Pais e cônjuges são os mais abordados para empréstimo de nome

Pesquisa da CNDL diz que 36% dos consumidores fizeram compras utilizando o nome de terceiros nos últimos 12 meses. Quase metade das pessoas que pediram o nome emprestado para fazer compras não emprestaria o seu próprio nome a terceiros

Redação DC
08/Out/2019
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Pais e cônjuges são os mais abordados para empréstimo de nome

Negar ajuda a um parente ou amigo que passa por dificuldades financeiras é uma situação que pode gerar constrangimentos. E no caso de atraso no pagamento da dívida, quem pede o nome emprestado também pode causar transtornos nas finanças de quem empresta, atrapalhando inclusive a relação de amizade entre as duas partes.

Um levantamento feito em todas as capitais do país pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostra que 36% dos consumidores brasileiros fizeram compras utilizando o nome de terceiros nos 12 meses anteriores a pesquisa, sendo que o hábito de pedir o nome emprestado é ainda maior entre as pessoas de mais baixa renda (38%) e entre os jovens (46%).

De acordo com o estudo, a prática é utilizada, principalmente, por quem está com dificuldades de acesso ao crédito ou enfrenta imprevistos e não conta com uma reserva de emergência.

Em cada dez pessoas que pediram o nome emprestado para realizar compras parceladas, três (30%) se encontravam com o limite estourado no cheque especial ou cartão de crédito. Outros 22% não tinham determinadas modalidades de crédito à disposição para uso, 18% estavam com o ‘nome sujo’ e 16% tiveram crédito negado.

Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o consumidor que empresta seu nome precisa refletir sobre as consequências do ato, pois a responsabilidade legal sobre a dívida é sempre de quem emprestou, já que, formalmente, ele é o titular da pendência financeira.

“Caso o tomador do nome emprestado não consiga honrar o compromisso assumido, é a pessoa que empresta o nome quem arca com as consequências financeiras e jurídicas da situação. Recusar ajuda para familiares e amigos pode parecer cruel, mas muitas vezes, essas já apresentam um histórico desfavorável de pagamentos e há um risco real de que a dívida não seja paga e quem emprestou o nome será obrigado a arcar com o pagamento da quantia sozinho”, afirma a economista.

OS MAIS ABORDADOS

O estudo revela ainda que na hora de pedir o nome emprestado, as pessoas mais procuradas são aquelas do círculo de convivência, como os pais (28%), os cônjuges (21%), amigos (17%) e irmãos (16%). Além disso, na maioria das vezes, quem solicita esse tipo de ajuda acaba obtendo uma resposta positiva, uma vez que 77% dos entrevistados sempre conseguiram o nome emprestado, mesmo que parte tenha enfrentado algum tipo de dificuldade (22%).

A pesquisa revela que os argumentos de convencimento mais utilizados por quem pede o nome emprestado são a obrigação de pagar uma dívida (22%) e a necessidade de fazer compras em supermercados (17%). Há ainda 14% de pessoas que alegaram ter de comprar algo para o filho.

De acordo com a pesquisa, 7% das pessoas que pediram o nome emprestado nem mesmo avisaram o dono do dinheiro sobre a quantia que seria usada e, entre aqueles que avisaram, o valor a ser gasto (87%), 11% acabaram consumindo algo acima do que estava combinado.

“Em vários casos, quem empresta desconhece a finalidade daquele dinheiro, que pode acabar sendo usado para aquisições que não são de fato emergências ou importantes. Antes de emprestar o nome, é válido procurar entender o que motivou o pedido para tentar ajudar a pessoa de outra maneira. Para não se comprometer de imediato, a pessoa abordada pode dizer que consultará a família antes de dar uma resposta, por exemplo”, afirma o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli.

A maioria (90%) dos entrevistados alega ter pago ou ao menos estar pagando em dia as parcelas das compras feitas em nome de outros, mas 12% reconhecem ter alguma prestação em atraso. Considerando os que estão com o pagamento pendente, 23% justificam que houve diminuição da renda, 18% se esqueceram de pagar e 17% estão com salário atrasado. No total, 12% dos empréstimos de nome resultaram em negativação do CPF de quem assumiu a dívida.

FALTA DE PAGAMENTO

A pesquisa demonstra que, em diversas ocasiões, o empréstimo de nome deixou sequelas no relacionamento entre as duas partes. Em 51% dos casos a falta de pagamento do dinheiro emprestado fez com que a relação de amizade ficasse abalada. Outros 40% garantem que a amizade continua como antes, enquanto 9% não souberam responder.

Um dado curioso é que, embora tenham sido beneficiados pela ajuda de outra pessoa, quase metade (49%) das pessoas que já pediam o nome emprestado não emprestariam o seu próprio nome, caso alguém fizesse o mesmo pedido. Dentre os que negariam o pedido, 30% têm receio de que a pessoa não pague e 28% são cautelosos porque conhecem pessoas que emprestaram o nome e tiveram problemas por isso.

“Muitos dos que pedem o nome emprestado não fariam o mesmo por outra pessoa, justamente, por entenderem que é uma prática que envolve riscos. Uma alternativa para quem quer ajudar é oferecer dinheiro em espécie em vez de emprestar o cartão de crédito. Dessa forma, o provável prejuízo se restringirá apenas a quantia emprestada, sem que a dívida aumente por conta de juros ou gere negativação de CPF”, explica a economista Marcela Kawauti.

Outros detalhes revelados pelo levantamento é que o cartão de crédito é o meio de pagamento mais solicitado (74%) por quem pede o nome emprestado para fazer compras. Em seguida, aparecem crediário (13%), financiamento (10%) e empréstimo bancário (9%) no ranking de modalidades. Além disso, a maioria (69%) das pessoas ouvidas disse que não sentiu qualquer dificuldade por utilizar o nome de terceiros no momento da compra, enquanto 25% enfrentaram algum empecilho nesse procedimento.

FOTO: Pixabay

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