R$ 109 bi foram emprestados para pequenos negócios no 1º trimestre

6,5 milhões de micro e pequenas empresas recorreram a empréstimo, número 6,5% maior que o de igual período do ano passado, segundo o Sebrae

Bruna Galati - DC News
20/Ago/2024
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R$ 109 bi foram emprestados para pequenos negócios no 1º trimestre

Nos três primeiros meses de 2024, cerca de 6,5 milhões de pequenos negócios no Brasil tomaram empréstimos, somando um total de R$ 109 bilhões, segundo levantamento do Sebrae com base em dados do Banco Central (BC). O país conta atualmente com 20 milhões de pequenos negócios, de acordo com dados da instituição. Em comparação, nos três primeiros meses de 2021, cerca de 4,3 milhões de microempreendedores individuais (MEIs), microempresas e empresas de pequeno porte conseguiram empréstimos. Em 2022, esse número subiu para 5,3 milhões e, em 2023, alcançou 6,1 milhões (6,5% a menos do que no ano passado).

Em 2024, a maior parte dos tomadores de crédito foi composta por microempresas, que somaram quase 4,4 milhões de operações, um aumento de mais de 48% em comparação a 2021, quando 2,9 milhões de microempresas buscaram empréstimos. Os microempreendedores individuais (MEIs) vieram em seguida, com 1,4 milhão de operações em 2024, refletindo um crescimento de 81,8% em relação a 2021, quando 770 mil MEIs tomaram crédito. Pequenos negócios também mostraram um aumento, com 699 mil operações de crédito em 2024 – alta de 25,5% sobre 2021 (557 mil).

Entre as modalidades de crédito e financiamentos mais comuns de janeiro a março de 2024, estão compras parceladas em cartões de crédito, cheque especial e capital de giro. Segundo o coordenador de Acesso a Crédito e Investimentos do Sebrae Nacional, Giovanni Beviláqua, o aumento da busca por créditos veio em consequência dos problemas econômicos durante o período da pandemia e, depois disso, para sustentar as atividades e desenvolvimento dos pequenos negócios, que foram afetados naquela época. “Pela dificuldade do período, houve o crescimento do mercado financeiro com o advento de fintechs, a expansão do sistema cooperativo e a maior atuação de bancos e agências regionais de desenvolvimento”, afirmou Beviláqua.

Para o coordenador do curso de Administração no Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, as políticas públicas voltadas para a inclusão financeira também desempenharam um papel importante no aumento da busca por crédito. O programa Desenrola, por exemplo, permitiu que empresários que estavam com o nome sujo recuperassem o acesso ao crédito. “Isso possibilitou que novos pequenos negócios fossem abertos e que empresários já existentes pudessem expandir suas operações”, disse Balistiero.

Cerca de 1,4 milhão de novos pequenos negócios foram abertos no Brasil entre os meses de janeiro e abril de 2024, alta de 9,1% em comparação ao mesmo período de 2023, quando chegaram a 1,3 milhão. Outro fator mencionado por Balistiero foi a atuação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que voltou a agir com foco no financiamento de pequenas empresas. “Essa mudança contribuiu para um aumento no acesso a crédito, essencial para o crescimento e a sustentação de pequenos negócios”, afirmou.

ORGANIZAÇÃO

Giovanni Beviláqua, do Sebrae, destaca, ainda, que é importante os pequenos negócios lembrarem que todo crédito é uma dívida que deve ser paga num determinado período de tempo, portanto, a decisão de tomá-lo deve ser feita de forma planejada. “Não é problema algum ter um crédito bancário, desde que esses recursos sejam bem empregados e em prol do desenvolvimento dos negócios, contribuindo assim para a sustentabilidade e crescimento das empresas”, disse Beviláqua. O Sebrae oferece apoio nesse período com o programa Crédito Consciente.

No restante de 2024, Ricardo Balistiero prevê que as condições de crédito para pequenos negócios continuarão favoráveis nas linhas públicas. No entanto, ele destaca que essa perspectiva positiva não se estende às linhas privadas, que podem enfrentar condições menos vantajosas. Segundo Balistiero, a manutenção da taxa Selic em 10,5%, um patamar ainda elevado, aliada à sinalização do Banco Central sobre a possibilidade de um novo aumento, tende a restringir o crédito privado. “Enquanto as linhas públicas de crédito podem seguir oferecendo boas oportunidades, o crédito privado pode ser mais limitado, afetando a disponibilidade e as condições de financiamento oferecidas pelas instituições financeiras privadas aos pequenos negócios”.

Para pequenas empresas se prepararem melhor para tomar crédito, Balistiero levantou alguns pontos:

– Busque assessoria: É recomendável contar com a orientação de um especialista financeiro, seja um consultor externo ou um membro experiente da própria equipe. Essa assessoria ajudará a encontrar as melhores linhas de crédito e a definir as condições mais vantajosas.

– Defina o propósito do empréstimo: Antes de tomar um crédito, é crucial ter clareza sobre o objetivo do financiamento. Pergunte-se se o dinheiro será utilizado para pagar folha de pagamento, adquirir novos equipamentos, alugar espaço adicional ou modernizar a empresa. Um plano bem definido ajuda a garantir que o crédito será utilizado de forma eficiente e com um retorno esperado.

– Avalie a sustentabilidade do negócio: Certifique-se de que o empréstimo não se tornará um fardo financeiro. O financiamento deve contribuir para o crescimento da empresa, e não apenas aumentar a dívida sem perspectiva de retorno. Tenha um plano de negócios sólido e uma projeção financeira que mostre como o crédito ajudará a alcançar os objetivos desejados.

– Minimize os riscos: Embora todo negócio envolva riscos, é possível minimizá-los com um planejamento cuidadoso. A assessoria financeira pode ajudar a avaliar a viabilidade do empréstimo e a garantir que o financiamento esteja alinhado com a capacidade de pagamento da empresa.

 

IMAGEM: Freepik

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