Em disputa acirrada, Nunes e Boulos vão para o 2º turno em São Paulo

Com apenas 25 mil votos de diferença entre os dois, candidatos superaram Pablo Marçal , do PRTB, após divulgação de factoides sobre ambos e publicação de laudo falso contra o psolista às vésperas da eleição

Redação DC
06/Out/2024
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Em disputa acirrada, Nunes e Boulos vão para o 2º turno em São Paulo

*Com informações do Estadão Conteúdo 

Após um primeiro turno imprevisível, o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) disputarão o segundo turno das eleições para comandar a cidade de São Paulo no próximo dia 27 de outubro.

Numa disputa polarizada, voto a voto, o resultado foi definido por volta de 21h deste domingo com 99,52% das urnas apuradas. Nunes ficou com 29,48% do total, e Boulos com 29,07%. Por volta das 22h, com 100% de apuração, os candidatos mantiveram o percentual, com 1.801.139 e 1.776.127 votos válidos cada, uma diferença de apenas 25 mil.

Os dois conseguiram superar Pablo Marçal (PRTB), que ficou em terceiro lugar, com 28,14%. O ex-coach foi a grande novidade da eleição e tinha chances de tirar um deles do segundo turno. O candidato decidiu chegar nos últimos minutos do prazo para votar em uma escola de Moema com a justificativa que "os últimos seriam os primeiros" - o que não se concretizou. 

Sem Marçal, a corrida pela prefeitura retoma sua polarização inicial: a disputa entre Nunes e Boulos. O primeiro é apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, ainda que de forma dúbia. O segundo é a aposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo que o petista tenha entrado menos do que se esperava na campanha.

Em quarto lugar, ficou a deputada federal Tabata Amaral (PSB), com 9,92% dos votos. O apresentador José Luiz Datena (PSDB), que concorreu pela primeira vez em uma eleição após ensaiar entrar na política diversas vezes, terminou com 1,84%. A economista Marina Helena (Novo) recebeu 1,38% dos votos. 

NUNES

Ricardo Nunes assumiu a prefeitura de São Paulo em maio de 2021, após a morte do prefeito Bruno Covas (PSDB). O emedebista era até então o vice-prefeito. Antes, foi vereador na capital paulista por dois mandatos. Na campanha, adversários de Nunes o questionaram sobre suspeitas de corrupção que rondam a prefeitura.

Uma delas está relacionada ao inquérito da Polícia Federal que apura suposto desvio de verbas de escolas infantis, caso conhecido como "máfia das creches". O prefeito nega qualquer envolvimento. Nunes também teve que responder sobre um boletim de ocorrência com acusação de violência doméstica registrado por sua esposa, Regina Carnovale Nunes, em 2011.

Hoje ela nega as agressões. Como candidato a vice, Nunes escolheu o coronel Ricardo Mello Araújo (PL), ex-comandante da Rota, em aceno a Bolsonaro. O ex-presidente, contudo, resistiu a entrar na campanha e fez poucos gestos na direção do emedebista. Muitos bolsonaristas ficaram ao lado de Marçal publicamente, mesmo após o PL formalizar apoio a Nunes.

BOULOS

Guilherme Boulos foi líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), antes de se eleger deputado federal em 2022. Quatro anos atrás, ele foi derrotado no segundo turno da disputa pela prefeitura de São Paulo por Covas.

Durante a campanha deste ano, Boulos adotou estratégia para sua suavizar sua imagem de radical, mas teve que responder a questionamentos de adversários sobre protestos do MTST. Marçal chegou a insinuar que Boulos usava cocaína, o que foi negado pelo psolista.

O ex-coach também apelidou o candidato da esquerda de "Boules", após um evento da campanha dele em que o hino nacional foi cantado em linguagem neutra. A candidata a vice de Boulos é a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT). Criou os CEUs e o Bilhete Único em sua gestão e é popular na periferia, região onde o psolista tem dificuldade de conseguir votos. 

TABATA 

A candidata derrotada à Prefeitura de São Paulo pelo PSB, deputada federal Tabata Amaral, disse neste domingo (06/10) que votará em Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno das eleições, que vai enfrentar Ricardo Nunes (MDB).

"Esse é um voto por convicção, não é um voto negociado", ela disse, em uma entrevista coletiva. "Eu não vou subir em nenhum palanque, eu não vou desfazer quem eu sou ou no que eu acredito, não vou negociar nenhum cargo, vocês não vão me ver integrando nenhum governo, independentemente do governo eleito."

A deputada - que, com 99,52% das urnas apuradas, tinha conseguido 601.118 votos, ou 9,92% dos votos válidos - explicou que o apoio a Boulos é uma "decisão pessoal" dela própria e da sua vice, Lúcia França. 

ELEIÇÕES CONTURBADAS

Parte dos eleitores que votaram em Lula na cidade em 2022 indicaram preferência por Nunes. Os debates foram marcados por agressividade inédita. Em um deles, promovido pela TV Cultura, Datena deu uma "cadeirada" em Marçal. Em outro, organizado pelo canal Flow, um assessor do ex-coach deu um soco no rosto do marqueteiro da campanha de Nunes, Duda Lima.

Ora acusando Nunes de elos com o PCC, ou Boulos de ser usuário de drogas, Marçal publicou em live um laudo médico falso às vésperas da eleição, na última sexta-feira (04/10), dizendo que o psolista tinha sido internado em 2021 após um surto psicótico. Ao constatar inconsistências, a Justiça Eleitoral de SP determinou "pronta exclusão" dos vídeos do candidato do PRTB nas plataformas Instagram, TikTok e YouTube. A Polícia Federal abriu inquérito para investigar o documento.

FOTOS: ACSP

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