Lojistas de São Paulo se preparam para lançar central de compras

O Sindilojas-SP iniciou pesquisa com lojistas do setor Pet. Ideia é adquirir produtos da indústria com até 20% de desconto

Fátima Fernandes
23/Mar/2022
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Lojistas de São Paulo se preparam para lançar central de compras

O Sindicato dos Lojistas do Comércio de São Paulo (Sindilojas-SP) deu início nesta semana a uma pesquisa com lojistas da linha Pet para colocar no ar uma plataforma que funcionará como uma central de compras do setor.

O objetivo é reunir lojistas para que, juntos, adquiram maiores volumes de produtos da indústria e consigam descontos que, geralmente, são concedidos às grandes redes.

O sindicato, por meio de sua Câmara Setorial de Lojistas de Pet Shop, acredita que, por meio de compras conjuntas, a redução de preços dos fornecedores pode variar de 15% a 20%.

Além dos descontos, os lojistas pretendem, por meio da plataforma, obter mais prazos de pagamento e outras ações de promoção.

No momento em que o país enfrenta uma alta generalizada de preços, redução de preços e dilatação de prazos de pagamento faz toda a diferença para o varejista.

Antes de colocar a plataforma no ar, o que pode ocorrer em pouco mais de um mês, o Sindilojas-SP quer traçar o perfil dos lojistas, identificar as suas necessidades.

Com as informações, o sindicato vai correr atrás dos fornecedores.

Entre as perguntas feitas aos lojistas estão a participação das vendas de rações, roupas, medicamentos, acessórios e produtos de higiene no faturamento, além de marcas preferidas.

Faixa etária e classe social da clientela também estão na lista de perguntas. As respostas serão confidenciais, de acordo com o sindicato.

Se a central de compras da linha Pet for bem sucedida, a ideia e ampliar também para o setor de confecção, que enfrenta dificuldade para adquirir produtos em plena troca de coleção.

Aldo Macri, vice-presidente do Sindilojas-SP, diz que o setor de vestuário e calçados é o que tem maior participação no sindicato, em torno 70%, e merece toda a atenção.

“A central de compras é um canal para ajudar os lojistas, especialmente os pequenos, na compra de produtos, além de ampliar relacionamentos”, afirma ele.

LEIA MAIS: Butiques enfrentam falta de peças em plena troca de coleção

Nelson Tranquez, vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do Bom Retiro, diz que a ideia de central de compras no setor de confecção é boa, mas de difícil execução.

De acordo com ele, as tecelagens são muito exigentes com os clientes e difíceis de conceder descontos e esticar prazos de pagamento.

Muito provavelmente, de acordo com ele, mesmo em uma central de compras, elas vão exigir garantias de cada uma das empresas compradoras.

“As tecelagens, para conseguir comprar, precisam ter crédito e, se juntar um grupo, elas vão querer ver o crédito de todo mundo, um por um”, diz.

Essas exigências ocorrem, de acordo com Tranquez, porque o setor de confecção oferece alguns riscos em razão de inadimplência, além de ter um mercado instável.

“Nós que temos 45 anos no mercado, a Loony, se quisermos comprar mais tecidos, as tecelagens pedem garantias e pagamento antecipado”, diz.

Marcelo Prado, sócio-diretor do IEMI - Inteligência de Mercado, consultoria especializada no setor têxtil, diz que a ideia de central de compras para o setor é boa. “Mas exige um grande trabalho de gestão. É algo para startup. É preciso ter uma ferramenta robusta para colocar em prática e funcionar”, afirma.

Vamos supor, diz ele, que uma central de compras reúna 150 lojas que vendem calcinhas e sutiãs com 49 mil modelos diferentes.

“Imagina o tamanho do desafio ter de comprar para todas elas com esta enorme variedade de modelos? Não é fácil, mas toda tentativa é válida”, diz.

Em setores com produtos padronizados, como no caso de farmácias, na avaliação de Prado, centrais de compra são bem mais factíveis.

No setor Pet, especialmente na linha de produtos básicos, como rações, fraldas e medicamentos para os animais, diz ele, também pode dar certo a compra conjunta.

De acordo com ele, no setor de confecções já surgiram ideias de centrais de compras, vendas e exportações, que acabaram ficando somente no papel.

A grande dificuldade, diz Prado, é formar grupos compradores para os mesmos produtos capazes de serem relevantes.

“O problema é que, mesmo juntando muitas lojas de esquina, o volume de compra não chega a ser um quinto, por exemplo, do que adquire uma C&A”.

 

IMAGEM: Thinkstock

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