Mais uma revolução da Amazon?
A gigante do varejo online deve abrir loja sem caixas, sem filas e 100% automatizada
O nome Amazon pouco aparece no Big Show, o evento anual dos varejistas americanos – mas quem presta atenção enxerga a presença da gigante do comércio eletrônico por toda parte.
Quase duas décadas depois de sua fundação, a Amazon continua sendo uma fonte de contínuas rupturas no setor, além de uma presença cada vez mais incômoda para seus concorrentes tradicionais.
Em 2015, a empresa registrou vendas de US$ 107 bilhões – e, embora os números do ano passado ainda não tenham sido fechados, a empresa afirmou que as vendas do fim do ano foram as maiores de sua história.
O impacto do comércio eletrônico e das inovações da Amazon se faz sentir no varejo do mundo todo.
O sucesso da Amazon é ao mesmo tempo motivo de admiração e preocupação para o setor de varejo.
As compras via internet ainda respondem por uma parte relativamente pequena do total movimentado, mas crescem ano a ano.
Na temporada de festas de 2016, as vendas online cresceram 11% nos Estados Unidos, segundo um levantamento da empresa Adobe Insights.
A maior fatia desse bolo, como esperado, ficou com a Amazon, de acordo com as estimativas dos analistas. E a empresa responde por mais da metade de todas as buscas por produtos na internet, à frente até mesmo do Google.
Já o tráfego em shopping centers caiu 12,3% nos meses de novembro e dezembro, e as vendas ficaram 9,9% abaixo das registradas nos mesmos meses de 2015.
Mas a questão que está na cabeça de muita gente diz respeito a outro movimento: a Amazon parece cada vez mais interessada em abrir lojas físicas.
A empresa já tem três livrarias nos Estados Unidos, e vai abrir cinco novas unidades este ano, uma delas em Nova York.
E, em dezembro, a companhia anunciou uma ideia revolucionária, uma loja sem caixas, sem filas e 100% automatizada, a Amazon Go.
A ideia é bastante simples: entre na loja, acione um app, escolha os produtos que quiser e saia andando.
Não é preciso registrar nada nem sequer tirar a carteira (ou o celular) do bolso.
Com uma combinação de sensores, inteligência artificial e logística avançada, disse Jeff Bezos, o fundador e CEO da empresa, a Amazon Go vai permitir uma experiência de compras inovadora e inusitada.
A primeira loja será em Seattle, mesma cidade onde fica a sede da companhia, e deve abrir nas próximas semanas.
A Amazon descreve a tecnologia por trás da nova loja como algo análogo ao que se encontra nos carros autônomos.
Sensores identificam a entrada e o deslocamento do cliente na loja. Etiquetas inteligentes, sensores de pressão e câmeras registram os produtos retirados da prateleira e os adicionam à lista de compras.
Na saída, o total é somado e debitado do cartão do cliente, que já está na base de dados da companhia.
Com variados graus de sofisticação, todas essas tecnologias já vêm sendo demonstradas há alguns anos no evento da NRF – e também sendo usadas em alguns varejistas mais inovadores.
Mas a aplicação de todas elas em conjunto, permitindo que o cliente se comporte essencialmente como um “ladrão”, é algo jamais visto.
A ideia da Amazon Go é ousada e radical. Só será possível saber se o cenário descrito pela Amazon (e mostrado no video abaixo) realmente funciona quando a primeira loja estiver de fato aberta.
Além disso, serão inevitáveis as questões relativas à privacidade. Mas as especulações sobre as intenções da Amazon em relação ao “mundo real” são muitas.
A empresa anunciou no início de janeiro que pretende contratar mais de 100 mil pessoas nos Estados Unidos nos próximos 18 meses - o total de funcionários hoje é de 180 mil.
Parte do pessoal será destinado aos centros de distribuição.
Um dos esforços recentes da Amazon é ter armazéns cada vez mais próximos dos consumidores, para que as entregas aconteçam em no máximo dois dias. A companhia deve construir 16 novos centros de distribuição até 2018.
A especulação é que o número de novos funcionários seria muito maior do que o necessário para os armazéns – na realidade, a empresa estaria preparando um investimento massivo em lojas físicas.
Notícias publicadas na mídia americana dão conta de até 2 mil lojas. Em entrevista à rede CNBC, um porta-voz da Amazon disse que a companhia “não tem planos de abrir 2 mil de nada. Nem perto disso. Estamos aprendendo”.
Enquanto os planos da gigante do mundo online são mantidos em segredo, o setor do varejo inteiro prende a respiração – e observa atentamente os movimentos da empresa que já provou estar certa no passado quando o assunto era comércio eletrônico.
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