Operações de crédito cresceram 15,5% em 2020
Linhas direcionadas às empresas, para que pudessem enfrentar a pandemia, influenciaram a expansão

O saldo das operações de crédito do sistema financeiro nacional alcançou R$ 4 trilhões em 2020, crescimento de 15,5%, representando aceleração em relação aos 6,5% de 2019.
O crédito a empresas atingiu R$ 1,8 trilhão, alta anual de 21,8%, ante uma queda de 0,1% em 2019. O crédito às famílias alcançou R$ 2,2 trilhões, crescimento de 10,9% no ano.
Segundo Nicola Tingas, economista da Acrefi, associação que congrega instituições de crédito, o crédito direcionado teve importante contribuição na expansão das operações. “Especialmente por meio dos recursos para micro e pequenas empresas vindos do BNDES e pelo Pronampe.”
O crédito direcionado atingiu R$ 1,7 trilhão em 2020, com elevação de 15,9% no ano, após retração de 2,4% em 2019, primeira elevação anual da carteira desde 2015.
A carteira concedida a empresas atingiu R$ 689 bilhões em 2020, o que representou aumento de 23% ao ano.
Segundo o Banco Central, a carteira de crédito a micros, pequenas e médias empresas cresceu 31,6% em 2020 (ante 6,7% em 2019). Entre as grandes empresas, o saldo aumentou 16% no ano (-3,7% em 2019).
Nas operações para pessoas físicas, saldo de R$ 1 trilhão, sendo que a variação anual atingiu 11,6% (6,6% em 2019).
Para pessoa física, o economista da Acrefi destaca o crescimento da carteira de financiamento imobiliário, que no ano expandiu 11,7%, totalizando hoje R$ 712 bilhões.
“Ao longo de 2020 o governo criou uma ponte financeira para atravessa a covid”, afirma Tingas. Segundo ele, essa ponte é estruturada por maior carência para pagamento das dívidas, postergação de pagamentos, juros baixos e pela manutenção da oferta de crédito pelo sistema privado.
Com esses fatores, a inadimplência atingiu baixa histórica, ficando em 1,2% da carteira para pessoa jurídica e em 2,8% para pessoa física.
O problema é saber se estes fatores que beneficiaram o mercado de crédito em 2020 permanecerão em 2021. Com a pressão da inflação e a possibilidade de alta dos Juros, os fatores positivos devem diminuir em 2021.
“Estamos na segunda onda da covid-19, o isolamento está de volta, temos problemas com a vacinação. Então, a economia pode ter desempenho fraco no primeiro semestre. Isso significa que a ponte financeira deveria ser estendida para o início deste ano”, afirma o economista.
CRÉDITO LIVRE
Em 2020, o saldo das operações com recursos livres alcançou R$ 2,3 trilhões, expansão de 15,2% no ano, após crescimento de 14,1% em 2019.
O crédito livre a pessoas jurídicas alcançou R$ 1,1 trilhão, aumento de 21,1% no ano, acelerando em relação à expansão de 11,1% em 2019.
Em 2020, destacou-se o crescimento expressivo da carteira de capital de giro, 46,3%, ante 4,8% em 2019.
Nas pessoas físicas, o crédito livre atingiu R$ 1,2 trilhão em 2020, crescendo 10,4% no ano, ante 16,6% em 2019.
IMAGEM: Thinkstock