Incêndio consome shopping no Centro. Alobrás sugere novo endereço a lojistas afetados

Fogo começou às 6 horas no Shopping 25, no Brás, e só foi controlado próximo ao meio-dia. Fumaça podia ser vista a quilômetros do local

Rebeca Ribeiro e Mariana Missiaggia
30/Out/2024
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Incêndio consome shopping no Centro. Alobrás sugere novo endereço a lojistas afetados

O desespero tomou conta dos comerciantes do Brás, no Centro de São Paulo, na manhã desta quarta-feira, 30/10. Um dos centros de compras mais movimentados da região, o Shopping 25, que abrigava cerca de 1 mil box em seus 18 mil metros quadrados de área, ardia em chamas. A coluna de fumaça preta, que podia ser avistada de diferentes regiões da cidade, dava a real dimensão do incêndio.

Ao se aproximar da rua Barão de Ladário, onde funcionava o shopping, o cheiro forte das mercadorias queimando obrigava as pessoas a usarem máscaras. Os únicos comerciantes que ainda trabalhavam nas imediações eram os camelôs, que vendiam as máscaras por R$ 2. No entorno do incêndio, as ruas Oriente, Miller e Conselheiro Belisário foram bloqueadas. A maioria das portas dos estabelecimentos dessa área nem chegou a ser levantada.

A música ambiente das lojas e os gritos de promoção deram lugar às sirenes de ambulâncias e dos carros de bombeiros. Ao menos 75 homens da corporação e 22 viaturas atuavam na manhã desta quarta para conter o fogo. Muitos comerciantes tentavam auxiliar no combate. Em vídeos compartilhados por quem trabalha na região é possível ver lojistas e funcionários do shopping usando mangueira, em meio à fumaça densa que se espalhava pelo prédio. Muitos deles com peças de roupas amarradas no rosto para se proteger.

Outros começavam a contabilizar os prejuízos. Margarete Faqui, dona de dois boxes no Shopping 25 Brás há quatro anos, conta que estava na loja quando o incêndio começou. “A fumaça subiu, todo mundo começou a gritar ‘fogo, fogo’. Quando percebi, a fumaça já tinha tomado conta da loja”, lembrou a comerciante, que estima um prejuízo de R$ 500 mil. Mesmo com um ponto em outra rua na região, a lojista diz ter perdido os pontos que recebem mais clientes.

Também lojista do shopping 25, Edcarlos dos Anjos assistia à cena conformado com o prejuízo. Ele tocava um ponto no shopping há três anos. Quando o incêndio começou, estava na loja. Conseguiu pegar algumas mercadorias, mas estima um prejuízo de mais de R$ 200 mil com a perda das vendas do final do ano. “Vou ter que recorrer ao on-line para tentar reverter um pouco a situação.”

O shopping, onde funcionavam cerca de 1 mil box, foi consumido pelo fogo. O telhado desabou. Uma perícia será feita para verificar o estado da estrutura do prédio (Imagem: reprodução)

 

O incêndio só foi dominado 6 horas mais tarde, por volta do meio-dia. O shopping foi consumido pelo fogo. O telhado desabou. Até o início da tarde, não havia informações sobre vítimas fatais ou em estado grave. Três pessoas foram socorridas com ferimentos leves e enviadas a hospitais.

O resultado da perícia para determinar as causas do incêndio deve sair nos próximos dias, mas no boca-a-boca dos comerciantes que operavam no shopping, o fogo começou devido a um ventilador esquecido ligado. Outros lojistas relataram que o shopping ficou sem energia elétrica na tarde da última terça-feira (29), o que indicaria algum tipo de manutenção na fiação.  

Os comerciantes das ruas próximas ao shopping também calculam suas perdas. Com a rua Oriente interditada, o lojista Rodrigo Souza não pôde abrir a loja. Ele diz que ficou sabendo da situação através da mãe, que chegou às 6h40 para abrir o ponto e se deparou com o caos.

Na rua Miller, também interditada, André Hong, dono da loja Prima Donna, temia que o fogo espalhasse para a sua loja, que tem o fundo colado com o Shopping. Ele acredita que terá que ficar fechado por dois dias. Esse também é o caso do Shopping Stunt.

Ruas do entorno do shopping, como a Oriente, Miller e Conselheiro Belisário, foram interditadas. Lojas nem chegaram a subir as portas (Imagem: Rebeca Ribeiro/DC) 

 
Em entrevista ao portal G1, portal de notícias da Globo, o Corpo de Bombeiros afirmou que o prédio está com o Auto de Vistoria (AVCB) vencido desde agosto. A licença deve ser renovada periodicamente como forma de garantia de que a edificação está seguindo as regulamentações de segurança contra incêndio da corporação.
 
Mesmo sem o AVCB, o shopping não precisaria ser fechado e poderia estar funcionando em fase de regularização. Mas seria necessário ter bombeiro civil disponível no local durante o horário de funcionamento.
 
Já o certificado de segurança do shopping foi emitido pela Prefeitura em 2022 e é válido até 2027, de acordo com a Coordenadoria de Controle e Uso de Imóveis (CONTRU). Isso significa que os hidrantes e todas as estruturas de combate a incêndio deveriam estar em bom estado.
 
RESCALDO
 
Observando tudo da rua Oriente, na altura do número 500, Lauro Pimenta, vice-presidente da Alobras, associação que organiza os lojistas da região, diz ainda não ser possível dimensionar o tamanho da perda para os comerciantes afetados diretamente pelo fogo.
 
Pensando em atitudes imediatas, o representante da Alobras vê como única opção deslocar os lojistas do Shopping 25 para o Shopping Circuito das Compras, onde, segundo ele, há uma vacância de 2 mil boxes.
 
Já para aqueles que estão com suas lojas fechadas por conta da interdição, Pimenta aguarda definições rápidas da Prefeitura. Ele, que administra a Dejelone, loja de moda que funciona na rua Oriente, onde três quarteirões estão interditados, estima ter perdido no dia de hoje cerca de R$ 30 mil e o prejuízo vai se acumulando se os dias forem passando. Aos sábados, por exemplo, seu melhor dia de movimento, essa perda seria de, no mínimo, o dobro do valor.
 
"Temos que esperar a intervenção da Prefeitura, mas ao mesmo tempo temos que ser rápidos nas decisões. Esses lojistas precisam de uma referência. É muito desalento", diz.
 
 
IMAGEM DE ABERTURA: Alan Silva/DC

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