Quais são as múltis brasileiras que mais avançaram no exterior

A Fitesa, da área de higiene e saúde e a iGui Piscinas, fundada por Filipe Sisson (foto), encabeçam o ranking 2015 da Fundação Dom Cabral, que aponta avanço de 7% na internacionalização

Karina Lignelli
09/Set/2015
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Quais são as múltis brasileiras que mais avançaram no exterior

Com índice de internacionalização de 19,7%, a iGUi Piscinas, empresa com sede em Cedral (SP), conquistou a primeira posição no “Ranking FDC (Fundação Dom Cabral) de Franquias Brasileiras 2015”.

De acordo com o levantamento, a empresa, fundada em Gravataí (RS) há mais de 20 anos, ficou no topo da lista por estar presente no maior número de países (23), espalhados por América Latina e Caribe, EUA, sul da Europa e Países Árabes, e por exibir o maior índice de unidades franqueadas fora do país (30,8%). 

Um caso típico de indústria - fabricante de piscinas de fibra de vidro - que migrou para o varejo através do franchising, a rede conta com 160 lojas e 6 fábricas franqueadas no exterior.

A empresa também produz e revende filtros, acessórios e outros componentes para limpeza e higienização de piscinas através de microfranquias. 

Segundo Filipe Sisson, CEO e fundador da iGUi, o aumento do indicador de internacionalização, que representa 15% dos negócios da companhia é resultado de “paciência e perseverança”,  uma boa dose de conhecimento das próprias condições e do respeito aos parceiros locais.

LOCALIZA: FOCO NA AMÉRICA DO SUL

“Por isso nosso objetivo para 2015 é crescer pelo menos 10% no exterior, tanto em receita como em unidades franqueadas”, diz. A recessão econômica no país também deve fortalecer essa expansão.

“É uma janela para diminuir dificuldades. Quando internamente os negócios sofrem, qualquer resultado vindo do exterior pode contribuir para a melhora do todo”, afirma.

A mineira Localiza (10,9%), de locação de veículos,  passou a ocupar a segunda posição no ranking, seguida pela catarinense Dudalina (6,8%), de confecções. Cristiano Bastos, gerente de franchising internacional da Localiza, diz que a empresa conta atualmente com 64 agências em 8 países da América do Sul.

De acordo com Bastos, a Localiza pretende manter a estratégia focada na região, para acompanhar de perto o desenvolvimento dos franqueados. “A expectativa é de crescer 25% em volume e receitas neste ano.”

O levantamento da FDC, que consultou 14 empresas que atuam no exterior via franchising, avalia as redes nacionais mais internacionalizadas, com base em dados sobre unidades franqueadas, receita de royalties e taxas e receitas de venda de produtos franqueados no exterior em relação ao desempenho total.

RANKING GERAL 

No levantamento geral da FDC, a Fitesa, companhia com origem em Gravataí (RS) e pertencente ao Grupo Évora, conquistou a primeira posição no “Ranking FDC (Fundação Dom Cabral) de Multinacionais Brasileiras 2015.” 

Atrás apenas da gigante PGI na indústria de não-tecidos (fibras à base de polipropileno) para fabricação de produtos descartáveis médicos e higiênicos, a segunda colocada global no segmento, que faturou em torno de US$ 750 milhões em 2014, alcançou índice de internacionalização de 72%, de acordo com o levantamento da escola de negócios.  

Com plantas espalhadas pelo Peru, México, EUA (3), Suécia, Alemanha, Itália e uma na China –que favorecem a distribuição para todos os continentes-, a Fitesa iniciou em abril a construção de uma planta em Cosmópolis, a 140 km da capital paulista. O início da operação está previsto para março de 2016. 

Essa expansão, que consumirá cerca de US$ 75 milhões, tem uma direção estratégica, de acordo com Sandro Nogueira, diretor global de finanças.

Como a planta de Gravataí não comporta mais nenhuma ampliação, a cidade paulista foi escolhida pela facilidade de acesso aos clientes e ao principal fornecedor de matéria prima da empresa, a Braskem, que fica em Paulínia. 

“Essa composição vai gerar um ganho logístico que fará a companhia manter a proporção de crescimento no mercado externo na casa dos dois dígitos”, afirma. Hoje, o mercado externo representa 23% dos negócios da empresa gaúcha.    

Em seguida, desponta a construtora Norberto Odebrecht. Mesmo na 24ª posição no ranking geral e investigada pela Operação Lava-Jato, a companhia ficou em segundo lugar em internacionalização graças às 37 subsidiárias internacionais.

A terceira posição na lista da Dom Cabral é ocupada pela InterCement, cujo crescimento está atrelado à entrada em novos mercados , como a África do Sul. 

Segundo Sherban Leonardo Cretoiu, professor e pesquisador do Núcleo de Estratégia e Negócios Internacionais da FDC, o processo de internacionalização das empresas brasileiras deverá se intensificar em meio à recessão.

“Os Estados Unidos já eram um mercado interessante mesmo na crise, e a China deve continuar atraindo mais empresas brasileiras, assim como outros mercados. A busca por tecnologia, novos processos de gestão e competitividade também estão entre as razões que levam multinacionais e franquias brasileiras para o exterior”, afirma Cretoiu. 

O estudo da FDC, que está em sua 10ª edição, traçou este ano um panorama do processo de internacionalização de 48 multinacionais brasileiras, desempenho no exterior e tendências de expansão.

Também apontou crescimento geral de quase 7% nesse processo ante a edição anterior – de 22,9% em 2013, para 24,5% em 2014. 

CRISE E ADAPTAÇÃO

Outros dados do estudo da Fundação Dom Cabral mostram que hoje há empresas brasileiras com operação em 100 países, em todos os continentes. Desse total, 82,2% estão na América do Sul, seguida pela América do Norte (69,3%) e Central (64,5%). 

E a crise no Brasil tem favorecido os negócios no exterior, como já disse o professor Cretoiu: 58,7% das empresas analisadas planejam expandir a atuação no mercado externo em 2015 onde já atuam. 

FITESA: PLANTAS EM OITO PAÍSES/FOTO: ACERVO INSTITUTO LING

Do total, 32,6% pretendem manter operações estáveis esse ano, e só 2,2% planejam reduzir as operações.  O pesquisador da FDC afirma que os dados reforçam o movimento crescente de internacionalização, que começou em 2008.

Na ocasião, muitas empresas se prepararam para ir para o mercado externo e, com isso, reduziram o “time to market”, ou seja, o tempo de implantação e adaptação ao novo mercado. 

“(Faz sentido) Especialmente em um ano que o mercado estrangeiro aponta para recuperação da crise mundial, e o mercado doméstico apresenta desafios econômicos que restringem o desempenho das empresas”, conclui.  

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