulativo. Na Fitch, o Brasil está a dois níveis de perder o grau de investimento.

A perda do selo do grau de investimento por ao menos duas agências de classificação de risco é um complicador adicional para a economia de um país.

A razão é que muitos dos grandes investidores internacionais, como fundos de pensão e seguradoras, só investem em países que tenham selo de bom pagador em ao menos duas das três principais agências de rating. Assim, esses fundos são obrigados a retirar recursos do mercado com o rebaixamento e não podem fazer novas aplicações.

O Bank of America Merrill Lynch realizou a pesquisa entre os últimos dias 14 a 16 e ouviu gestores com US$ 320 bilhões alocados em emergentes.

Um pouso forçado da economia da China é considerado o principal risco para os emergentes, ultrapassando a alta de juros pelo Fed, segundo a pesquisa.

ELEVAÇÃO DOS JUROS NOS ESTADOS UNIDOS 

Outro risco para esses mercados que aparece entre os três maiores, segundo o BofA, é a queda do preço do petróleo. Para a maioria dos entrevistados na pesquisa (60%), o Fed deve elevar os juros em dezembro.

Na última quinta-feira (17/09) o Fed adiou o aumento da taxa básica de juros nos Estados Unidos. 

Desde o fim de 2008, os juros nos Estados Unidos estão entre 0% e 0,25% ao ano. Na época, o Fed cortou a taxa para estimular a economia americana em meio à crise no crédito imobiliário. A última elevação de juros nos Estados Unidos ocorreu em 2006.

Juros mais altos atraem capital para os títulos públicos americanos, que são considerados a aplicação mais segura do planeta. Quando a taxa sobe nos Estados Unidos, os investidores retiram recursos de países emergentes, como o Brasil, e isso pressiona a cotação do dólar.

* Com informações de Estadão Conteúdo e Agência Brasil

FOTO: Thinkstock

 

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