Glossário do empreendedor: o que é protótipo
Representação física de uma ideia em estágio inicial, o protótipo é um jeito de comunicar de forma clara e objetiva o conceito de produto, serviço e modelo de negócio. Um passo essencial para acalmar investidores desconfiados

Imagine a seguinte situação: um amigo “inventor” diz que está desenvolvendo um novo produto – uma cadeira. Ele afirma que ela será confortável, resistente e compacta.
Para provar a originalidade de sua ideia, ele te apresenta uma extensa ficha técnica com os materiais de fabricação e um quadro de referência, com cores, formas e texturas. Por fim, ele te pede emprestado R$ 50 mil para iniciar a fabricação em série do modelo da cadeira.
Não que você duvide da genialidade do seu amigo, mas ficaria muito mais convencido da ideia se pudesse ver, sentar e mostrar a cadeira para outras pessoas. Ou seja, experimentar um protótipo.
Um protótipo serve exatamente para tirar dúvidas sobre uma inovação. É uma representação física de uma ideia em estágio inicial – uma forma de comunicar de forma clara e objetiva a intenção de um projeto, que pode ser um produto, serviço, processo, modelo de negócio, entre outros.
O termo tem origem grega: Protós (primeiro) e Typos (tipo), que significa primeiro tipo ou modelo. Saiba mais sobre o termo:
BENEFÍCIOS DA PROTOTIPAGEM
A prototipagem é uma das etapas do design thinking, metodologia de criação de soluções baseada nas demandas do cliente – e que tem origem no processo criativo de designers.
O processo também tem como vantagens o envolvimento de equipes multidisciplinares com o intuito de gerar ideias inovadoras e inesperadas – a solução final pode ser completamente diferente da ideia original. É um processo vivo de aprendizagem.
Na prática, o protótipo ajuda a consolidar ideias, hipóteses e receber opiniões de usuários de maneira simultânea e rápida. Por meio da experimentação, a ideia pode ser aprimorada e adaptada. Conforme o processo avança, outros protótipos são criados com maior grau de fidelidade – até o lançamento do produto final.
Um protótipo não precisa ser uma representação fiel do objeto final. Pelo contrário, para garantir agilidade e baixo custo, o protótipo pode ser uma prévia rudimentar da solução. O importante é entregar a essência do resultado final e garantir interação satisfatória com o usuário.
Em processos de design thinking, é comum o desenvolvimento de protótipos com massa de modelar, lego e cartolina – muitas vezes usadas para representar telas de aplicativos de smartphones.
Um caso mundialmente conhecido de prototipagem é o da americana Zappos, loja virtual de sapatos, roupas e acessórios.
Em 1999, Nick Swinmurn e Tony Hsieh, respectivamente fundador e primeiro investidor da Zappos, queriam validar a hipótese de vender calçados pela internet.
Hsieh, então, visitou lojas físicas de sapatos em Las Vegas e tirou fotos dos produtos. Depois, criou um blog (não um site) e publicou as ofertas – um protótipo do que seria uma loja online.
Quando um cliente fazia um pedido, Hsieh comprava o mesmo modelo na loja física, enviava ao consumidor por correio e ouvia a sua opinião sobre o produto e a entrega. Antes de investir em tecnologia, estoque e logística, os sócios validaram a ideia tendo como foco o cliente – e sua aderência ao novo modelo de negócio.
No ano seguinte, a Zappos faturou US$ 1,6 milhão. Em 2009, a empresa foi incorporada pela Amazon, num acordo que movimentou cerca de US$ 1,2 bilhão.
CONCEITOS SIMILARES
No universo de startups, um protótipo de modelo de negócio é chamado de Produto Mínimo Viável, ou Minimum Viable Product (MVP).
Fundada em 2011, a empresa Easy Taxi, uma das pioneiras de aplicativos de solicitação de táxis no Brasil, teve como MPV um site com apenas uma caixa de texto, que exibia três perguntas: “Qual é seu nome e telefone?”, “Qual é seu endereço?” e “Para onde você vai?”.
Quando o usuário clicava no ícone “Pedir Táxi”, as informações eram disparadas para o e-mail do Tallis Gomes, fundador da Easy Taxi, que entrava no Google Maps e buscava o ponto de táxi mais próximo da localização do cliente.
Gomes, então, ligava no ponto e solicitava a corrida. Depois, ligava para o usuário informando o nome do taxista, modelo e placa do veículo e tempo de espera estimado.
No início da operação, o Easy Taxi só aceitava como destinos Ipanema e Leblon – uma forma de controlar tempo e recursos enquanto coletava opiniões dos usuários para validar e aprimorar o serviço. O resto é história e pode ser visto nas ruas do país.