Interdição e consequências

Não bastasse o problema que as manifestações provocam, e os prejuízos que acarretam, o trânsito na Rua Boa Vista vem sendo interrompido por decisão da Prefeitura na última sexta-feira do mês

Marcel Solimeo
26/Fev/2018
Economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo
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Interdição e consequências

A Rua Boa Vista tem sido alvo de frequentes manifestações que implicam em interrupção do trânsito que provocam sérios prejuízos não apenas para as atividades econômicas nela localizados, como também na Rua Libero Badaró e adjacências, sem que se constate qualquer ação das autoridades para coibir ou amenizar os impactos negativos dessas paralisações.

Há muito se espera uma regulamentação que estabeleça locais, horários e condições para a realização desses atos, que garantam o livre exercício das manifestações, mas que assegure, também, o direito das empresas de exercerem suas atividades e de deslocamentos da população.

Não bastasse, contudo, o problema que as manifestações provocam, e os prejuízos que acarretam, o trânsito na Rua Boa Vista vem sendo interrompido por decisão da Prefeitura na última sexta-feira do mês, sendo que em janeiro o foi por duas vezes, sem levar em consideração o impacto dessa medida sobre as atividades localizadas na área central, na qual existem muitas empresas legalmente estabelecidas, contribuintes de impostos, geradoras de emprego e de renda.

Embora se possa considerar meritório o objetivo visado de reduzir o uso do transporte individual e a poluição, deve-se ponderar que o caminho para isso deve ser o da conscientização da população e, especialmente, a oferta de transportes alternativos de qualidade, não sendo justo que apenas uma parcela das empresas e dos cidadãos sejam atingidos pelas restrições.

Acresce notar que mesmo o objetivo de reduzir a poluição com essa medida, se torna discutível se considerarmos os congestionamentos provocados pela interdição de uma das mais importantes vias de ligação do trânsito na área central.

A reação negativa que se vem observando por parte dos empresários estabelecidos na região central é justa pois seus negócios são fortemente atingidos pela restrição à circulação de veículos, mas seus encargos, inclusive tributários, continuam sendo devidos.

Em um período de grandes dificuldades da economia, em que o Poder Público deveria estimular o empreendedorismo e o fortalecimento das empresas não tem sentido que sejam impostas medidas que prejudicam suas atividades, com base em intenções aparentemente válidas, mas que refletem visões parciais da realidade.

FOTO: William Chaussê/Diário do Comércio

 

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