Rappi anuncia taxa zero para restaurantes
Ação busca ampliar a participação da empresa no segmento de delivery, hoje dominado pelo iFood, e foi anunciada no contexto do Plano de Restauração do Setor de Alimentação Fora do Lar promovido pela Abrasel

O delivery no Brasil segue em expansão, com faturamento de R$ 38 bilhões em 2023, crescimento de 8% sobre o ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira de Restaurantes (Abrasel). Nesse mercado concorrido, para tentar fazer frente ao principal player desse segmento, o iFood, a Rappi anunciou tarifa zero para todos os restaurantes parceiros no Brasil que se cadastrarem no aplicativo até 31 de julho.
O anúncio também faz parte do Plano de Restauração do Setor de Alimentação Fora de Casa, lançado ao final de 2024 pela Abrasel. Além da Rappi, outras grandes empresas, como Coca-Cola, Ambev e Google propuseram ações para estimular pequenos negócios do ramo da alimentação.
Com faturamento baseado em outras frentes, como supermercados e pet shops, a Rappi vai investir R$ 1,4 bilhão em três anos na taxa zero. A iniciativa busca custear todas as despesas do restaurante que o empreendedor teria com a entrega, inclusive a intermediação entre aplicativo, restaurante e entregador. Segundo a Rappi, nesse mercado as empresas exigem uma taxa entre 20% e 30% para o serviço de delivery.
Um restaurante híbrido, que tem a maior parte das suas atividades no delivery, ou um pequeno salão para poucos atendimentos, segundo a Rappi, pode ter até 70% do seu faturamento voltado para o delivery, com impacto de 21% no faturamento total devido às taxas.
Com a iniciativa da tarifa zero full service, de uma compra de R$ 100, são descontados 3,5% da taxa de pagamento. “Esperamos que essa iniciativa também impacte os consumidores, que poderão encontrar mais descontos no aplicativo, fornecidos pelos restaurantes”, declara Felipe Criniti, CEO da Rappi, que compartilha que, atualmente, os restaurantes precisam aumentar 20% do preço do cardápio nos aplicativos de delivery para conseguirem pagar as taxas para as empresas.
Segundo Criniti, o delivery brasileiro é dominado por um único grande player (o iFood, que abocanha cerca de 80% do mercado). Com a tarifa zero, o objetivo da Rappi é crescer para além dos 7% do mercado que detém atualmente.
Com a ação, a empresa espera aumentar em 40% a vertical dos restaurantes, que hoje representam 20%, aumentar em 22% a representatividade do Rappi Turbo, alcançar até dezembro de 2025 mais 30 mil novos restaurantes e 300 novas cidades de atuação até julho de 2028, além de aumentar o número de estabelecimentos credenciados.
Outra ação que busca trazer melhores condições para os restaurantes é um canal no WhatsApp, fornecido pela Rappi, para auxiliar nas vendas dos restaurantes com mais tecnologia, sem a taxa de mensalidades e, dessa forma, ajudar a aumentar as vendas dos estabelecimentos.
Criniti diz ainda que a Rappi vai fornecer os dados de todos os clientes que fizerem o pedido pelo aplicativo, auxiliando em uma queixa antiga do setor de alimentação, que reclamava que ao usar aplicativos de entrega, o cliente era do aplicativo e não mais do restaurante.
Recuperação do setor de alimentação fora do lar
O setor de bares e restaurantes movimentou R$ 416 milhões para a economia em 2023, representando 3,6% do PIB nacional, segundo o levantamento da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV EESP), que mostra que a cada R$ 1 mil gastos, R$ 3,65 mil são injetados na economia. Apesar do potencial do setor, muitos empreendedores ainda não conseguiram se recuperar da pandemia, com 22% dos negócios operando em prejuízo, segundo uma pesquisa recente da Abrasel.
Para o professor Márcio Holland, coordenador da Pós-Graduação em Finanças e Economia na FGV, apesar de representar cerca de 5 milhões de trabalhadores e 8% da massa salarial, o setor ainda enfrenta dificuldades na capacitação desses profissionais - o que dificulta o aumento da produtividade do setor.
Para auxiliar o segmento, o plano de reestruturação do setor, lançado pela Abrasel, visa auxiliar na atribuição de políticas públicas, com os governos federal, municipal e estadual, e em parcerias de crédito e privadas, com empresas como Rappi, Stone, Coca-Cola, Ambev e Google, buscando fortalecer pequenos negócios. Confira as ações:
Melhores condições para os empreendedores: A Ambev trouxe um plano de ação que busca levar melhores condições de crédito para os estabelecimentos, auxiliando no capital de giro. Dessa forma, a empresa fornece acesso a prazos mais longos para o pagamento do produto. Assim, os empreendedores recebem a mercadoria, fazem a venda e depois pagam para a companhia, evitando que o empreendedor aumente suas dívidas, como uma tentativa de pagar os fornecedores. Com esse projeto, a empresa busca atingir 80 mil empreendedores.
Dá um Google: Para auxiliar no crescimento de pequenos negócios, o Google busca ajudar a cadastrar 200 mil estabelecimentos no Google Negócios e Google Maps até o final de 2025. Segundo a Abrasel, atualmente cerca de 40% dos estabelecimentos não estão cadastrados nessa ferramenta, que auxilia mais consumidores a encontrarem os estabelecimentos.
Com 100 mil estabelecimentos já cadastrados desde o início da parceria, o Google Negócios fornece dados como telefone e endereço do estabelecimento, além de ser uma das principais ferramentas de busca para as pessoas que procuram por um novo restaurante.
“É uma oportunidade para enriquecer a experiência dos consumidores e auxiliar os estabelecimentos a terem maior autonomia digital”, afirma Leandro Esposito, Diretor de Parcerias para a Busca do Google na América Latina.
Capacitação para o seu negócio: Presente em mais de 200 países, a Coca-Cola traz uma parceria com a Abrasel em seu projeto “Coca-Cola dá um gás”, que busca qualificar jovens para trabalharem em bares e restaurantes, como uma oportunidade para alcançarem seus primeiros empregos. Além de vídeoaulas, os participantes do projeto também podem se inscrever em diversas vagas do setor através do site do projeto, com o objetivo de preencher cinco milhões de vagas até 2030.
Mais informação: A Stone oferece aos empreendedores capacitação financeira, com aulas didáticas e em linguagem simples pensando em seu dia a dia dentro dos estabelecimentos. Além disso, essa capacitação busca levar informações sobre a solução integrada de crédito, simplificando sua gestão e com acesso instantâneo, assim como gestão da folha de pagamento e do ponto de venda, para auxiliar na digitalização dos estabelecimentos.
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