Elas estão em dia com a saúde e com os negócios
No Dia Internacional das Mulheres, empresárias revelam como a prática de exercícios ajuda a combater o estresse e manter a qualidade de vida
A trajetória de Lucy Onodera sempre foi permeada pela prática de esportes. Filha de Ikuo Onodera, ex-técnico da seleção brasileira de judô, ela praticou artes marciais desde muito pequena. Natação, balé e basquete também fizeram parte de sua infância.
Há mais dez anos, Lucy pratica ciclismo de montanha nos fins de semana. Para manter a forma física, ela ainda corre, nada e faz treinos funcionais.
Ao contrário do que possa aparecer nessa breve descrição, a principal atividade de Lucy não é o esporte. Ela é sócia-diretora da Onodera, rede de franquias de serviços de beleza com 55 unidades espalhadas pelo Brasil.
A empresária arruma espaço em sua agenda apertada para as atividades que, além de ajudar sua saúde e bem-estar, ajudam em sua rotina na empresa.
“Quando faço exercícios físicos, tenho muito mais disposição para fazer reuniões e estar com a equipe”, afirma Lucy. “Tiro todo o estresse da semana e acabo descontando tudo no esporte.”
Adriana Auriemo, sócia-diretora da Nutty Bavarian, rede que vende grãos torrados e glaceados, também encontrou na prática de atividades físicas uma forma de aliviar a tensão da rotina intensa.
Nos últimos anos, ela se reúne com um grupo de amigos do setor de franquias para praticar exercícios e fazer sua atividade favorita andar de bicicleta.
“Quando estou pedalando, tenho ideias e fico fora da pressão do escritório”, diz Adriana.
Tanto Adriana quanto Lucy fazem parte desse grupo de empresários do franchising. Divididos em categorias, eles competem entre si e incentivam uns aos outros a praticar atividades físicas. Eles usam fotos e aplicativos para comparar resultados e se manterem motivados.
“Juntamos a parte saudável com os negócios e diversão”, afirma Adriana.
Com esse mesmo espírito, o Conselho da Mulher Empresária (CME) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) promoveu no dia 4/3 a 1ª Corrida e Caminhada Empreendedoras em Ação.
O evento, que faz parte das comemorações do Dia da Mulher, reuniu cerca de duas mil empresárias que tomaram as ruas do centro de São Paulo.
“A atividade física promove o bem-estar geral, eleva a autoestima e estimula a superação”, afirma Adriane Zagari, coordenadora do Conselho da Mulher Empresária. “[O evento] é uma forma de enaltecer os pontos turísticos da cidade, a saúde feminina e, acima de tudo, o empoderamento da mulher”.
Na região metropolitana de São Paulo, 33,4% dos empreendedores são sexo feminino, de acordo com uma pesquisa elaborado pela Fundação Seade e o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos (Dieese).
No auge da vida produtiva (de 25 a 49 anos) as mulheres (58,1%) são mais empreendedoras do que os homens (56,9%), enquanto após os 50 anos esse comportamento se inverte, quando os homens exercem mais essa atividade (38,1%) do que as mulheres (36,2%), de acordo com o estudo.
ESTRESSE
Cada vez mais numerosas, as empreendedoras também estão cada vez mais estressadas.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Mental Clear, consultoria especializada em saúde mental, durante a VI Fórum Empreendedoras 2017, 78% das empreendedoras apresentam sintomas de estresse emocional.
Entre as principais queixas estão nervosismo, tensão ou preocupação (83%), tristeza (37%), dificuldade para realizar com satisfação suas atividades diárias (46%), problemas no sono (47%), cansaço diário (41%) e dificuldade tomar decisões (43%).
Além das habituais tensões do ambiente de trabalho, as mulheres costumam fazer jornada dupla, mesmo quando estão em cargos de liderança.
A média de horas dedicadas ao serviço doméstico no Brasil, segundo o IBGE, era de 16,7 horas por semana, mas as mulheres trabalhavam duas vezes mais que os homens em casa, 20,9 horas semanais, em média, contra apenas 11,1 horas para os homens.
De acordo com a Fundação Seade e o Dieese, a influência de jornada adicional ligada aos afazeres domésticos faz com que as mulheres optem, quando possível, por trabalhar próximo à residência e com jornadas reduzidas e não necessariamente lineares.
Com o acúmulo de funções e preocupações, o estresse está se tornando cada vez mais frequentes em mulheres.
Nesse contexto, o exercício físico aparece como uma válvula de escape.
É o caso de Elaine Morais, diretora da Animal Place, rede de pet shops da zona oeste de São Paulo, encontrou no Muay Thai, arte marcial da Tailândia , uma forma de ter mais disposição.
Mesmo uma rotina intensa que envolve uma filha pequena, marido, casa para cuidar e administração e expansão das unidades da rede, ela treina três vezes por semana.
“É meu momento de extravasar. Como é uma atividade intensa, fico energizada”, afirma Elaine. “É uma forma de terapia”.
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BENEFÍCIO
Além ser importante para a saúde, o exercício físico é uma das formas para controlar o estresse, de acordo com o Leandro Gregorut, médico ortopedista da Rede de Hospitais São Camilo.
“Quando a pessoa está estressada, corpo passa por mudanças fisioquímicas, como o aumento da produção de hormônio cortisol e de adrenalina que deixam o corpo em alerta”, afirma Gregorut. “O exercício físico ajuda a mostrar que o corpo não precisa permanecer em estado de atenção”.
As atividades intensas também ajudam a liberar endorfina e a serotonina, responsável pela sensação de felicidade e prazer.
Para sentir os benefícios, a periodicidade e intensidade são importantes. O médico recomenda os exercícios aeróbicos pelo menos três vezes por semana.
Gregorut também salienta que antes de praticar qualquer exercício físico é importante procurar um médico para realizar uma avaliação cardíaca e neuromuscular.
*Com Agência Brasil
FOTOS E VÍDEOS: Willian Chaussê/Diário do Comércio e Divulgação