Produtos industrializados perdem espaço nas exportações
A crise cambial na Argentina, o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, prejudicou as exportações de veículos
Mesmo com a recuperação significativa das exportações nos últimos anos, os produtos industrializados continuam a perder participação nas vendas externas brasileiras.
Segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), a fatia dos manufaturados nas exportações caiu de 36% nos nove primeiros meses de 2017 para 35,2% no mesmo período deste ano.
Em valores absolutos, a venda de bens industrializados acumula alta de 6,8% nos nove primeiros meses do ano na comparação com os mesmos meses de 2017, totalizando US$ 63,244 bilhões.
Este é o maior valor para o período desde 2013. As vendas de produtos básicos, no entanto, têm apresentado melhor desempenho neste ano, reduzindo o peso dos manufaturados na balança comercial.
Beneficiadas pela alta da cotação internacional do petróleo e da soja, as exportações de produtos básicos saltaram 15,7% nos nove primeiros meses do ano.
A participação dos bens primários nas exportações totais subiu de 47,6% de janeiro a setembro do ano passado para 50,4% nos mesmos meses de 2018.
As exportações de manufaturados têm sido beneficiadas pela alta do dólar, que subiu 21,9% de janeiro a setembro.
O câmbio torna mais competitivas as vendas de produtos industrializados, enquanto as exportações de commodities (bens primários) dependem mais das cotações internacionais de minérios e de produtos agropecuários.
Segundo o MDIC, o bom desempenho das exportações de manufaturados em 2018 concentra-se em cinco produtos. A maior alta, de 353%, foi registrada nas vendas de plataformas para extração de petróleo na comparação entre os nove primeiros meses de 2018 e os mesmos meses do ano passado.
Em seguida, vêm partes de motores e turbinas para aeronaves (101,2%), óleos combustíveis (70,2%), motores para veículos e partes (24,7%) e máquinas para terraplanagem (22,9%).
As vendas externas de produtos industrializados poderiam registrar desempenho melhor não fosse a situação nos países vizinhos.
A crise cambial na Argentina, o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, prejudicou as exportações de veículos.
De janeiro a setembro, o valor das vendas de automóveis de passageiros caiu 13,8%. As exportações de veículos de carga recuaram 14,2%. A Argentina é um dos principais compradores de veículos brasileiros.