Novo apagão afeta comerciantes do Centro, que contabilizam prejuízo
Faltou energia em plena hora do almoço, e restaurantes como o Nova Opção (foto), tiveram que se desdobrar para manter o atendimento e conseguir cobrar dos clientes
O Centro da capital paulista, que inclui o Triângulo Histórico e a 25 de Março, sofreu nova queda de energia no início da tarde desta quinta-feira, 21/3. A região ficou sem luz por volta de 12h10, e até às 17h o serviço ainda não havia sido reestabelecido.
Mesmo com um gerador da Enel na Rua Boa Vista, esse é o quarto dia em uma semana que comércios e escritórios da região ficam sem luz, com elevadores parados e ar condicionado desligado em pleno calorão de mais de 32º.
Para evitar prejuízos maiores, donos de restaurantes e lojas de vestuário tiveram que se desdobrar para tentar manter o atendimento e diminuir eventuais perdas.
No restaurante Nova Opção, na rua Três de Dezembro, uma fila imensa de clientes que se formou no caixa e os funcionários estimavam ou puxavam pela memória os gastos na comanda para que os pagamentos pudessem ser efetuados. Ao menos as maquininhas, movidas a bateria, continuavam a funcionar.
Perto das 17h a luz ainda não havia voltado, e funcionários relataram à reportagem que foi necessário comprar gelo para manter os produtos refrigerados, pois ainda não havia previsão de reestabelecimento da energia.
Outro restaurante, o self-service Haru, na mesma rua, optou por cobrar R$ 25 de todo mundo, segundo um cliente habitual, para "diminuir o eventual prejuízo o mínimo possível", disseram os funcionários.
No mesmo prédio, o responsável pelo café e lanchonete Sampa, que se identificou como Antônio, disse que foi só apagar a luz para os clientes "irem embora". Mas, por trabalhar com doces, salgados e refeições rápidas, que não precisam de longos períodos de armazenamento, o impacto não costuma ser grande, contou.
"Se a energia cair por algumas horas, é só não abrir o freezer", disse. "Mas sem clientes, o funcionário não tem muito o que fazer, o jeito é fechar. E se a gente tiver algum prejuízo, a Enel não vai ressarcir."
Na rua 15 de Novembro, a loja de moda masculina Spielberg já contabiliza os prejuízos. Com a queda de energia na segunda-feira (18), os funcionários precisaram ficar na loja até uma da madrugada pois não conseguiam fechar a porta, movida à eletricidade. A luz só voltou às 9h da manhã seguinte.
"Demorou até conseguirmos um segurança para passar a noite na loja e irmos embora", afirmou o gerente Émerson Santos. Ele estima que, além do custo inesperado com o serviço de segurança, com esses apagões, a loja tem uma queda média de 20% nas vendas diárias. "Só hoje, deixamos de vender entre R$ 3 e R$ 4 mil. Não conseguimos fechar vendas, nem emitir nota fiscal... é difícil."
ENEL x SABESP
Desde a última segunda (18), diversos bairros do Centro tiveram problemas com fornecimento de energia elétrica. Somente neste dia, 35 mil comerciantes, moradores e hospitais foram prejudicados com o apagão. Na quarta (20), uma nova falha afetou principalmente os bairros de Higienópolis, Santa Cecília, Vila Buarque e Consolação que, em alguns trechos, contabilizam mais de 70 horas sem luz.
Hoje, foi a vez do Centro ser afetado novamente. As causas dessas quedas de energia estão sendo investigadas, mas a Enel diz que a falta de energia foi causada por obras de escavação realizadas pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) na região Central, que atingiram acidentalmente cabos da rede subterrânea da distribuidora.
Por sua vez, a Sabesp informou que, quando tomou conhecimento do ocorrido, mobilizou equipes para o local, que não identificaram relação do trabalho da empresa de saneamento com o ocorrido. "A Sabesp segue em contato e se colocou à disposição da Enel para ajudar na identificação da real causa do problema."
IMAGENS: Vinicius Prado e Rebeca Ribeiro