Fraudes nos pedidos de compras on-line diminuem em 2021
Serviço antifraude da Konduto/Boa Vista aponta, em estudo, que em 2021 foram evitados mais de R$ 7,2 bilhões em prejuízos em cerca de 25 milhões de tentativas de compras fake
A participação das tentativas de fraude no total de pedidos feitos no comércio eletrônico brasileiro diminuiu entre 2020 e 2021, passando de 2,07% para 0,94%. O valor das tentativas de compras “fake” representou 1,35% do valor transacionado no ano passado, contra 3,07% em 2020.
Os dados são do "Raio-x da Fraude", relatório elaborado pela Konduto, vertical de antifraudes da empresa de inteligência analítica Boa Vista.
Em números absolutos, as tentativas evitadas pelo serviço Konduto de fraude aumentaram 66% em 2021, atingindo 25 milhões, contra 15 milhões de golpes frustrados no ano anterior. Estas tentativas evitadas somaram R$ 7,27 bilhões, ante R$ 3,5 bilhões em 2020. Ou seja, os valores envolvidos mais do que dobraram.
O “tíquete médio” das fraudes abortadas subiu 3,8 vezes, de R$ 289,21 em 2020 para R$ 321,77 em 2021. Já o valor médio das compras reais ficou praticamente estável, passando de R$ 116,96 para R$ 122,66.
De acordo com Tom Canabarro, diretor de soluções antifraude da Boa Vista Serviços, os números mostram que a quantidade de vendas não-fraudulentas têm aumentado exponencialmente nos últimos anos.
O movimento foi impulsionado pela pandemia, já que os consumidores passaram a usar o e-commerce com mais frequência para realizar compras habituais. "Por isso, mesmo com grande aumento do volume e, ainda mais, dos valores envolvidos nas fraudes evitadas a participação das compras ‘fake’ caiu em relação ao total”, explica.
O especialista afirma que os números também mostram que o serviço de combate às fraudes no comércio eletrônico, baseado na análise do comportamento dos golpistas e somado à inteligência artificial, aumentou a sua eficiência.
"Em 2021, aumentou em 92% o número de pedidos analisados, mas a participação daqueles que eram fraudulentos em relação ao total caiu”, completa.
CONHECER OS HÁBITOS DO FRAUDADOR É FUNDAMENTAL
Considerado um vVerdadeiro mapa do comportamento dos fraudadores brasileiros, o Raio-X da Fraude mostra o quanto é importante conhecer os detalhes de seu modus operandi.
Em 2021, por exemplo, o número de ataques realizados pelo celular representou 70% das tentativas, contra 62% em 2020 e apenas 20% em 2016. “Assim como o consumidor tem utilizado cada vez mais o celular para comprar, os fraudadores seguem o mesmo caminho, deixando os computadores em segundo plano”, afirma Canabarro.
Ao mesmo tempo em que os celulares se destacam como favorito dos fraudadores, o navegador Google Chrome tem sido a plataforma preferida para as compras (77,5% do total) – e também para as fraudes (59%).
No entanto, o Raio-X da Fraude mostra um crescimento preocupante das fraudes praticadas pelo Firefox: respondendo por apenas 1,69%% dos pedidos totais, p navegador foi usado em 25,4% das compras “fake”.
O relatório da Konduto/Boa Vista mostra ainda as semelhanças e diferenças entre o comportamento do fraudador e o do consumidor comum. Os dias com maior volume de vendas, assim como das tentativas de fraudes é de segunda a sexta-feira. Ao contrário do que se poderia imaginar, os fraudadores (como os clientes normais) evitam fazer pedidos durante a madrugada. O horário preferido para compras, d para golpes, é entre meio-dia e meia-noite.
As diferenças começam no valor médio dos pedidos feitos por golpistas e consumidores. Viagens, itens em geral mais caros e mais fáceis de repassar a terceiros, são as preferidas dos golpistas (27,5% do total), enquanto os consumidores comuns preferem acessórios e utilidades (28,69%) e alimentos e bebidas (24,65%).
MAPA DA FRAUDE POR ESTADOS
O levantamento mostra ainda em que estados brasileiros acontecem mais fraudes. Como maiores mercados, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais concentram mais de 60% das compras e fraudes. Mas houve uma mudança importante na divisão entre os três, comparando os dados de 2020 e os do ano passado.
O Rio de Janeiro, que no ano anterior tinha quase tanta participação nas fraudes (10,5%) quanto no total de pedidos (11,6%) em 2021 viu sua participação crescer mais (para 24,9%) nas vendas reais do que nos golpes (14%).
São Paulo, por outro lado, viu inverter o quadro de participação nas compras reais versus fraudes. Se em 2020 tinha maior participação no quadro nacional nos pedidos (34,9%) do que em tentativas de fraude (27,6%),em 2021 este retrato se inverteu, passando a 36,67% das fraudes nacionais, contra 36,16% nas transações reais.
Já Minas Gerais teve um crescimento maior na fatia de pedidos dos consumidores comuns (de 10,23% para 15,13%) do que no seu quinhão de tentativas de fraudes no país, indo de 8,80 % em 2020, para 12,41% em 2021.
O diretor da Boa Vista destaca que todas estas nuances são importantes de serem conhecidas, e este conhecimento, além da adoção de um bom sistema de antifraude, pode ser a diferença entre uma promoção de vendas aparentemente bem-sucedida e um foco de ação de criminosos. "Volumes de vendas muito acima do previsto, por exemplo, devem sempre ser checados junto ao provedor de segurança e e-commerce”, conclui.
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