Espírito natalino

Falta no Brasil de hoje gente vestindo a camisa. Seja nos governos, nas empresas, nas escolas, nos hospitais

Aristóteles Drummond
21/Dez/2016
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Atribui-se a coleção de títulos de clubes como Flamengo, no Rio, Corinthians, em São Paulo, e Atlético, em Minas, ao fato de entrarem em campo com 12 jogadores. O décimo segundo seria a torcida entusiasmada e solidária.

Mesmo na política, pode-se atribuir a ascensão do PT a uma militância aguerrida e convicta, o que fez com que o tombo fosse maior depois de tantos malfeitos. 

E assim é na vida das empresas. Quando o funcionário gosta do emprego, rende mais e procura acertar sempre. 

Empresário sem inteligência emocional acaba perdendo pela indiferença de colaboradores e até mesmo pela irritação de fornecedores.

O computador e a terceirização de algumas áreas acabaram por tornar o cliente, cidadão, parceiro, em um mero número, sem uma face para o relacionamento. 

Até os gerentes de bancos, antigamente um posto de prestígio, confirmados pelos presentes de Natal que recebiam, hoje são instrumentos para constranger o cliente a comprar seguros, investir em fundos, adquirir cartões etc.  

O Google, instrumento de uso diário, não dispõe sequer de um telefone para consulta do público, inclusive potenciais anunciantes. 

Conscientes dos maus serviços, os bancos criaram agências especiais para os grandes clientes, embora com algumas destas práticas antipáticas.

Quem voa com frequência e possui mais de 40 anos, a cada viagem tem uma boa lembrança da Varig, cujos funcionários de terra e ar  vestiam a camisa e faziam verdadeira corte aos passageiros. E se apresentavam bem. 

O chefe da área de imprensa, Lúcio Ricardo, é considerado até hoje o melhor profissional do setor empresarial de todos os tempos, o que ajudou, e muito, a empresa a ser tão querida. Hoje as empresas aéreas terceirizam a comunicação, entregue a profissionais pouco preparados. 

Falta no Brasil de hoje  gente vestindo a camisa. Seja nos governos, nas empresas, nas escolas, nos hospitais.

 Uma geração que está se aposentando, apesar de desiludida, é que vem mantendo a chama do trabalhar com amor e dedicação. 

Nossos melhores médicos, com clínicas vitoriosas, ainda prestam verdadeiro voluntariado no setor público, uma vez que recebem por mês o que ganham por dia em seus consultórios. No professorado o idealismo está praticamente limitado ao interior.

Estamos na semana do Natal, oportunidade para se vestir a camisa da família, da fraternidade, solidariedade e caridade. 
Momento de acalmar os ânimos exaltados em função destes escândalos todos, muitos fora da realidade e do bom senso.

Enfim, vestir a camisa do menino Jesus é ser mais tolerante e cultivar mais amor.

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