Loja 4.0: novas tecnologias para atrair e reter clientes
Na segunda reportagem da série, pequenos negócios apostam em cupons e programas de fidelidade digitais para aumentar o faturamento. Na foto, Nara Iachan e Thiago Brandão, fundadores da Cuponeria
Em 2010, o mexicano Sérgio Israel começou sua história empreendedora no Brasil. Fundou a primeira unidade do Mexicaníssimo, restaurante de comidas típicas de seu país, na Vila Olímpia, bairro da zona oeste de São Paulo.
Três anos depois, abriu sua segunda unidade no Brooklin. Recentemente, o empresário decidiu implantar um sistema de delivery.
Um dos segredos por trás do crescimento do Mexicaníssimo são as promoções e descontos por meio de cupons online. Alguns clientes pagam até 40% a menos. Um combo de burrito e refrigerante, por exemplo, de R$ 36,90 pode sair por R$ 20,90.
“Não importa se é rico ou se é pobre, todo mundo quer pagar menos”, afirma Israel.
Os cupons atraem cerca de 2 mil clientes ao mês para os restaurante.
INTELIGÊNCIA NOS CUPONS
O Mexicaníssimo é uma das empresas que utilizam os serviços da Cuponeria, plataforma online que reúne diversas promoções e ofertas.
A empresa – comandada pelos sócios Thiago Brandão, Nara Iachan e Lionardo Nogueira – está ajudando a fidelizar e a atrair mais clientes para os varejistas.
Quando fundaram a empresa, em 2012, eles tinham um objetivo em mente: popularizar o uso dos cupons entre os brasileiros.
“Eu morava na Argentina e usava cupons o tempo todo para realizar compras”, afirma Nara. “Esse é o costume também nos Estados Unidos. Já os brasileiros não tinham essa cultura.”
O hábito de colecionar e realizar compras com cupons de desconto é tão forte nos Estados Unidos que se transformou em um programa de televisão: o Extreme Couponing (que em português ganhou o título de “Cupom Mania”) competição entre si para ver quem consegue acumular as maiores pechinchas.
Para criar esse hábito nos brasileiros, os sócios da Cuponeria começaram com um blog simples e poucos parceiros.
Após essa primeira fase de testes, o projeto começou a atrair mais interessados e o site se profissionalizou. Hoje, são mais de três milhões de usuários e um milhão de cupons emitidos por mês.
Os consumidores não pagam para ter acesso aos cupons, eles apenas realizam um simples cadastro no site. A startup cobra das empresas que anunciam no site um valor em cima de cada cupom emitido. Os valores variam de acordo com campanha.
LEIA A PRIMEIRA REPORTAGEM DA SÉRIE: Loja 4.0: por dentro do varejo da era digital
PEQUENOS NA MIRA
Mesmo para pequenos e médios varejistas, que possuem poucos pontos de venda, a ferramenta é útil porque utiliza um sistema de geolocalização, que ajuda a identificar a localização do usuário e mostrar as ofertas em região especifica.
“Para as pequenas empresas, a Cuponeria também é uma ferramenta de marketing porque ajuda a divulgar a empresa para um público mais amplo”, afirma Israel, do Mexicanissímo.
Nara acredita que o principal benefício da Cuponeria em relação aos tradicionais cupons de papel é criar uma experiência personalizada para os consumidores. “O cliente tem acesso à oferta que ele quer e na hora em que quiser”, afirma. “Os cupons de papel não possuem essa conveniência.”
A startup acumula prêmios e investimentos. Foi vencedora da segunda edição do” Sua Ideia Vale Um Milhão”, do Buscapé Company. Além disso, o aplicativo da empresa foi eleito como um dos melhores do ano pela Google.
A Cuponeria recebeu investimentos da Aceleratech, Verus Group e mais recentemente do Google por meio do programa Launchpad.
FIDELIDADE NA ERA DIGITAL
Na contagem da Prefeitura de São Paulo, há cerca de 12 mil restaurantes na cidade divididos em 52 tipos de cozinha. Com tanta variedade, fidelizar os clientes é um grande desafio para os empresários do setor.
O restaurante Bonde, no centro de São Paulo, apostou em tecnologia para manter a clientela fiel.
Em vez daqueles tradicionais cartões de fidelidade em papel, a empresa utiliza um tablet que fica posicionado ao lado do caixa.
Nessa pequena tela, os clientes colocam o número do CPF enquanto realizam pagamento. Cada inserção gera dez pontos, os clientes têm direito a um almoço gratuito após juntarem 110 pontos.
Todo o processo é automatizado e tem duração de poucos segundos, evitando filas no caixa.
A empresa por trás dessa tecnologia é a Collact. A startup foi fundada em 2011, quando os sócios-fundadores Leonardo Criscio, Bernardo Brugnara e Vladimir Figueiredo se juntaram para resolver um problema muito comum entre os consumidores: o repetitivo processo de efetuar cadastros em diferentes nas lojas.
Dessa ideia original, surgiu um programa de relacionamento em que os clientes trocam seus dados em troca de benefícios.
“As práticas de fidelização e relacionamento com clientes existentes hoje são bastante arcaicas e entregam pouco valor para ambos os lados”, afirma Criscio.
O programa de relacionamento digital da Collact pretende preencher essa lacuna. O software da empresa captura os dados dos clientes e automatiza as ações de relacionamento.
Cerca de 500 estabelecimentos utilizam a tecnologia da Collact. O kit completo da empresa custa cerca de R$ 249 por mês. De acordo com estudos realizados pela empresa, as empresas que aderem ao programa de fidelidade têm aumento de 20% na frequência dos clientes engajados.
A retenção é dos pontos cruciais para o faturamento do varejo. De acordo com levantamento da consultoria americana Bain & Company, um crescimento de 5% na retenção de clientes pode levar a um aumento nos lucros que varia de 25% a 95%.
A Collact recebeu investimento em outubro de 2012 de investidores com grandes nomes do mercado, como Marcelo Macedo, co-fundador do ClickOn, um dos sites de compras coletivas que despontaram, e André Shinohara, que fez parte da equipe fundadora do Submarino.
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