Quem é o engenheiro brasileiro à frente dos mapas do Google

Há duas décadas trabalhando na sede da gigante das buscas, Luiz Barroso envolve-se com inovações do Google Earth, como o "Eu sou Amazônia", que traz 11 histórias sobre a região

Estadão Conteúdo
16/Jul/2017
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Quem é o engenheiro brasileiro à frente dos mapas do Google

Se quiser encontrar Luiz Barroso num final de semana pela manhã, não tente achá-lo na sede do Google, em Mountain View, nos Estados Unidos, onde ele trabalha há 16 anos.

É mais provável que o brasileiro tenha acordado bem cedo e esteja em silêncio em algum lugar no quintal de sua casa, observando os pássaros. Fotografar aves e outros animais virou sua grande paixão nos últimos anos.

"Muita gente prefere o mundo virtual hoje", conta Barroso, em entrevista no escritório do Google, em São Paulo, durante uma rápida visita ao Brasil. "Eu gosto do mundo de verdade."

Foi a vontade de explorar o mundo que levou Barroso a se mudar para os Estados Unidos há mais de 20 anos, uma decisão que, em 2001, o levou a se tornar engenheiro de software do Google.

Ele foi o primeiro brasileiro contratado pelo gigante das buscas. Nos últimos dois anos, depois de alçar uma das principais posições técnicas na empresa, Barroso assumiu um novo desafio: liderar os esforços da empresa norte-americana em mapas, tomando a frente da equipe de mais de 800 pessoas que cuida da busca local e das plataformas Google Maps e Earth.

O período, diz ele, tem sido de intenso aprendizado. "O mundo real é mais complicado que o virtual", afirma Barroso.

"Eu fiz doutorado em uma universidade nos EUA e acabei ficando lá para trabalhar na Digital Equipment (DEC), uma empresa que foi comprada pela Compaq e depois pela HP. Eu projetava microprocessadores. Em 2001, dois colegas tinham ido para o Google. Eles ficavam dizendo que eu tinha de ir também, mas eu me perguntava o que ia fazer numa empresa de software. Eu estava longe de ser um engenheiro de software", afirma.

HISTÓRIAS DA AMAZÔNIA

Muita gente já usou o Google Earth, serviço de exploração de imagens em 3D do mundo, para explorar os lugares que gostaria de visitar antes de uma viagem ou até mesmo para ver, do alto, por onde passa todos os dias.

Nos últimos meses, porém, o serviço ganhou um novo recurso chamado "Viajante", que quer fazer as pessoas conhecerem não só os lugares, mas também as pessoas que são importantes naquela região.

Nesta semana, as primeiras histórias de brasileiros passaram a integrar a plataforma.

PROJETO AMAZÔNIA NARRA HISTÓRIA DAS TRIBOS INDÍGENAS

O projeto, chamado "Eu sou Amazônia", traz 11 histórias sobre a região amazônica, produzidas por cineastas brasileiros, entre eles o diretor Fernando Meirelles, que está por trás de filmes de sucesso como Cidade de Deus e Ensaio Sobre a Cegueira.

Por meio do projeto, os usuários podem assistir histórias sobre o cotidiano dos quilombolas - comunidades que descendem dos escravos negros que moravam em quilombos - e de diversas tribos indígenas que habitam a região.

LEIA MAIS: Descubra tudo o que o Google sabe sobre você

Há vídeos, por exemplo, em que os caciques explicam a luta das tribos para proteger os territórios demarcados contra o desmatamento. Depois de ver os minidocumentários, o internauta pode explorar diversas informações nos mapas do Google, que mostram dados como a evolução do desmatamento na Floresta Amazônica.

No vídeo "Eu sou Resistência", os índios da tribo Tembé contam como defendem seu território e as dificuldades que têm enfrentado nos últimos 40 anos. O documentário mostra como eles estão usando novas tecnologias, como os smartphones, para documentar informações sobre invasões e informar as autoridades.

"Os mapas são mais importantes do que eu jamais havia imaginado", diz Luiz Barroso, vice-presidente de plataformas de geolocalização do Google. "Dá para ver a diferença que faz para essas comunidades a possibilidade de se colocar no mapa e contar suas histórias."

O projeto também tenta aumentar a consciência ambiental no Brasil - e no mundo - sobre a importância da Floresta Amazônica. No vídeo "Eu sou Água", as pessoas podem entender como se formam os "rios de ar", que levam a água dos rios da Floresta Amazônica por milhares de quilômetros para formar as chuvas nas regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil.

"O Google Maps é uma ferramenta para se achar", disse Rebecca Moore, diretora de engenharia do Google Earth, durante o evento de lançamento do projeto. "O Earth é uma ferramenta para se perder."

Além dos conteúdos sobre a Amazônia, é possível assistir a documentários produzidos pela BBC em ilhas de todo o mundo, conhecer como um grupo na Tanzânia está protegendo os chimpanzés no Parque Nacional do Gombe. A quantidade de conteúdos, porém, ainda é limitada e, no futuro, deve depender dos próprios usuários para ganhar escala.

Segundo Barroso, as experiências, hoje, são todas produzidas por parceiros do Google. Em breve, a plataforma vai ganhar recursos para qualquer usuário criar suas próprias experiências no Google Earth, como numa rede social aberta.

Será possível, a partir do aplicativo do serviço - hoje só disponível no Android -, montar um diário com base em uma viagem de férias ou montar um roteiro com dicas sobre a vida do seu escritor favorito.

"Em 2001, o Eric Schmidt (ex-presidente executivo do Google) me dizia que o Google iria se sair muito bem, que a empresa faturaria muito dinheiro. Eu não acreditava em nada disso (risos). O Google era o quinto buscador, não havia um modelo de negócio viável ainda. Eu achava que ia trabalhar uns dois anos na empresa e ela poderia falir. Já estou lá há quase 16 anos, os dois últimos liderando a área de geolocalização."

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