Perspectiva de novo aumento da Selic surpreende o mercado
O Copom elevou a taxa em 0,5 ponto na quarta-feira (15), levando os juros básicos a 13,25% ao ano, e deixou a porta aberta para novas altas
*com informações da Agência Brasil
O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic em 0,5 ponto na quarta-feira, 15/06, fazendo os juros básicos da economia avançarem de 12,75% para 13,25% ao ano. A alta era esperada pelos analistas financeiros. Já o anúncio do Comitê de que pretende continuar a elevar a taxa surpreendeu o mercado.
A expectativa dos analistas era de que a Selic terminasse o ano no patamar atual, de 13,25%. Para Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito (Acrefi), a decisão de seguir com as altas reforça que os riscos de inflação e internacionais ainda são elevados.
“Tendo esses riscos em vista, o Copom vai persistir nos ajustes monetários, não somente para tentar trazer a inflação de volta à meta, mas também para ter controle maior sobre as expectativas”, disse Tingas.
Segundo o economista da Acrefi, a vantagem por aqui é que estamos mais adiantados na precificação de juros que outras economias. “Isso, se bem administrado, pode ajudar o mercado a absorver esse ajuste que, embora seja expressivo, tenta ser o menos negativo para a atividade econômica.”
Vale lembrar que o Fed, o banco central dos Estados Unidos, começou bem mais recentemente a ter uma postura mais ativa em relação ao controle da inflação. Por lá os juros foram elevados em 0,75%, taxa de elevação que não se via fazia anos.
No Brasil, o aumento de 0,5 ponto levou a Selic ao maior nível desde janeiro de 2017, quando estava em 13,75% ao ano. Esse foi o 11º reajuste consecutivo na taxa.
SETOR EMPRESARIAL CRITICA ALTA
Para a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), as altas seguidas dos juros têm prejudicado o consumo por encarecerem as compras parceladas. Segundo a associação, “os consumidores já sentem muito no bolso no momento em que vão às compras, uma vez que itens com valores mais elevados, como linha branca, eletrônicos e móveis, estão cada vez menos acessíveis para uma grande parcela da população.”
“Subir os juros a cada anúncio do Banco Central não é a solução do problema”, disse Marcel Solimeo, economista da ACSP. “A gente precisa aguardar um tempo para saber como a inflação vai se comportar com essa taxa de juros já elevada”, disse.
Ainda segundo Solimeo, a Selic elevada piora as condições do crédito e diminui a disponibilidade de financiamento no mercado. Isso, somado ao desemprego elevado e a queda no poder aquisitivo das famílias. “Fica difícil adquirir produtos como geladeira, fogão, máquina de lavar, TVs, computadores, celulares, carros e imóveis, por exemplo”.
Para entidades da indústria, a decisão de elevar a taxa de juros foi equivocada e prejudicará a recuperação da economia.
Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou que a taxa Selic está em um nível que inibe a atividade econômica. Para a entidade, os aumentos realizados neste ano se refletem em uma taxa real (juros menos a inflação) elevada, em um momento em que a inflação começa a desacelerar.
“Este aumento adicional da taxa de juros no momento é desnecessário para o controle da inflação e trará custos adicionais à economia, como queda do consumo, da produção e do emprego”, afirmou em nota o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
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