Revelados os nomes de brasileiros com contas no HSBC da Suíça

A revista "Época" teve acesso ao relatório sigiloso da Receita Federal com o nome dos 15 primeiros brasileiros que estão sendo averiguados no caso conhecido como SwissLeaks

Estadão Conteúdo
28/Fev/2015
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Revelados os nomes de brasileiros com contas no HSBC da Suíça

A revista "Época" teve acesso à lista de 342 correntistas brasileiros do banco HSBC na Suíça e ao relatório sigiloso da Receita Federal com o nome dos 15 primeiros brasileiros que estão sendo averiguados no caso, revelado há 15 dias, que ficou conhecido como SwissLeaks.

A revista destaca que fazem parte dessa lista outros empresários, doleiros e, segundo o documento, gente suspeita de ligação com o tráfico de drogas. "Alguns podem ter sido relacionados somente por terem conta na Suíça, o que não é ilegal", ressalta a reportagem. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, determinou a entrada da Polícia Federal no caso.

O vazamento começou quando documentos com dados de 106 mil pessoas com contas no HSBC na Suíça foram entregues por um ex-funcionário do banco a autoridades francesas e chegaram a um grupo internacional de jornalistas investigativos, o International Consortium of Investigative Journalism (ICIJ). A estimativa é que os depósitos dos brasileiros neste banco totalizariam US$ 7 bilhões entre 2006 e 2007.

De acordo com a revista, o fisco brasileiro recebeu uma relação de 342 investidores e analisou a lista, cruzando-a com dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Daí surgiu a lista dos primeiros 15 brasileiros, que a Época divulga com exclusividade.

A revista revelou que integra a lista nomes como o do gaúcho Lirio Parisotto, diretor presidente da fabricante de plásticos Videolar, e Ricardo Steinbruch, empresário e presidente do Grupo Vicunha. Os dois costumam figurar nas listas dos empresários mais ricos do país.
Em reposta à matéria, Lírio Parisotto disse que o valor que consta em sua conta no HSBC na Suíça é declarado e compatível com a sua receita.

LÍRIO PARISOTTO: "VALOR É DECLARADO"

 

A família Steinbruch, que também é dona do Banco Fibra, declarou que todos os ativos no exterior pertencentes à família têm finalidades lícitas e estão de acordo com a lei.

RICARDO STEINBRUCH: "FINALIDADES LÍCITAS"

 

"Quanto às menções a pessoas de sobrenome Steinbruch constantes de dados que foram roubados do Banco HSBC e manipulados, reiteramos que não correspondem à verdade e, por sua origem criminosa, não merecem comentários", diz a família em resposta à reportagem.

Outros nomes que constam na reportagem são: Arnaldo José Cavalcanti Marques, empresário pecuarista; Conceição Aparecida Paciulli Abrahão, dona de casa; Dario Messer, doleiro; Elie Hamoui, empresário do ramo alimentício; Generoso Martins das Neves, empresário e administrador da empresa de ônibus Braso Lisboa e Jacks Rabinovich, empresário com participações nos grupos Vicunha e Fibra. Todos eles negaram ter contas na Suíça. Jacks Rabinovich não quis falar com a reportagem.

Constam também da lista publicada pela Época, Jacob Barata, empresário do grupo Guanabara, de transporte público no Rio de Janeiro, que negou a existência de contas no HSBC na Suíça; Jean Marc Schwartzenberg, consultor de mídia, que negou ter enviado dinheiro ao HSBC da Suíça; José Roberto Cury, engenheiro e fundador da Tricury Construções e Participações, que afirmou desconhecer essa investigação; Luiz Carlos Nalin Reis, arquiteto e ex-secretário de Planejamento do Acre, que segundo a revista não respondeu aos telefonemas da reportagem; Mário Manela, empresário, que negou que tenha tido conta no HSBC; Renato Plass, administrador, que, de acordo com a Época, não respondeu aos recados da reportagem e Samuel Chadrycki, empresário e advogado, que não foi localizado pela reportagem.

PUNIÇÃO
A Polícia Federal (PF) encontrou indícios de crime nas operações dos 4,8 mil brasileiros que mantinham contas secretas no banco HSBC na Suíça. Diante da informação, transmitida na sexta-feira, dia 27, ao governo federal, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, determinou a entrada da Política Federal no caso.

"Quem praticou ato ilícito, pouco importa se tenha poder econômico ou poder político, será investigado e, comprovado o crime, será responsabilizado na forma da lei penal", afirmou Cardozo.

A decisão do ministro foi tomada após reunião realizada na sexta-feira com técnicos da Receita Federal, da PF e do Ministério da Justiça.
A investigação da Polícia Federal vai se somar à conduzida pela área de inteligência da Receita Federal, que promove uma inspeção para apuração de crime fiscal. Há uma semana, o fisco anunciou seu acesso à parte da lista de cidadãos brasileiros que "supostamente possuíam relacionamento financeiro com aquela instituição financeira na Suíça".

Questionado sobre a atuação do governo pelo lado criminal e fiscal, Cardozo afirmou que, "normalmente, são situações interligadas". Por isso, o ministro também determinou ao Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) que "faça colaboração internacional, com a Suíça, para obter informações e conseguir a recuperação de ativos que pertencem aos cofres públicos".

Nada menos do que 6,6 mil contas bancárias abertas no HSBC na Suíça, pertencentes a 4,8 mil cidadãos de nacionalidade brasileira, estavam fora dos registros.

"Investigações devem ser feitas com discrição e sigilo. A orientação que dou em todos os casos à Polícia Federal é que sejam feitas estritamente dentro da lei", disse Cardozo.

 

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