Hirota entra na disputa por clientes de restaurantes gourmet
Em parceria com o IFood, rede paulista de supermercados começa a entregar pratos, a partir de R$ 39,90, com assinatura do chef Daniel Henrique Matias, em até 50 minutos
Um dos principais players do setor supermercadista de São Paulo, a rede Hirota, decidiu colocar a marca em disputa em um novo negócio: o de restaurantes gourmet.
Em parceria com o IFood, cliente ou não do Hirota já pode pedir pratos, feitos pelo chef Daniel Henrique Matias, com mais de 20 anos de experiência em gastronomia, para comer em casa.
Em um raio de 10 km a partir de sua cozinha, localizada no bairro do Ipiranga, o Hirota promete a entrega de qualquer prato, a partir de R$ 39,90, em até 50 minutos.
Esse preço é de uma porção com seis unidades de bolinhos de Pirarucu, que serve até duas pessoas. Filé mignon à parmegiana individual custa R$ 59,90.
Há opções também com aves, suínos e massas. Nhoque ao molho de shitake para duas pessoas custa R$ 79,90.
Há pelo menos duas décadas, o Hirota, com 17 lojas em São Paulo, já acumula a experiência em oferecer comida pronta para os clientes no modelo self-service.
Aliás, essa ideia o presidente da rede, Francisco Hirota, trouxe dos Estados Unidos, após visitar uma loja da Wegmans Food Markets, rede fundada em 1916, em Rochester, Nova York.
“O sonho do sr. Francisco é que o Hirota seja cada vez mais conhecido como uma solução em alimentação”, afirma Hélio Freddi Filho, diretor da rede.
A aposta da empresa é em dois tipos de clientes, os que já frequentam e conhecem o modelo self-service, geralmente em ilhas no meio da loja, e os cadastrados que participam de ofertas.
O clube de vantagens do Hirota possui cerca de 400 mil clientes. “Vamos trabalhar com esse público e com pessoal que costuma pedir comida em restaurantes”, afirma Freddi Filho.
O Hirota possui há pouco mais de uma década uma unidade para produção de comida refrigerada, localizada na Rua Gaspar Fernandes, onde também funciona uma de suas lojas.
Cerca de 150 funcionários dão conta de produzir 2 toneladas de alimentos refrigerados por dia para as 17 lojas. No caso do modelo self-service, cada unidade tem a sua cozinha.
“Já temos o know-how para produzir e servir alimentação. Faltava ir para uma linha mais gourmetizada e competir com restaurantes no iFood”, diz.
O setor de alimentação representa 3,8% do faturamento total do Hirota, da ordem de R$ 800 milhões anuais. Com o novo negócio, a rede espera elevar este percentual para perto de 5%.
TENDÊNCIA
Sérgio Molinari, consultor especializado em food- service, diz que supermercado servir comida para o cliente é tendência no mundo, principalmente nos Estados Unidos.
A Wegmans, diz, nem é um case de delivery, mas é forte no modelo ‘grab and go’ (pegue e leve), assim como a rede Whole Foods, dos EUA, com opções ‘read to eat’ (pronto para comer).
“O acordo do Hirota com o IFood é uma inovação, uma extensão de negócios, que fideliza o cliente, traz mais receita para a empresa e mais oportunidade de vendas”, diz Molinari.
Agora, para ele, não é toda a rede que consegue ter sucesso com esse negócio. O Hirota sai na frente, diz, porque já tem uma estrutura montada e conhece o mundo da alimentação.
“O varejo de supermercado sempre foi focado na atividade de compra e venda de produto, não como um agregador de serviço”, diz.
Se uma rede estiver num processo muito inicial de servir alimentos, pode ser que o cliente não enxergue a marca com força no negócio da alimentação.
“O Hirota vem construindo há muito tempo essa imagem”, afirma.
No caso de refeição, diz Molinari, o consumidor gosta de comprar de marcas que ele confia, sente segurança. “Uma boa reputação pode ajudar a ter sucesso no delivery”, diz.
Food service em supermercado, diz, pode ser de várias formas, com cafeteria, hamburgueria, sushi bar, restaurante, comida pronta para levar para casa.
“Os supermercadistas começaram a se perguntar. Se o cliente que vai até a loja compra comida pronta, por que eu vou deixar a venda para outra empresa? E aí começou o movimento.”
Molinari, que é fundador da Food Consulting, estima que, hoje, no Brasil, excluindo as padarias, a alimentação não deve chegar a 2% no faturamento das redes.
Um negócio, diz, que tem potencial para grande crescimento no Brasil.
IMAGENS: Hirota/divulgação