Produção de veículos tem queda de 11,2% em 2016
Redução do ritmo da fábricas acompanhou a recessão, afirma Anfavea. Apesar do recuo nas vendas, GM desbanca Fiat, no topo por 11 anos consecutivos, e volta a liderar mercado

A produção de veículos registrou queda de 11,2% em 2016 em comparação com 2017, segundo o balanço divulgado hoje (05/12) pela Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
De janeiro a dezembro, foram montadas 2,16 milhões de unidades, contra 2,43 milhões no mesmo período de 2015.
A redução do ritmo nas fábricas acompanhou a retração do mercado, que registrou no acumulado do ano passado queda de 20,2% nas vendas.
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Quanto ao estoque total de veículos nos pátios das concessionárias e das montadoras caiu de 206,3 mil unidades em novembro do ano passado para 176,2 mil no fim de dezembro - o menor volume em estoques desde setembro de 2009, segundo a Anfavea.
Com a queda, o nível atual de unidades encalhadas é suficiente para 26 dias de vendas, considerando o ritmo de vendas em dezembro, o menor giro desde dezembro de 2012.
Em novembro, os estoques davam para 30 dias, considerando o ritmo de dezembro. O setor considera ideal um estoque equivalente a 30 dias de vendas.
CARROS DE PASSAGEIROS TÊM RECUO
Ao longo de 2016, foram licenciados 2,05 milhões de veículos, enquanto em 2015 foram comercializadas 2,57 milhões de unidades, informou a Anfavea.
Em dezembro, a queda nos licenciamentos ficou em 10,3% em relação ao mesmo mês de 2015, com a venda 204,3 mil veículos.
O resultado é, no entanto, 14,7% superior ao de novembro de 2016, quando foram comercializadas 178,2 mil unidades.
As vendas de carros de passageiros tiveram no ano queda de 16,7% em relação a 2015, com o licenciamento de 1,48 milhão de unidades.
Os caminhões tiveram retração de 30,6% na comercialização, com o emplacamento 48,7 mil unidades ao longo do ano passado.
Já as indústrias fecharam o ano com 9,29 mil vagas a menos do que em dezembro de 2015.
No final do ano passado, as montadoras empregavam 121,2 mil pessoas, uma redução de 7,1% em comparação com os 130,5 registrados no último mês de 2015.
PREVISÃO DE CRESCIMENTO EM 2017
As vendas de veículos novos devem ter crescimento de 4% em 2017 ante 2016, previu a Anfavea) após divulgação de números de 2016.
Essa seria a primeira expansão do setor após quatro anos seguidos de queda. A projeção é mais otimista que a da Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), que estima avanço de 2,4%.
As variações previstas pela Anfavea significam que a entidade começou o ano mais pessimista do que terminou o ano passado.
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Em outubro, o presidente da Anfavea, Antonio Megale, havia dito que esperava para 2017 um crescimento de um dígito "parrudo", ou seja, entre 5% e 9%.
Porém, ele explicou nesta quinta-feira que o maior pessimismo de agora se deve a uma expectativa de menor crescimento do PIB para 2017 e à instabilidade do ambiente político.
"Não esperamos a recuperação para os primeiros meses de 2017, isso deve acontecer mais para frente pois o desemprego ainda é preocupante, os números de desemprego ainda crescem", afirmou.
Para Megale, a recuperação só deve ocorrer quando os investimentos e a confiança voltarem.
GM É LÍDER EM VENDAS
Depois de 11 anos de reinado da Fiat como líder nas vendas de veículos leves no Brasil, o posto foi retomado em 2016 pela GM, que ocupou a liderança pela última vez em 2004, cedendo o espaço a partir de 2005 para a própria Fiat.
Ambas amargaram quedas de mercado em 2016, assim como todo o setor, mas a GM teve recuo menor, o que permitiu a reconquista do primeiro lugar.
As vendas da GM somaram 345,8 mil automóveis e comerciais leves em 2016, ou 17,4% do total do mercado, segundo números preliminares apurados pelo Estadão Conteúdo?.
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O volume da montadora representa retração de 11% em comparação com o resultado do ano anterior. A Fiat, por sua vez, teve baixa de 31%, para 305 mil unidades, com 15,3% de participação no todo.
Das principais montadoras em atuação no Brasil, apenas a japonesa Toyota conseguiu elevar as vendas de automóveis e comerciais leves no ano passado.
O salto foi de 3%, para 180,4 mil unidades. Com isso, a participação de mercado da empresa avançou de 7,1% para 9,1%.
Imagem: Agência Brasil/EBC / *Com informações da Agência Brasil e Estadão Conteúdo