Possível agravamento da crise
Estudo da OCDE alerta muitos países sobre equívocos em suas legislações relativas ao emprego, fruto de uma avalanche de leis que estimulam o uso da eletrônica moderna em substituição à mão de obra
A falta de emprego é um problema mundial grave e preocupante –especialmente no caso dos postos mais protegidos e bem remunerados.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), uma das entidades mais importantes para a economia mundial, alertou muitos países sobre equívocos em suas legislações relativas ao emprego, fruto de uma avalanche de leis que estimulam o uso da eletrônica moderna em substituição à mão de obra, reservando as novas oportunidades aos serviços de remuneração inferior.
Em um dos pontos abordados pelo mais recente estudo, referente à Espanha, a entidade alerta para os altos custos nos processos de demissão, provocando, em contrapartida, muita cautela para novas contratações.
Em outra análise, a instituição já havia sinalizado para a demasiada frequência de greves na União Europeia.
Hoje, a recuperação da economia na Europa e em países latino-americanos nem sempre corresponde à retomada do emprego, o que alimenta a opção de grandes multinacionais para se fixarem na Ásia. E não apenas na China, mas também em países em franco crescimento, como Malásia, Tailândia e Vietnã.
O Brasil acaba de sofrer as consequências do movimento dos caminhoneiros, cujos reflexos ainda se fazem sentir numa economia frágil.
Além dos prejuízos registrados, agravou o sentimento de que o ambiente para negócios no Brasil não é dos mais favoráveis. E ainda temos candidatos prometendo revisar a excelente reforma trabalhista.
Prometer o que não pode ou não deve fazer é desafiar a capacidade do eleitor. O que ocorre na Venezuela, tão apoiada pelos nossos políticos de esquerda, é o resultado deste tipo de política, em que a maior vítima é o povo.
A infeliz opção do México pelo bolivarianismo abriria grandes oportunidades para o Brasil, se tivéssemos uma política de atração de investimentos. Aliás, é o que o Marrocos vem fazendo ao atrair empresas portuguesas e espanholas hostilizadas por sindicatos radicais.
Temos de reverter essa realidade, diante de uma crise de confiança internacional em relação ao futuro de nosso país. A saída de capitais do mercado financeiro é um fato. Não há democracia que resista ao descontentamento popular.
As classes médias já estão decepcionadas e indignadas com as manobras diárias em favor da impunidade de malfeitos evidentes, comprovados, julgados e avaliados em duas instâncias do Judiciário.
Uma elite de intelectuais e políticos parece indiferente a este quadro.
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