O porquê de 15 de março
Nada mais é do que mais uma demonstração da nova cultura cívica nacional que ratifica a cada evento a convicção de que a maioria dos brasileiros está determinada a mudar a cultura política brasileira
Há várias versões sobre os motivos da manutenção das manifestações do próximo 15 de março circulando nas redes sociais. Alguns dizem que seria o caso de uma desmobilização da convocação pois uma das principais razões teria sido a ameaça de derrubada do veto presidencial ao abuso do orçamento impositivo de parlamentares, o que acabou não acontecendo por um acordo dos chefes dos poderes.
A outra é a acusação de má-fé de parlamentares da bancada de prontuários e da extrema-imprensa de que os bolsonaristas estão indo as ruas defender o fechamento do Congresso, a intervenção militar e até mesmo a reedição do AI 5! Não fosse a compulsão por torções e distorções barroquistas a maníaca retórica do esquerdismo, herdeiro preferencial e inescapável do barroquismo mental brasileiro.
Que me desculpem os jornalistas enviesados no esquerdismo renitente da sonsa socialdemocracia nacional à busca desesperada e delirante de um candidato presidencial do “centrão” para tentar justificar sua infantil acusação de extrema-direita ao atual presidente.
Mas a convocação das manifestações é de apoio ao Executivo para que cumpra seus compromissos eleitorais de reformar a cultura política brasileira! Jamais de reedição de AI-5, fechamento do Congresso e intervenção militar! Isto é mais uma figura de hipérbole típica de nosso barroquismo mental!
Vivem a fazer estardalhaço de pronunciamentos fortuitos e infelizes do presidente como se isto fosse razão suficiente para lhe questionar a autoridade, além do blablabá do desrespeito à liturgia do cargo e outras quinquilharias.
E questionam os apoiadores do presidente com a lenda urbana dos seguidores do “ideólogo” e “guru” Olavo de Carvalho, do conservadorismo de costumes da bancada dos religiosos e da ameaça de radicalização de alguns dos generais recrutados para o governo. Mas em nenhum momento sequer reconhecem que foi Bolsonaro que nos garantiu uma alternativa contra a destruição do país patrocinada pelo PT e seus quadrilheiros associados aos mais nefastos políticos fisiológicos.
Não. Em nenhum momento dão crédito ao discernimento dos quase 60 milhões de cidadãos eleitores que condenaram a roubalheira de governos esquerdistas no Brasil e resolveram tirar a direita do armário para afirmar uma política conservadora no país e uma real alternância de poderes.
Ao contrário, buscam sabotar diariamente a autoridade presidencial com as mesmas “denúncias” requentadas de sempre: a intriga das rachadinhas de gabinete, o destempero verbal e gestual do presidente, alardes sensacionalistas de destruição da floresta amazônica, perseguição a grupelhos de direitos “dos manos”, eventuais ligações com grupos de milicianos, subserviência aos interesses dos EUA, etc etc
Se não podem defender Lula com seu robusto prontuário criminal, chegam ao cinismo de dizer que a Dilma não roubou. O que parece até chacota com o discernimento e o amadurecimento que a cidadania brasileira tem demonstrado ao longo dos últimos anos.
Quando todos sabemos que a ex-presidanta fez pior do que roubar: deixou roubar para o partido e seus apaniguados, dilapidou recursos públicos financiando ditaduras esquerdistas e sanguinárias, favoreceu oligopólios, hostilizou investidores, arruinou empresas públicas, ignorou as leis fiscais, produziu desemprego em massa, enfim, avalizou uma alegada “nova matriz econômica” que quebrou o país!
E ainda querem comparar com rachadinhas. Tenho dito que o problema da esquerda é que não tem senso de proporção! Herança de um barroquismo mental resiliente, maníaco-depressivo e desatinado! Escrevi um livro para demonstrar o legado de nosso barroquismo mental presente até os dias de hoje na retórica oca dos esquerdistas e desafiei-os a contestar a tese, o que nunca fizeram pela absoluta ausência de argumentos! No lugar de um debate em nível adequado, preferem repetir tuítes e memes das redes sociais.
Quando 15 de março nada mais é do que mais uma demonstração da nova cultura cívica nacional que ratifica a cada evento a convicção de que a maioria dos brasileiros está determinada a mudar a cultura política brasileira e escorraçar a parte mais podre, exatamente do centrão que a extrema-imprensa tanto defende.
A manutenção da convocação se faz necessária exatamente pela instabilidade que agentes provocadores do esquerdismo latino-americano, aliados aos especuladores dos mercados internacionais, com crise de pandemia e guerra de preços do petróleo, provocam pela perda de poder político e a crescente ascensão dos chamados neocons em todo o mundo.
O ressentimento de bancada dos prontuários formada pelo centrão é inesgotável pois se trata de sua própria sobrevivência política desde o fim da cultura de “coalizão” promovida pelos governos hegemônicos esquerdistas com os mais fisiológicos políticos desde a retirada dos militares para os quartéis.
E não foi por acaso que um dos generais tidos como um dos mais prudentes, o general Heleno, foi quem expressou a maior razão para as manifestações com um curto e grosso “f...-se”. Referindo-se à perene chantagem que a bancada do centrão, representada por Rodrigo Maia, faz com o Executivo na sua voracidade por manipular as verbas do orçamento público visando apenas interesses eleitorais, ou meramente escusos, ou a volta da política do toma-lá-dá-cá.
É farsa da mais embusteira o que os já identificados inimigos nacionais, como os caciques do Congresso Nacional, os ministros acobertadores do crime organizado do Supremo Jeitinho e os jornazistas da extrema-imprensa, estão a propalar com o recurso retórico barroquista da metonímia e da hipérbole, “acusando” as manifestações de serem contra as instituições democráticas como um todo.
Quando todos sabemos que não é. Trata-se apenas dos que as usurparam e cujos nomes serão lembrados nas faixas e cartazes das manifestações. Aliás, como sempre tem ocorrido nos últimos anos.
Como disse o presidente, os políticos decentes não devem temer as manifestações por que, além de pacíficas, nunca erraram em apontar a quem deve se dirigir o desabafo do general. Com a vantagem de que se tratam da maior síntese cultural das tradições mais brasileiras do sarcasmo, do picaresco e do humor carnavalesco com a matéria a mais séria da política e do civismo nacionais.
Portanto, todos às ruas, cidadãos de bem, a expressar o complemento nominal a que se referia o “f...-se” do general!
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