Já são 18 os mercados que restringiram a carne brasileira
Para ajustar a produção aos embargos, a JBS suspendeu por três dias a produção de carne bovina em 33 unidades
Levantamento divulgado nesta quinta-feira, 23/03, pelo Ministério da Agricultura mostra que 18 mercados já adotaram algum grau de restrição à entrada da carne brasileira após a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal.
Outros quatro mantiveram o mercado aberto, mas intensificaram a fiscalização, e três apenas enviaram pedidos de informação.
Os dados mostram que o foco de preocupação do ministério permanece. Hong Kong e China seguem sem permitir o desembaraço aduaneiro das cargas de carne e derivados que chegam ao País.
LEIA MAIS: Exportação diária de carne cai de US$ 63 milhões para US$ 74 mil
Além desses dois, suspenderam temporariamente suas importações: Chile, Argélia, Jamaica, Trinidad e Tobago, Panamá, Qatar, México, Bahamas e São Vicente de Granadina.
LEIA MAIS: Denúncias abalam confiança de clientes e açougues, diz sindicato
Outros dois importantes mercados, o Japão e a União Europeia, suspenderam as compras apenas dos frigoríficos alvos da operação.
EUROPA
Entretanto, produtores europeus já se mobilizam para aumentar as barreiras contra a carne brasileira.
Às vésperas de uma reunião em Bruxelas entre os chefes dos serviços de saúde animal do continente, a Confederação Europeia de Agricultores e as maiores cooperativas do continente pedem que a União Europeia amplie as barreiras contras as carnes exportadas pelo País.
Numa carta à Comissão Europeia, as entidades que representam o lobby agrícola - COPA e Cogeca - pedem "uma ação mais dura" contra os produtos brasileiros e mesmo uma reavaliação do acordo que se negocia entre Mercosul e Europa.
Na carta, os produtores pedem que a Europa monitore a investigação no Brasil para garantir que nenhuma outra fábrica possa exportar. Além disso, querem o estabelecimento de um plano para lidar com a fraude no futuro.
ESTADOS UNIDOS
Por enquanto, os Estados Unidos mantiveram seu mercado aberto ao produto brasileiro, apenas reforçando os controles. A mesma coisa fizeram o Vietnã, a Coreia do Sul e a Malásia.
A Rússia, outro grande comprador de carne brasileira, enviou apenas um pedido de informações. Também fizeram isso: Israel e Barbados.
Mesmo os mercados que continuam abertos não estão recebendo carne das plantas alvo da operação. Por decisão do governo brasileiro, esses frigoríficos não têm recebido licenças de exportação.
JBS SUSPENDE PRODUÇÃO
A JBS afirmou, em nota, que suspendeu, por três dias, a produção de carne bovina em 33 unidades das 36 que a empresa mantém no País.
Para próxima semana, a companhia irá operar em todas as suas unidades com uma redução de 35% da sua capacidade produtiva.
"Essas medidas visam ajustar a produção até que se tenha uma definição referente aos embargos impostos pelos países importadores da carne brasileira. A JBS ressalta que está empenhada na manutenção do emprego dos seus 125 mil colaboradores em todo o Brasil", destaca a nota.
A decisão não preocupa os pecuaristas da região no curto prazo. Com pastagens em bom estado graças às chuvas, eles têm condições de manter os animais nas propriedades, destacaram especialistas.
IMAGEM: Thinkstock