País sem planejamento

"O inferno na Terra se chama São Paulo, mas tem filiais em todo o país"

Paulo Saab
06/Abr/2015
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Como bom paulistano, mostro meu orgulho e defendo São Paulo mesmo quando temos em seu comando postes como já tivemos Celso Pitta e agora Fernando Haddad. 

Como bom paulistano, vivo jurando que vou mudar de cidade, esgotado pelo trânsito caótico, falta de cuidado e civilidade da própria população, absoluto descaso e corrupção desmedida entre as autoridades, mas vou ficando, porque ainda é em São Paulo que as coisas acontecem.

Ainda que falte água e energia elétrica, e que a maioria dos serviços públicos seja desalentadora.

Em função das chuvas do último verão, centenas de árvores caíram na capital paulista. Houve mortes em decorrência disso.

Pois bem, há mais de um ano o condomínio onde moro pediu à Subprefeitura de Santo Amaro, um exemplo de incompetência e gigantismo burocrático, licença para tirar uma árvore cujas raízes levantaram a calçada, ameaçando a segurança dos pedestres e do muro lateral do prédio que pode cair.

Assim como a própria árvore, não se sabe. Nada. Nada acontece. Até cair, haver danos, e as autoridades, sejam de qual escalão, esgoelarem na mídia que vão apurar com rigor, doa a quem doer ou outras bobagens do tipo.

Estou mencionando ao acaso alguns casos. Sei que há muito pior e gente em condição de sofrimento elevado por falta de transportes, segurança, esgoto, água, escolas, tudo que uma cidade digna deveria proporcionar aos seus moradores, ainda que estes também pouco ajudem.

É outra conversa, pois faz parte da cultura brasileira da falta de educação, do jeitinho, de levar vantagem, ainda predominantes. Até porque o exemplo vem de cima. O lulo-dilmo-petismo é uma praga na difusão de falsos valores, falta de educação, de educação e princípios.

Embora isso venha de longe. Eles aperfeiçoaram, elevando ao limite do intolerável.

Descubro cada vez mais que se trata - o caos urbano - de um fenômeno nacional. Quanto mais viajo para outras capitais - e falo de capitais - mais constato que a situação paulistana é proporcional ao seu gigantismo, porque em outras cidades, na medida da grandeza de cada uma, o descalabro é semelhante, com uma margem de erro de dois para mais ou dois para menos, para repetir o jargão –chato- das pesquisas.

Passei o período de Páscoa numa capital do nordeste. Por questões profissionais, sempre estou indo para ali ou para lá, dentro do imenso Brasil, terra abençoada pelos deuses e detonada pelos seus governantes, políticos, maus empresários, maus líderes trabalhadores, e pela ingenuidade ignorante de sua massa.

Como não vivo nestas cidades, não tenho informações suficientes que ultrapassem os limites das observações que qualquer um medianamente formado e informado pode constatar a olhos nus.

O Brasil é um amontoado de interesses regionais agregados numa federação fajuta, governado por interesses mesquinhos que usam seu povo, manso em sua ignorância, como massa de manobra de seus interesses de dominação, poder e exploração do tesouro público e riquezas naturais.

Tudo em nome do social. Para todos, ou o que a imaginação fantasiosa dos milionários marqueteiros que vivem das tetas do poder, possa criar.

Para não me alongar, sempre faltou ao Brasil algo simples como planejamento. Na era PT isso foi descartado na sua forma mínima, em nome do projeto de manutenção do poder que usa do casuísmo para isso.

Aqui encontro meu consolo, sem perder minha indignação, do porquê o inferno na Terra se chama São Paulo, mas tem filiais em todo o país.

Somos todos amestrados...

Mas podemos provar que ainda há dignidade na população brasileira. Dia 12 próximo, vamos voltar às ruas de amarelo só para mostrar que até podemos ser idiotas, mas não gostamos de ser tratados como tal.

 

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