Inflação já estoura o teto e deve continuar a acelerar em abril
O forte reajuste dos preços de remédios e a elevação do consumo, impulsionada pela volta do auxílio emergencial, começam a influenciar o IPCA
O IPCA continuou a acelerar em março, ultrapassando, em 12 meses, o limite máximo permitido pela meta anual, de 5,25%, refletindo, tal como mostra a evolução do IGP-DI, o repasse dos maiores custos de produção.
Para abril, a inflação deve continuar se intensificando, adicionando-se ao quadro anterior o forte reajuste dos preços de remédios e a elevação do consumo, impulsionada pela volta do auxílio emergencial.
Em março, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mostrou elevação de 0,93%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ante 0,86% registrado no mês anterior, abaixo das expectativas de mercado, porém, forte o suficiente para levar a variação anual (em 12 meses) a 6,1%.
Esse resultado ultrapassa com folga não somente a meta anual perseguida pelo Banco Central (3,75%), como também seu limite máximo permitido (5,25%), o que não ocorria desde novembro de 2016.
O aumento dos preços dos combustíveis e do gás de botijão, devido aos maiores valores cobrados nas refinarias e à maior cotação do dólar, foram os principais responsáveis pela alta mensal. Em termos anuais, os maiores custos de produção, pressionados pelas maiores cotações das matérias primas agrícolas e industriais e pela desvalorização do Real, começa a ser repassada aos preços finais, configurando a tendência crescente do IPCA.
O gráfico abaixo, que mostra a variação em 12 meses desse índice versus a do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), cuja aceleração tem sido fortemente influenciada pela pressão dos preços no atacado, permite apreciar a semelhança entre suas trajetórias, principalmente a partir de maio do ano passado.
De fato, apesar de o IGP-DI ter anotado leve arrefecimento em março, com alta de 2,17%, em 12 meses, acelerou para 30,63%, impulsionado principalmente pelos aumentos dos preços das matérias primas industriais (IPA IND), tais como diesel, gasolina e adubos, refletindo suas maiores cotações no mercado internacional, intensificadas pela elevação da taxa de câmbio.
No caso da inflação dos insumos agrícolas (IPA AGRO), é possível notar certa descompressão devido à nova safra, que poderá marcar novo recorde, mas, ainda assim, sua taxa anual continua bastante elevada.
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