Mercado deve gerar 600 mil vagas em 2018
Levantamento da CNC prevê que a maioria das vagas será de baixa qualificação, ocupadas por profissionais "bons e baratos"
Depois de três anos de queda, a geração de empregos formais deve voltar a ser positiva no País em 2018. Esse crescimento, no entanto, ainda se dará por meio de vagas que exigem uma qualificação mais baixa -mas que, em geral, são ocupadas por candidatos com nível de escolaridade maior. As empresas estão em busca de profissionais 'bons e baratos'.
É o que mostra um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O levantamento traça um perfil das vagas geradas no ano passado. As profissões que mais absorveram empregados em 2017 estavam na atividade industrial e nos serviços.
E, em geral, foram funções que exigiam pouca qualificação, como alimentador de linha de produção, faxineiro, atendente de lojas e mercados, embalador a mão, auxiliar de escritório e repositor de mercadorias.
Os candidatos selecionados para essas vagas tinham um perfil bem específico: homens jovens, com até 24 anos de idade, e nível de escolaridade mais elevado, com pelo menos o ensino médio completo.
"As empresas estão com um poder de barganha enorme para escolher o bom e barato. O bom é o qualificado, e o barato é o jovem", explicou Fabio Bentes, chefe da Divisão Econômica da CNC, responsável pelo levantamento.
PROJEÇÕES
Nos últimos três anos, a destruição de empregos com carteira assinada no País foi enorme: 1,5 milhão de vagas a menos em 2015, 1,3 milhão em 2016 e 20 mil no ano passado.
Para este ano, a CNC estima que o mercado de trabalho formal registre um saldo positivo de cerca de 600 mil vagas. Mas, segundo Bentes, o padrão de 2017, com foco na baixa qualificação, ainda deverá se manter.
O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) também tem perspectivas positivas para o ano: estima que sejam criadas aproximadamente 500 mil vagas com carteira.
"Será um ano de recuperação do emprego formal, mas, possivelmente, o aumento será ainda maior nas ocupações informais", disse Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador do Ibre/FGV.
No ano passado, de acordo com dados do IBGE, a maior parte das vagas de emprego criadas no Brasil foram no mercado informal.
IMAGEM: Estadão Conteúdo