Leilão da coisa pública

Grupos aliados do governo que reivindicam "cotas" na máquina do Estado estão, em verdade, interessados no assalto ao dinheiro público

Paulo Saab
02/Dez/2014
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Minha tendência é a de acreditar que definir como “leilão” é uma concessão de boa vontade à prática imoral - sem nenhuma ética, e contrária aos interesses nacionais -  de criar cotas e divisões entre os ministérios, estatais, enfim, bens públicos, para dividi-los entre os partidos que dão apoio à candidata reeleita para à Presidência da República.

É comum, como imoral, ouvir-se aqui e ali: fulano é da cota pessoal da presidente. Beltrano é da cota do PT. O PMDB quer mais ministérios dentro de sua cota de participação na base aliada.

O fato de um partido político dar apoio às ações e decisões do governo, tendo uma bancada congressista que vota os interesses do Planalto, na forma de gestão arcaica e corrupta do país, é a moeda de troca para a existência de “cotas” por partido.

Na prática, pode-se perguntar, por que tamanho interesse por nomear correligionários para o comando de cargos públicos relevantes, especialmente se sua dotação orçamentária for elevada?
 
A resposta é fratura exposta: atacar os cofres públicos para favorecer desvio de dinheiro para os partidos, congressistas, membros do governo, empresários malfeitores, para a bandidagem toda que orbita em torno do cofre público. Sim, na visão deles, governo é sinônimo simples de dinheiro público a ser atacado, assaltado.

A briga por cotas e cargos relevantes na disputa de espaço nos postos de governo e estatais é simplesmente uma competição para ver quem vai poder se autocontemplar mais com desvios, licitações fajutas, superfaturamento e toda sorte de falcatruas que se comete na vida pública do país tupiniquim.

Ninguém se aventura a tapas na disputa por cargos, dentro das cotas, para servir ao Brasil de forma mais eficiente. A briga é por dinheiro público, poder, capacidade de pressão, e outras situações que a caneta de decisões do governo permite autorizar, sempre de forma fraudulenta.

Escrevo o óbvio. E a nação assiste a este show de horrores como se natural fosse. É uma indignidade só. Espraiada em todos os níveis de poder e partidos, mas que no plano federal alcança sua proximidade com a perfeição. Como extorquir o pagador de impostos no país em favor de grupelhos políticos e empresariais, que não se constrangem, ao contrário, em chafurdar no lamaçal de corrupção, como o da Petrobras, exemplo visível do que o leilão das cotas produz?

Quando lideranças partidárias sobem nas tamancas, ou melhor, em seus solados de couro italiano, protestando por mais cargos, por cotas mais generosas, não estão pensando em servir ao Brasil, mas dele se servir, como é comum em nossa farta terra.

Quando o candidato derrotado –por pouco- Aécio Neves diz que enfrentou na eleição uma quadrilha criminosa, não parece estar mentindo. Os próceres petistas que se tomam em dores fazem um exercício público de mistificação, porque todos eles sabem, de como funcionam as coisas no país.

Vergonhosamente.

Só com investimento maciço na educação, dando à massa ignorante que vota a capacidade de entender, discernir, e votar com consciência e sem depender das esmolas oficiais, é que isso um dia poderá começar a mudar. Interessa investir em educação para quem briga por “cotas” de cargos públicos importantes? Never.

E aí, o nefasto Gilberto Carvalho, ao lado de Dirceu, Falcão, Marco Top Top Aurélio, Lula, e outros menos votados, um dos apedeutas morais do Brasil, vem dizer que Joaquim Levy foi escolhido para ser ministro da Fazenda porque vai se adaptar ao estilo petista de governar.

Em muitos momentos, para nossa tristeza, o Brasil é mesmo o país da piada pronta.

 

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