Perdas levam para o lixo, em média, 8% das receitas do varejo alimentar

Sondagem do Sincovaga com 100 empresas na capital paulista revela que entre as causas estão furtos, exposição inadequada e erros de gestão de estoques

Fátima Fernandes
24/Mai/2024
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Perdas levam para o lixo, em média, 8% das receitas do varejo alimentar

Levantamento do Sincovaga-SP com 100 empresas do varejo de alimentos de São Paulo mostra que as perdas das lojas representam, em média, 8% do faturamento.

Nos supermercados, o percentual é de 6,6% e, nos mercadinhos, de 8,8%, em média.

Para 76% dos consultados, as perdas chegam a até 10% da receita. Para 24%, superam 10% e, para 3%, participam com mais 30% sobre as vendas.

Entre as causas estão furtos, produtos danificados por clientes, erros de armazenamento, estoque excessivo e exposição inadequada de mercadorias.

Para 65% dos supermercados, a seção com mais perdas é a de frutas, legumes e verduras (FLV), e, para 32%, a de carnes e mercearia.

Para 55% dos mercadinhos, a maior perda já é registrada no setor de mercearia. Para 38%, no de FLV e, para 21%, na seção de padaria e confeitaria.

Nos supermercados, os motivos mais mencionados são produtos danificados ou fora da validade, com 59% das respostas. 

Erros na gestão do estoque vêm em segundo lugar (24% das respostas), seguidos por produtos estragados por clientes (22%), furtos (19%) e armazenamento (16%).

Nos mercadinhos, produtos avariados ou fora da validade foram os mais citados (68%). Outros motivos são furtos (29%) e erros na gestão do estoque (11%).

Entre todas as empresas consultadas, 60% informaram que as perdas se mantiveram estáveis em relação ao ano passado. Para 24% delas, aumentaram.

PESO NOS PREÇOS

O levantamento sugere, de acordo com o Sincovaga, que a alta de preços no varejo alimentar não é culpa apenas da inflação e de fatores climáticos.

Por diversos motivos, as perdas têm participação importante sobre os preços.

“Reduzir as perdas, portanto, deve ser uma meta de donos, chefes e colaboradores”, diz Fábio Pina, assessor econômico do Sincovaga e responsável pelo levantamento.

Numa conta simples, diz, se uma empresa reduz pela metade uma perda de 8%, consegue triplicar o lucro, que é, em média, da ordem de 2% sobre a receita líquida.

Pina diz que os empresários têm consciência das perdas, mas muitos deles, especialmente os pequenos e médios, não têm a dimensão no resultado do negócio.

“As empresas precisam saber o tamanho e o impacto das perdas para investir em treinamento e em campanhas de conscientização dos colaboradores”, afirma.

Se as áreas campeãs de perdas são FLV, padaria e confeitaria e mercearia, nas quais estão concentrados os produtos perecíveis, diz, é preciso entender o processo de oferta e demanda e aprimorar a cadeia logística.

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Nos supermercados, as perdas são menores, geralmente, diz Pina, porque trabalham mais com produtos não perecíveis e de maior valor, como vinhos, pilhas, lâminas de barbear, que possuem algum dispositivo contra furtos, por exemplo.

“O cuidado com o estoque e o acompanhamento do consumo diário de FLV ajudam a diminuir as perdas, mas é preciso racionalizar para evitar que ela seja tão alta quanto os índices apontam”, afirma Álvaro Furtado, presidente do Sincovaga-SP, sindicato que representa cerca de 40 mil empresas.

A perda decorrente de estrago ou de outro meio qualquer, diz ele, é significativa e exige uma política interna de contenção e de mitigação do processo.

Para Furtado, uma tendência para diminuir as perdas no varejo de alimentos são as parcerias com a indústria, o que foi indicado por 42% das empresas entrevistadas.

Dentre os supermercados consultados, 95% afirmaram serem efetivas as parcerias para o ressarcimento de perdas e evitar as quebras operacionais.

Já para os mercadinhos, esse índice é de 81%, o que reforça a importância dessa atuação conjunta, de acordo com Furtado.

Para combater as perdas, o gerenciamento eficiente do estoque foi indicado por 75% das empresas, independentemente do porte do estabelecimento.

Outras providências citadas foram: aumentar treinamento de equipes, investir em equipamentos de segurança e vigilância, realizar inventários físicos periódicos, contratar equipes especializadas em prevenção de perdas e criar indicadores e cadastro corretos de produtos.

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IMAGEM: Freepik/gerada por IA

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