Limite

Sem que a sociedade se aperceba, o País vai sendo coberto por um manto de discórdia que se alarga cada vez mais e vai corroendo a sensatez em vários níveis de decisão, em desfavor de todos nós brasileiros

Sérgio Paulo Muniz Costa
16/Fev/2019
  • btn-whatsapp
Limite

Todo o noticiário sobre o governo Bolsonaro pode se resumir a uma só palavra: polêmica.

Motivos não faltam, é bom que se diga. O governo foi eleito para solucionar problemas que suscitam polêmica, com a economia e a segurança à frente de vários deles. Os filhos do presidente insistem em fazer declarações polêmicas. E algumas indicações e nomeações para o governo se mostraram polêmicas.

Até aí tudo bem, pois a matéria-prima da notícia sempre foi a polêmica, entendida como o contraste entre posições a respeito de assuntos que são do interesse da população.

Mas a polêmica destilada diariamente em torno do governo Bolsonaro é diferente. Ela não acontece por causa das questões que aparentemente a suscitam, sejam quais forem, aquelas sérias ou as tantas bobagens que não deviam ser ditas.

Na verdade, a polêmica que a grande imprensa faz a sociedade brasileira respirar diariamente é uma ação política. De quem não sabe mais fazer política.

Calada, com suas foices e bandeiras enroladas, exsudando um ressentimento patológico e um inconformismo nada republicano, a esquerda derrotada nas urnas aposta tudo na inviabilização do governo perante os olhos da opinião pública.

Não é difícil constatar esse procedimento no noticiário nacional. Exploram-se todas as situações para antagonizar membros do governo, não faltando surpreendentes bajulações para incensar uns  às custas de outros, invertendo-se os uns e os outros no dia seguinte, sem o menor pudor.

Uma usina de especulações e de presunções alimenta escândalos antes de eles existirem. E se não existirem, pairam virtuais enquanto puderem, até que sejam substituídos por outros numa sequência interminável.

Pode–se argumentar que isso faz parte do cardápio estragado de qualquer imprensa corrompida e mercenária. Mas dos fatos se constata que há alguma coisa além, pois não há nada, absolutamente nada, desde o perfunctório até às questões de vida ou morte, que o governo esteja fazendo bem.

Nada. Mesmo naquilo que ele pouco tem a ver, encontra-se um jeito de envolvê-lo e responsabilizá-lo. Não há nem aquela mal disfarçada intenção de extorquir o governo, de triste memória nesta República. Intenta-se mesmo é a destruição midiática do governo.

Isso poderia continuar sem ser muito notado, não fosse por um absurdo que aconteceu na tarde desta sexta-feira (15/02), que rompeu com o padrão de procedimento esperado de uma imprensa comprometida com a crítica e fiscalização do governo em uma democracia.

Em destaque, a Folha de São Paulo noticiou que “cirurgia de Bolsonaro exigirá pagamento inédito por hospital militar”, sugerindo que a complicadíssima intervenção a que foi submetido o presidente da República no Hospital Albert Einstein em São Paulo, a ser paga pelos cofres públicos, seria um privilégio.  

Na verdade, a notícia é um insulto.

Ao bom senso, à inteligência e às esperanças do  povo brasileiro: insinuar como vantagem indevida a cirurgia vital realizada no presidente vítima de uma tentativa de assassinato durante a campanha eleitoral, que até hoje, inexplicavelmente, não foi apurada.

Esse foi o limite ultrapassado. Do respeito à figura pública e humana de Jair Bolsonaro. Embora aparentemente desimportante, episódica em uma luta pelo poder, a notícia indica algo mais abrangente e perigoso.

Sem que a sociedade se aperceba, o País vai sendo coberto por um manto de discórdia que se alarga cada vez mais e vai corroendo a sensatez em vários níveis de decisão, em desfavor de todos nós brasileiros.

Sempre há um limite. É preciso respeitá-lo.  

**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do Diário do Comércio

IMAGEM: Pixabay

O Diário do Comércio permite a cópia e republicação deste conteúdo acompanhado do link original desta página.
Para mais detalhes, nosso contato é [email protected] .

Store in Store

Carga Pesada

Vídeos

Conversamos com Thaís Carballal, da Mooui, às vésperas da abertura de sua primeira loja física

Conversamos com Thaís Carballal, da Mooui, às vésperas da abertura de sua primeira loja física

Entenda a importância de planejar a sucessão na empresa

Especialistas projetam cenários para o pós-eleições municipais