Ministro do Meio Ambiente tentará mostrar um Brasil sustentável na COP27

Joaquim Leite (centro) esteve com empresários na ACSP, onde falou que pretende apresentar o CBIO – primeiro crédito de carbono do país – ao mundo

Renato Carbonari Ibelli
18/Out/2022
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Ministro do Meio Ambiente tentará mostrar um Brasil sustentável na COP27

Joaquim Leite, ministro do Meio Ambiente, terá a missão de mostrar um Brasil sustentável para o mundo na COP27, o principal encontro climático global, que acontece em novembro no Egito. Entre suas apostas estará o decreto federal, publicado em maio, que regulamentou o mercado de crédito de carbono no país.

Esse decreto, segundo o ministro, mostraria a preocupação do país com as questões ambientais ao criar toda uma estrutura de estímulo à redução de emissões. Além de estabelecer as regras para a comercialização dos créditos de descarbonização, o decreto também definiu novos tipos de créditos, como os voltados à vegetação nativa e para áreas marinhas e fluviais.

Vale destacar que os créditos de carbono são gerados pelas empresas que diminuem suas emissões e que podem ser comprados por outras empresas ou países para compensar suas emissões acima das metas.

Leite, que participou de reunião do Conselho do Agronegócio da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) nesta segunda-feira, 17/10, quer “vender” o CBIO na COP27 como um exemplo prático de crédito de descarbonização que já poderia ser comprado por empresas estrangeiras. “Vamos apresentar o CBIO como o primeiro crédito brasileiro já estruturado”, disse o ministro.

Criado no âmbito do RenovaBio, que estabelece metas de descarbonização para o setor de combustíveis, o CBIO é o crédito gerado pela substituição de combustíveis fósseis pelo biocombustível.

Leite disse que o arcabouço legal criado pelo decreto, e o potencial para produção limpa existente no país, podem estimular o ingresso no Brasil de empresas estrangeiras preocupadas com o meio ambiente.

“O Brasil pode ser parte dessa nova cadeia de fornecimento global que está sendo criada a partir das mudanças trazidas pela pandemia e pela guerra na Ucrânia porque temos uma das menores pegadas de carbono”, disse o ministro.

O potencial brasileiro para a geração de energia limpa deve ser outro ponto destacado por Leite na COP27. Na ACSP, o ministro lembrou do recorde de 17,6 gigawatts (GW) gerados por usinas eólicas em agosto.

“Temos a possibilidade de gerar 100 GW de energia excedente considerando eólica e solar. Isso pode se transformar e amônia verde e hidrogênio verde para exportar”, disse Leite.

Para produzir o hidrogênio – um combustível limpo – é necessário grande quantidade de energia elétrica. Esse hidrogênio ganha a alcunha de “verde” quando gerado por fontes renováveis, como a eólica e a solar. Já a amônia verde, que pode ser usada na fabricação de fertilizantes, é produzida a partir do hidrogênio verde.

O potencial brasileiro para geração de combustível e fertilizantes livre de carbono, segundo o ministro, deve atrair empresas verdes (aquelas que olham para a sustentabilidade) para o país.

É importante lembrar que há um longo caminho para que o Brasil consiga produzir hidrogênio e amônia verdes em escala comercial e a um custo atrativo.

Um atalho, de acordo com Leite, seria investir em turbinas eólicas offshore, ou seja, instaladas no mar. Estudos mostram que enquanto turbinas instaladas em terra geram até 5,6 megawatts (MW), em mar elas podem gerar 15 MW.

Eólicas offshore são comuns na Ásia e na Europa, mas por aqui não. Criar essa estrutura, segundo Leite, exigiria investimento de US$ 150 bilhões para atingir a geração de 163 GW.

“Podemos criar corredores verdes, com trens movidos a hidrogênio e navios abastecidos no mar com as eólicas offshore”, disse o ministro.

A despeito do potencial para a economia verde, o mundo parece enxergar o Brasil com cautela quando o tema é o meio ambiente. Problemas ligados principalmente ao desmatamento em áreas da Amazônia criam essa imagem de um país pouco preocupado com as causas ambientais.

Para o ministro do Meio Ambiente, essa percepção não chegaria às mesas de negociações. “Os recordes seguidos de exportação mostram que o mundo reconhece o agronegócio e a indústria brasileira como sustentáveis”, disse.

 

IMAGEM: ACSP/divulgação

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