Perspectiva de novo aumento da Selic surpreende o mercado

O Copom elevou a taxa em 0,5 ponto na quarta-feira (15), levando os juros básicos a 13,25% ao ano, e deixou a porta aberta para novas altas

Redação DC
16/Jun/2022
  • btn-whatsapp

*com informações da Agência Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic em 0,5 ponto na quarta-feira, 15/06, fazendo os juros básicos da economia avançarem de 12,75% para 13,25% ao ano. A alta era esperada pelos analistas financeiros. Já o anúncio do Comitê de que pretende continuar a elevar a taxa surpreendeu o mercado.

A expectativa dos analistas era de que a Selic terminasse o ano no patamar atual, de 13,25%. Para Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito (Acrefi), a decisão de seguir com as altas reforça que os riscos de inflação e internacionais ainda são elevados.

“Tendo esses riscos em vista, o Copom vai persistir nos ajustes monetários, não somente para tentar trazer a inflação de volta à meta, mas também para ter controle maior sobre as expectativas”, disse Tingas.

Segundo o economista da Acrefi, a vantagem por aqui é que estamos mais adiantados na precificação de juros que outras economias. “Isso, se bem administrado, pode ajudar o mercado a absorver esse ajuste que, embora seja expressivo, tenta ser o menos negativo para a atividade econômica.”  

Vale lembrar que o Fed, o banco central dos Estados Unidos, começou bem mais recentemente a ter uma postura mais ativa em relação ao controle da inflação. Por lá os juros foram elevados em 0,75%, taxa de elevação que não se via fazia anos.  

No Brasil, o aumento de 0,5 ponto levou a Selic ao maior nível desde janeiro de 2017, quando estava em 13,75% ao ano. Esse foi o 11º reajuste consecutivo na taxa.

SETOR EMPRESARIAL CRITICA ALTA

Para a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), as altas seguidas dos juros têm prejudicado o consumo por encarecerem as compras parceladas. Segundo a associação, “os consumidores já sentem muito no bolso no momento em que vão às compras, uma vez que itens com valores mais elevados, como linha branca, eletrônicos e móveis, estão cada vez menos acessíveis para uma grande parcela da população.”

“Subir os juros a cada anúncio do Banco Central não é a solução do problema”, disse Marcel Solimeo, economista da ACSP. “A gente precisa aguardar um tempo para saber como a inflação vai se comportar com essa taxa de juros já elevada”, disse.

Ainda segundo Solimeo, a Selic elevada piora as condições do crédito e diminui a disponibilidade de financiamento no mercado. Isso, somado ao desemprego elevado e a queda no poder aquisitivo das famílias. “Fica difícil adquirir produtos como geladeira, fogão, máquina de lavar, TVs, computadores, celulares, carros e imóveis, por exemplo”.

Para entidades da indústria, a decisão de elevar a taxa de juros foi equivocada e prejudicará a recuperação da economia.

Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou que a taxa Selic está em um nível que inibe a atividade econômica. Para a entidade, os aumentos realizados neste ano se refletem em uma taxa real (juros menos a inflação) elevada, em um momento em que a inflação começa a desacelerar.

“Este aumento adicional da taxa de juros no momento é desnecessário para o controle da inflação e trará custos adicionais à economia, como queda do consumo, da produção e do emprego”, afirmou em nota o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

 

IMAGEM: Freepik

O Diário do Comércio permite a cópia e republicação deste conteúdo acompanhado do link original desta página.
Para mais detalhes, nosso contato é [email protected] .

Store in Store

Carga Pesada

Vídeos

Conversamos com Thaís Carballal, da Mooui, às vésperas da abertura de sua primeira loja física

Conversamos com Thaís Carballal, da Mooui, às vésperas da abertura de sua primeira loja física

Entenda a importância de planejar a sucessão na empresa

Especialistas projetam cenários para o pós-eleições municipais