Metrô-SP 50 Anos. Para se tornar ideal, sistema precisaria ter quase o triplo da extensão atual, diz CNI

Com 104,2 quilômetros, sistema de São Paulo é o segundo mais extenso da América Latina. Seria preciso construir mais 174,1 quilômetros para se adequar ao crescimento da cidade

Naira Zitei - DC News
20/Set/2024
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Metrô-SP 50 Anos. Para se tornar ideal, sistema precisaria ter quase o triplo da extensão atual, diz CNI

Há 50 anos, em 16 de setembro de 1974, os primeiros paulistanos faziam suas viagens inaugurais no metrô. Havia apenas uma linha (a atual 1-Azul) e sete estações (da Vila Mariana até o Jabaquara).

Hoje estão em operação 91 estações ao longo de 104km de linhas. Para marcar este meio século do sistema – decisivo não apenas para a mobilidade da metrópole, mas igualmente em sua transformação econômica –, a agência DC NEWS iniciou a série Metrô-SP 50 Anos. Pelos próximos dias, veicularemos reportagens para narrar as melhores histórias e os maiores desafios. Na de hoje, a quarta da série, a necessidade de ampliar a malha.

Reportagem 4. Extensão do sistema deveria quase triplicar

Com um total de 104,2 quilômetros de extensão, o sistema metroviário da capital paulista é o maior do Brasil e o segundo na América Latina - superado pelo da Cidade do México, inagurado em 1969, apenas cinco anos antes do seu equivalente paulistano. Ele tem hoje 226,5 quilômetros e 195 estações. São 117% a mais de linhas e 114% a mais de estações, mesmo São Paulo tendo 25% mais moradores.

A metrópole mexicana tem oficialmente 9,2 milhões de habitantes (dados de 2020), contra 11,4 milhões em São Paulo (dados de 2022). Por aqui, uma estação a cada 125 mil pessoas e 1 quilômetro de vias a cada 109 mil. Lá, uma estação a cada 47 mil pessoas e 1 quilôemtro de metrô para cada 41 mil. Não é difícil constatar que o sistema paulistano ficou para trás.

Segundo o estudo Mobilidade Urbana no Brasil – Marco Institucional e Propostas de Modernização, elaborado no ano passado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), para ser adequado ao tamanho populacional e à extensão territorial de São Paulo, o metrô local deveria ter 174,1 quilômetros a mais do que possui hoje.

Ou seja, passar de 104,2 para 278,3 quilômetros, o que representa 2,7 vezes o tamanho atual. Chegar a tanto não é tarefa simples. De acordo com o mesmo estudo da CNI, seria necessário um investimento de R$ 86,1 bilhões para que isso se tornasse realidade.

CHINA 

Em relação à velocidade de construção de linhas de metrô, São Paulo também fica muito aquém de outros grandes centros. Desde lugares consagrados, como o de Nova York – 1.070 quilômetros em 120 anos, o que representa 8,9 quilôemtros por ano, ritmo quatro vezes maior do que na capital paulista, com média de 2,1 quilôemtros por ano.

Nada se compara, porém, à velocidade empregada pelos chineses no metrô de Xangai. Inaugurado em 1993 – há apenas 31 anos –, o metrô local percorre pouco mais de 800 quilômetros de trilhos, o que dá 25,8 quilômetros por ano, quase o triplo da velocidade de construção dos nova-iorquinos e mais de 12 vezes o ritmo paulistano.

“A China é o único país do mundo com capacidade para construir e expandir o sistema metroviário nesse ritmo”, afirmou Cláudio da Cunha, professor de Engenharia de Transportes da Universidade de São Paulo (USP).

Apesar de suas limitações, o metrô paulistano se mostra indispensável. Segundo o Relatório Integrado 2023, apenas no ano passado os benefícios sociais somaram R$ 13 bilhões. São ganhos em que houve redução em seis indicadores (acidentes, custos de manutenção e operação de vias, emissões atmosféricas, consumo de combustível, custo operacional e dos tempos de viagem) a partir da troca de viagens individuais para as coletivas. São impactos positivos para toda a cidade.

Segundo Cláudio da Cunha, o sistema metroviário emite 75% de óxido de nitrogênio a menos do que os automóveis movidos a gasolina e diesel. “Com isso, o metrô ajuda a reduzir o aquecimento global e a poluição do ar”, disse.

A redução da poluição sonora é outro benefício, já que o metrô não produz o ruído dos veículos com motor a combustão. Em relação à questão econômica, ele ressalta que o metrô é uma espécie de indutor de desenvolvimento e crescimento.

“Esse tipo de transporte cria facilidades para as pessoas chegarem onde querem. E isso impulsiona a economia local, pois torna viável o deslocamento, atraindo empresas e mão de obra qualificada.”

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FOTO: Metrô de SP 

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