Glossário do empreendedor: o que é 'growth hacking'
Usado por startups, conjunto de técnicas digitais e criativas ajudam empresas a conquistarem grande número de usuários em pouco tempo
No mundo do empreendedorismo, algumas histórias parecem jogadas de sorte. Empresas com crescimento exponencial em poucos anos, startups que nascem em universidades e arrecadam grandes investimentos e empreendedores que se tornam milionários.
Mas como depender do acaso para ter sucesso é no mínino arriscado, uma alternativa é o empreendedor se preparar e criar suas próprias oportunidades. É aí que entra em cena o growth hacking, um conjunto de técnicas utilizadas, geralmente, por startups de tecnologia para gerar ideias e soluções, angariar muitos usuários e fazer o negócio decolar.
Práticas de growth hacking têm início com o monitoramento e análise de dados sobre o comportamento dos usuários e tendências de mercado.
A partir da apuração, a empresa desenvolve experimentos para explorar canais e atingir o usuário com mensagens persuasivas, cativantes e criativas de uma maneira que pareça natural, como em redes sociais, blog da empresa e troca de e-mails.
Um bom exemplo de comunicação cativante foi usado pelo Hotmail, fundado em 1996 por Sabeer Bhatia e Jack Smith. Os sócios convidaram amigos para testar as funcionalidades de um protótipo do novo provedor de e-mail.
Eles, então, tiveram a ideia de exibir um pequeno texto abaixo das mensagens que eram enviadas pelos amigos. O texto dizia “PS: I Love You. Get your free e-mail at Hotmail at the bottom” (PS: Eu te amo. Obtenha seu e-mail gratuito Hotmail).
A ideia era usar a rede de contato dos amigos e fazer com que as próprias pessoas espalhassem a novidade. O impacto foi instantâneo. Na primeira hora, 300 pessoas se cadastraram no site. No segundo dia, 3.000. Seis meses depois, o Hotmail atingiu mais de 1 milhão de usuários.
ORIGEM
O termo growth hacking foi criado pelo americano Sean Ellis, profissional de marketing que atuou em diversas empresas de tecnologia, como DropBox, e fundou o Growthhackers.com, portal de conteúdo e rede colaborativa sobre processos de crescimento acelerado.
Em 2010, Ellis escreveu um artigo em seu blog em que abordava os desafios de uma startup ganhar escala e quais atribuições um profissional focado em crescimento deveria possuir.
“O profissional deve ter um desejo ardente de ligar a solução da empresa ao seu público-alvo”, afirmou Ellis. “Precisa ter criatividade para descobrir maneiras únicas para conduzir o crescimento e testar e evoluir técnicas já comprovadas por outras empresas.”
FERRAMENTAS ÚTEIS
Existem algumas ferramentas e práticas digitais que ajudam em processos de growth hacking.
Uma das mais comuns é o marketing de conteúdo, em que uma empresa fornece conteúdo relevante sobre sua área de atuação em blogs – mas sem fazer propaganda.
A empresa pode postar artigos, vídeos e infográficos. A ideia aumentar a visibilidade da marca e o tráfego do site, ao mesmo tempo em que capta dados dos potenciais clientes.
Outro meio é usar técnicas de SEO (Search Engine Optimization). O método consiste em usar palavras-chave no site para que a página fique mais bem posicionada nos resultados orgânicos do Google.
Utilizar links patrocinados no Facebook e Twitter também pode atrair muitos usuários. Neste caso, o cuidado maior é o teor da mensagem a ser trabalhada e segmentação do público. O Facebook Ads, por exemplo, permite segmentação de público por dados demográficos, localização, interesses, comportamentos e conexões.
Em 2015, a marca francesa de preservativos Durex lançou a campanha #LoveBot no Twitter.
Toda vez que um usuário publicava uma mensagem com um emoji de coração partido, um sistema automatizado identificava e conectava o usuário com outro membro da rede que também tinha utilizado o mesmo emoji – juntava duas pessoas que tinham passados por desilusões amorosas recentemente.
O objetivo da Durex era criar um burburinho em torno da marca, relacionar os seus produtos ao tema amor e angariar seguidores na rede.
IMAGEM: Thinkstock