Grupo de shoppings cria marketplace que acolhe lojistas de fora de seu mix
A recém-lançada Shoplog, do Grupo Saphyr, conta com logística integrada via delivery e disponibiliza estruturas de marketing e comercial para pequenos negócios ampliarem vendas
Dados da Ebit|Nielsen apontam que as vendas pelo e-commerce cresceram 47% no 1º semestre de 2020. Com a mudança forçosa de comportamento do consumidor por conta do isolamento social, 63% das experiências de compra hoje iniciam pela internet. Ou seja, quem nunca comprou on-line, teve de passar a fazê-lo.
Não é de hoje que dá para comprar no shopping sem sair de casa - vide estratégias ativas há pelo menos dois anos, como a da BR Malls e sua parceria seguida investimento com o Delivery Center. Ou a criação, pela CCP Cyrela, de um marketplace para unificar produtos dos 300 lojistas residentes em seus shoppings.
A pandemia acelerou o processo de transformar shoppings em plataformas que facilitam o ingresso de pequenos lojistas no ambiente digital. Mas agora o acesso vale também para empreendedores fora desse mix por meio da Shoplog, lançada neste mês de agosto nos 12 empreendimentos da Saphyr Shopping Centers.
Espécie de marketplace com estrutura de gestão e de expedição logística via delivery, a plataforma, que nasceu "bem antes da pandemia, pois estava mapeada como tendência do setor", segundo Rodrigo Silva, líder do projeto, é uma das estratégias de multicanalidade do grupo que vai além de oferecer vendas on-line.
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"Assumimos o relacionamento de compra e venda do lojista e seu cliente desde o click no portal do shopping que ele escolher, até a entrega do produto na casa dele ou na retirada no ponto de entrega Shoplog", explica.
Além da força da marca de cada shopping que o lojista acessar para vender seus produtos via Shoplog, ele também terá acesso à sua estrutura de vendas e marketing, explica Silva.
"Nossa capilaridade permite que o empresário opte pelo shopping localizado perto do público de interesse dele, oferecendo a seus clientes a possibilidade de escolher, comprar e receber o produto no conforto de casa, ou escolher e comprar em casa, mas retirar no shopping e já sair com a compra nas mãos."
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De acordo com a Saphyr, a implementação do projeto nos shoppings do grupo - que em São Paulo são o Granja Vianna, em Cotia, Pátio Cianê, em Sorocaba, Supershopping, em Osasco, e Metrô Tucuruvi, na capital - iniciou neste mês, mas já existe uma grande aderência de lojistas, diz o líder do Shoplog.

"Antes mesmo do início da implementação, 40 lojistas, entre âncoras e pequenas, já tinham aderido", destaca.
Qualquer lojista que tenha interesse em ingressar ou migrar para o canal on-line de vendas da Sapphyr poderá fazê-lo a partir de outubro.
FUTURO DA INDÚSTRIA
Em tempos de medidas restritivas e horário reduzido dos shoppings, a estratégia da Saphyr para ampliar as vendas, principalmente dos pequenos lojistas, também oferece tecnologia de integração.
A plataforma inclui gestão do estoque, de meios de pagamento, recolhimento do produto, garantia de entrega na casa do cliente e até suporte no atendimento para esclarecimentos de dúvidas.
Para o cliente, a solução também promete ser simples: basta entrar no site do shopping e fazer suas compras. A loja separa o produto, um shopper busca o pedido e leva à expedição, de onde é enviado para a casa do comprador, que pode receber a compra no mesmo dia, ou retirar no serviço de drive-thru do shopping.
Essa não é a primeira incursão dos shoppings da Saphyr no ambiente digital com logística via delivery. No início de 2019, o shopping Metrô Tucuruvi foi o primeiro do Brasil a participar de um projeto-piloto e assinar contrato com a startup colombiana Rappi, para realizar entrega de produtos de suas 230 lojas em uma hora.
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O novo projeto, com a Shoplog, é baseado em uma estrutura logística bem mais ampla do que a da parceria com a Rappi, de acordo com Rodrigo Silva. Pela plataforma, o lojista escolhe de onde o produto será retirado para envio ao cliente ou para o ponto de entrega da plataforma no shopping center que ele escolheu.
"O produto não precisa necessariamente sair do ponto shopping center para o ponto do cliente: a logística é customizada de acordo com o interesse estratégico do lojista", destaca.
Para Thiago Lima, CEO da Saphyr Shopping Centers, a nova plataforma vai ajudar a potencializar a capacidade empreendedora do varejo, oferecendo produtos e serviços digitais que atendam às demandas dos clientes.
"Queremos criar experiências memoráveis além do limite físico dos shoppings. Esse é o futuro da indústria.”
Se a pandemia mudou radicalmente as relações comerciais, a própria competição entre os shoppings vai levar a modelos de plataforma como a Shoplog, estendida a lojistas fora do mix, segundo Cláudio Felisoni de Angelo, economista e presidente Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar).
O professor afirma que esses processos ocorrem com mais intensidade em momentos recessivos, já que a única maneira de crescer é sobre a parcela do concorrente, uma vez que não há volume adicional de renda.
"Como não há crescimento consistente das vendas em shoppings, eles também se reinventaram com vendas à distância. E agora devem crescer mais rapidamente, pois as pessoas se habituaram a esse tipo de operação."
E para o pequeno negócio? "Se for competente e oferecer produtos interessantes, será um canal de vendas a mais", diz. "Mas quem ganha é o consumidor, que encontra cada vez mais opções e experiências de compra."
FOTOS: Divulgação/Saphyr