Metrô-SP 50 Anos. Para se tornar ideal, sistema precisaria ter quase o triplo da extensão atual, diz CNI
Com 104,2 quilômetros, sistema de São Paulo é o segundo mais extenso da América Latina. Seria preciso construir mais 174,1 quilômetros para se adequar ao crescimento da cidade

Há 50 anos, em 16 de setembro de 1974, os primeiros paulistanos faziam suas viagens inaugurais no metrô. Havia apenas uma linha (a atual 1-Azul) e sete estações (da Vila Mariana até o Jabaquara).
Hoje estão em operação 91 estações ao longo de 104km de linhas. Para marcar este meio século do sistema – decisivo não apenas para a mobilidade da metrópole, mas igualmente em sua transformação econômica –, a agência DC NEWS iniciou a série Metrô-SP 50 Anos. Pelos próximos dias, veicularemos reportagens para narrar as melhores histórias e os maiores desafios. Na de hoje, a quarta da série, a necessidade de ampliar a malha.
Reportagem 4. Extensão do sistema deveria quase triplicar
Com um total de 104,2 quilômetros de extensão, o sistema metroviário da capital paulista é o maior do Brasil e o segundo na América Latina - superado pelo da Cidade do México, inagurado em 1969, apenas cinco anos antes do seu equivalente paulistano. Ele tem hoje 226,5 quilômetros e 195 estações. São 117% a mais de linhas e 114% a mais de estações, mesmo São Paulo tendo 25% mais moradores.
A metrópole mexicana tem oficialmente 9,2 milhões de habitantes (dados de 2020), contra 11,4 milhões em São Paulo (dados de 2022). Por aqui, uma estação a cada 125 mil pessoas e 1 quilômetro de vias a cada 109 mil. Lá, uma estação a cada 47 mil pessoas e 1 quilôemtro de metrô para cada 41 mil. Não é difícil constatar que o sistema paulistano ficou para trás.
Segundo o estudo Mobilidade Urbana no Brasil – Marco Institucional e Propostas de Modernização, elaborado no ano passado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), para ser adequado ao tamanho populacional e à extensão territorial de São Paulo, o metrô local deveria ter 174,1 quilômetros a mais do que possui hoje.
Ou seja, passar de 104,2 para 278,3 quilômetros, o que representa 2,7 vezes o tamanho atual. Chegar a tanto não é tarefa simples. De acordo com o mesmo estudo da CNI, seria necessário um investimento de R$ 86,1 bilhões para que isso se tornasse realidade.
CHINA
Em relação à velocidade de construção de linhas de metrô, São Paulo também fica muito aquém de outros grandes centros. Desde lugares consagrados, como o de Nova York – 1.070 quilômetros em 120 anos, o que representa 8,9 quilôemtros por ano, ritmo quatro vezes maior do que na capital paulista, com média de 2,1 quilôemtros por ano.
Nada se compara, porém, à velocidade empregada pelos chineses no metrô de Xangai. Inaugurado em 1993 – há apenas 31 anos –, o metrô local percorre pouco mais de 800 quilômetros de trilhos, o que dá 25,8 quilômetros por ano, quase o triplo da velocidade de construção dos nova-iorquinos e mais de 12 vezes o ritmo paulistano.
“A China é o único país do mundo com capacidade para construir e expandir o sistema metroviário nesse ritmo”, afirmou Cláudio da Cunha, professor de Engenharia de Transportes da Universidade de São Paulo (USP).
Apesar de suas limitações, o metrô paulistano se mostra indispensável. Segundo o Relatório Integrado 2023, apenas no ano passado os benefícios sociais somaram R$ 13 bilhões. São ganhos em que houve redução em seis indicadores (acidentes, custos de manutenção e operação de vias, emissões atmosféricas, consumo de combustível, custo operacional e dos tempos de viagem) a partir da troca de viagens individuais para as coletivas. São impactos positivos para toda a cidade.
Segundo Cláudio da Cunha, o sistema metroviário emite 75% de óxido de nitrogênio a menos do que os automóveis movidos a gasolina e diesel. “Com isso, o metrô ajuda a reduzir o aquecimento global e a poluição do ar”, disse.
A redução da poluição sonora é outro benefício, já que o metrô não produz o ruído dos veículos com motor a combustão. Em relação à questão econômica, ele ressalta que o metrô é uma espécie de indutor de desenvolvimento e crescimento.
“Esse tipo de transporte cria facilidades para as pessoas chegarem onde querem. E isso impulsiona a economia local, pois torna viável o deslocamento, atraindo empresas e mão de obra qualificada.”
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FOTO: Metrô de SP