Indicador de desemprego recua 0,10 ponto em maio
O mercado de trabalho chegou ao fundo do poço e está pronto para iniciar uma trajetória de recuperação, segundo pesquisador da FGV
O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) recuou 1,2 ponto em maio ante abril, para 99,3 pontos, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV).
O índice avalia a expectativa em relação ao futuro do mercado de trabalho, com base na opinião de consumidores e empresários da indústria e do setor de serviços.
Já o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) apresentou queda de 1,2 ponto em relação ao mês anterior, atingindo 97,3 pontos, mantendo o movimento descendente do indicador em médias móveis trimestrais, conforme a FGV.
No caso do IAEmp, foi o segundo mês seguido de "relativa estabilidade", após três meses consecutivos de alta, quando acumulou avanço de 10,5 pontos, destacou a FGV.
Devido ao avanço recente, a entidade descarta, por enquanto, uma reversão de tendência no indicador, que vinha apontando "melhora gradual das condições, ainda precárias, do mercado de trabalho".
LEIA MAIS: Interior do país lidera corrida pela recuperação do emprego
"O recuo do IAEmp pode refletir alguma perda de confiança quanto à recuperação da economia brasileira ao longo dos próximos meses devido ao aumento da incerteza (principalmente política)", diz a nota divulgada há pouco pela FGV.
A entidade informou que os componentes que mais contribuíram para a queda do IAEmp foram os indicadores que medem o grau de "satisfação com a situação dos negócios no momento atual" e o "otimismo para os próximos seis meses", que recuaram 4,3 e 3,6 pontos, respectivamente.
Já a queda no ICD, ainda que pequena, mantém a perspectiva de redução na taxa de desemprego nos próximos meses.
De acordo com a FGV, a classe de renda que mais contribuiu para a queda do indicador foi o grupo dos consumidores que auferem ganho mensal familiar entre R$ 4.800,00 e R$ 9.600,00, cujo "Indicador de percepção de facilidade de se conseguir emprego (invertido)" recuou 2,5 pontos.
"Os dados do ICD e do IAEmp estão alinhados com os atuais eventos da economia brasileira. O pequeno recuo do ICD cristaliza as quedas sucessivas dos meses anteriores, mostrando a melhora das perspectivas de redução da taxa de desemprego. No entanto, o aumento da incerteza pode reverter este quadro", diz a nota da FGV.
O ICD é construído a partir dos dados desagregados, em quatro classes de renda familiar, da pergunta da Sondagem do Consumidor que procura captar a percepção sobre a situação presente do mercado de trabalho.
Já o IAEmp é formado por uma combinação de séries extraídas das Sondagens da Indústria, de Serviços e do Consumidor, todas apuradas pela FGV. O objetivo é antecipar os rumos do mercado de trabalho no país.
FUNDO DO POÇO
O mercado de trabalho chegou ao fundo do poço e está pronto para iniciar uma trajetória de recuperação, na esteira da retomada da atividade econômica, mas tudo dependerá do nível de incerteza daqui para a frente, mostram os dados dos indicadores antecedentes da Fundação Getulio Vargas (FGV).
A análise é de Fernando de Holanda Barbosa, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV).
Mais cedo, a FGV informou que o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) recuou 1,2 ponto, em maio ante abril, para 99,3 pontos, enquanto o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) apresentou queda de 1,2 ponto em relação ao mês anterior, atingindo 97,3 pontos.
O ICD é construído a partir dos dados desagregados, em quatro classes de renda familiar, da pergunta da Sondagem do Consumidor que procura captar a percepção sobre a situação presente do mercado de trabalho. Já o IAEmp é formado por uma combinação de séries extraídas das Sondagens da Indústria, de Serviços e do Consumidor, todas apuradas pela FGV. O objetivo é antecipar os rumos do mercado de trabalho no país.
Apesar do recuo, o IAEmp manteve-se em nível elevado, destacou Barbosa Filho. "As pessoas ainda estão otimistas com o mercado de trabalho no futuro. Agora, precisamos ver se a incerteza vai subir", disse o pesquisador.
Para Barbosa Filho, está "tudo pronto" para a pior crise econômica da história ter passado.
"Batemos no fundo do poço. O problema é que a trajetória de recuperação já não é a mesma", disse o pesquisador, referindo-se às incertezas criadas pela crise política instaurada após a revelação das delações premiadas de executivos do frigorífico JBS, que envolvem o presidente Michel Temer.
A trajetória de recuperação já não é a mesma porque, na análise de Barbosa Filho, há risco de as reformas perderem fôlego no Congresso Nacional.
A incerteza agora é se essa perda de fôlego significa apenas uma redução no ritmo do rumo do governo na direção das reformas ou se implicará uma mudança de rota.
Nesse quadro, a reforma da Previdência é mais importante do que a reforma trabalhista.
Para Barbosa Filho, a flexibilização das regras do mercado de trabalho pode ajudar na recuperação do emprego quando a atividade econômica for retomada. O problema é que isso só ocorrerá de forma sustentada quando houver o encaminhamento do problema fiscal, que passa pela Previdência.
"O gatilho para a recuperação é a solução fiscal", disse Barbosa Filho.
FOTO: Thinkstock
Atualizado às 16h45