O esgotamento da fórmula petista

Os cidadãos foram às ruas, domingo, para dar um basta à maneira pela qual o PT exerce aética e irresponsavelmente o poder

Paulo Saab
16/Mar/2015
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Por todos os lados que se analise está visível o esgotamento da fórmula petista, do jeito de agir e governar dos petistas, aliados e dependentes dos favores oficiais.

As manifestações deste domingo histórico por todo o país revelaram, de um lado, que uma imensa parcela da população está cansada e não aceita mais esse tipo de condução do país, e, de outro, um governo hoje enfraquecido, acuado, buscando se sustentar também em fórmulas esgotadas que não aliviam, mas exacerbam o descontentamento generalizado.

Pode não ser tudo o que os oposicionistas ao petismo querem demonstrar, mas, de forma definitiva, não é mais o que os petistas acostumaram-se a ser e usar.

Estrategicamente, o esgotamento é tão visível que a reação do governo Dilma após as manifestações pelo país todo foi um desastre para quem deveria entender minimamente de comunicação de massa.

E o PT sempre pareceu entender. Ou só serve para navegar em mares tranquilos?

A “marolinha” de Lula transformou-se num “tsunami” de indignação por dois motivos básicos, o descontrole da economia com a alta de preços e a corrupção desenfreada enlameando o governo e os partidos políticos, além dos maus empresários.

A população, de forma ordeira, pacífica, sem bandeiras ou bonés e palavras de ordem que não as favoráveis a um Brasil decente, vai massivamente às ruas, e o governo petista, revelando –repito – seu esgotamento, atabalhoadamente se vê compelido a responder no mesmo dia (algo que jamais deveria ter feito) e, pasmem, com o mesmo discurso que levou o país a essa situação de cansaço.

Quem sou eu para ensinar Padre Nosso ao vigário, ou mostrar direções de comunicação aos antes brilhantes petistas. Fazendo aqui o papel de governo: bastaria uma nota no fim do dia dizendo que o governo recebeu o recado das ruas com a mesma serenidade demonstrada pela população nas ruas, iria refletir e se pronunciaria a respeito no dia seguinte.

Finalizaria o domingo sem panelaço, sem reativar a insatisfação das ruas pelo discurso superado e visivelmente mentiroso, demagógico e ainda faria suspense, atraindo para si no dia seguinte as atenções.

O recheio de uma fala seria menos defensivo e mais propositivo, sem dividir em eles e nós, sem acusações patéticas de divisionismo ou contagem de número de populares presentes, sem as desculpas esfarrapadas, e simplesmente assimilando a insatisfação e fazendo do limão limonada, com grandeza, para apaziguar a alma dos descontentes.
 
O que se viu foi uma repetição de chavões e blá-blá-blás por dois ministros visivelmente desconcertados, querendo mostrar altivez num clima de velório para o Planalto, e a população se remobilizando para bater panelas, buzinar e gritar novamente contra a mesmice oficial.

Navegar como navegou Lula em mar azul com vento favorável foi fácil para o PT. Fazer oposição e organizar movimentos sempre foi fácil para o PT, sua especialidade. Governar, todavia, em mares revoltos, sem rumo, sem direção, sem algum de traquejo no leme, é algo que “eles” não sabem fazer. E metem os pés pelas mãos.

O PT acha que adquiriu o monopólio sobre a vontade dos brasileiros.

Entendeu arrogantemente que estes que pensam, discernem, pagam as contas das loucuras do governo, os brasileiros honestos, com valores, ética, iam ficar dobrados pela demagógica política em favor dos que dependem do governo e lhe dão seus votos.
 
Apostou na divisão, no errado, na dominação, no controle da sociedade e no domingo ouviu a resposta de maneira civilizada, mas incisiva: ou mudam ou serão mudados.

Sem golpes, sem violência, obedecendo ao que manda a Constituição. E ai do Congresso Nacional se não entender o recado e seguir distante dos interesses populares como tem agido até agora.

Para pôr cem mil “paus mandados” na rua, o PT/governo, segundo a imprensa, pagou 35 reais e um lanche, além do transporte, por cabeça, no dia 13, para falar bem de Dilma. Não se entendeu direito ainda a manifestação.

No domingo, contra os desmandos e esgotamento petista, ninguém pagou nada a ninguém nem deu lanchinho, e foi o que se viu. É mais um sintoma gritante de que a fórmula petista que os manteve no poder se esgotou. Nem Lula se salva.

Se o governo Dilma, os petistas e os beneficiados pelas maracutaias oficiais não mudarem já, imediatamente, o discurso, a ação, a visão, e passarem a enxergar o Brasil como os brasileiros querem, serão tirados do poder pelo pendulo da história, sem golpes, sem as patetices que sempre os beneficiaram e agora, esgotadas, torna de fato patética qualquer alusão ideológica ao cansaço dos brasileiros com a eliminação da ética, dos valores e das virtudes, no país.

Brasil não é e nunca será a Venezuela, Cuba, ou Argentina. O recado está dado. Sem beligerância.

 

 

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