Depressão atinge um em cada 10 brasileiros desempregados
A pesquisa divulgada pelo IBGE apontou também que as mulheres são as mais afetadas por essa doença
Um em cada dez brasileiros com 18 anos ou mais – que estavam fora do mercado de trabalho – sofriam de algum tipo de depressão.
Essa foi a constatação de um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Um total de 61,8 milhões de pessoas que não trabalhavam, nem procuravam emprego - em um universo de 93 milhões de empregados.
Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional de Saúde 2015 – Indicadores de Saúde e Mercado de Trabalho. O levantamento contabilizava, na época, a existência de cerca de 160 milhões de pessoas integrando a População em Idade Ativa (PIA) do país, em um universo de 200,6 milhões de pessoas, de acordo com o Censo 2010.
O levantamento sobre a ocorrência de depressão entre a população em idade ativa abrange pessoas com idade acima de 18 anos e indica, ainda, que 12,6% da população fora do mercado tomava algum tipo de remédio para dormir.
As análises foram feitas em convênio com o Ministério da Saúde. Em relação ao sexo, as mulheres apresentaram percentual de prevalências de diagnóstico de depressão mais elevado: 10,1%.
Na divisão por faixas etárias, o diagnóstico médico de depressão aumentava até o grupo de 40 a 59 anos, é possível observar uma redução da prevalência a partir dessa faixa – entre a população de 40 a 59 anos de idade, 8,2% relataram ter diagnóstico de depressão, enquanto para a faixa dos 60 anos ou mais de idade a prevalência foi de 7,4%.
Para análise do contingente de pessoas fora do mercado de trabalho com depressão, o IBGE levou em consideração a população com mais de 18 anos de idade, que não exercia qualquer atividade: aposentados, estudantes, pessoas que desistiram temporariamente de procurar emprego em razão de dificuldades momentâneas do mercado ou, ainda, mulheres cujos maridos tinham rendimentos elevados e decidiram se dedicar aos filhos e ao lar.
IDADE DO TRABALHADOR
Em entrevista à Agência Brasil, Maria Lúcia Vieira, gerente de Pesquisas Domiciliares do IBGE, admitiu que a questão da depressão pode estar ligada diretamente à idade do trabalhador. “O que a gente identificou é que, conforme a idade, cresce o percentual de pessoas que apresentavam algum tipo de depressão”.
Para ela, como a população fora da força de trabalho é composta - em sua maior parte - por pessoas com mais idade, essa poderia ser uma justificativa para o percentual mais alto. “Então, tem, sim, uma relação forte com a questão da idade”.
A gerente de pesquisas também falou sobre a incidência maior de mulheres entre o contingente de brasileiros com depressão.
“Entre as mulheres, o percentual de diagnóstico de depressão chega a ser três vezes maior do que entre os homens”, afirmou. “E isso ocorre tanto entre a população desocupada como entre os que estão fora da força de trabalho - o que pode ser um indício de que este percentual pode estar mais relacionado com a questão sexo e idade do que com as condições de trabalho.”
DOENÇAS CRÔNICAS
Na Pesquisa Nacional de Saúde 2013, o IBGE constatou que a prevalência de três doenças crônicas com maior incidência na população (hipertensão arterial, colesterol alto e dor nas costas) é bem maior entre a população ocupada do que entre os desempregados.
Percentualmente, entre as doenças crônicas mais presentes, especialmente entre as pessoas de 65 a 74 anos de idade, se destaca a hipertensão arterial, com 52,7%; seguida por problemas crônicos de coluna ou costas (28,9%); e do colesterol alto (25,5%).
O IBGE constatou, ainda, que a prevalência de Distúrbio Osteomolecular (movimentos repetidos de qualquer parte do corpo) Relacionado ao trabalho foi de 2,8% entre as pessoas ocupadas e de 2,6% entre as desocupadas.
Na avaliação da gerente de Pesquisas Domiciliares do IBGE, a maior incidência de doenças crônicas entre a população ocupada pode ter relação direta com a questão do estresse ocupacional.
“Embora a gente não tenha investigado as causas da maior incidência, o fato é que a população ocupada tem uma maior incidência dessas principais doenças, especialmente quando a gente fala da hipertensão arterial, do colesterol alto e da dor nas costas”, afirma
“Em relação a doenças crônicas, esta maior incidência pode estar relacionada ao mercado de trabalho, porque as faixas de idade entre os dois grupos são bastante parecidas”, disse Maria Lúcia.
Já no universo total de pessoas com 18 anos ou mais de idade fora da força de trabalho a incidência é ainda maior, “o que deve ocorrer devido ao grupo ser composto por gente com idade mais avançada”.
ACIDENTE E VIOLÊNCIA
Outra constatação do estudo divulgado pelo IBGE é a de que, em 2013, 12,4% das 4,9 milhões de pessoas de 18 anos ou mais que sofreram acidente de trabalho ficaram com alguma sequela ou incapacidade, o equivalente a 613 mil trabalhadores.
De acordo com o IBGE, destes 4,9 milhões de acidentados no trabalho, 32,9%, (ou 1,6 milhão) deixaram de realizar atividades habituais.
O levantamento constatou, ainda, que 4,5 milhões de pessoas de 18 anos ou mais sofreram algum tipo de acidente de trânsito com lesões corporais, dos quais 32,2% foram no deslocamento para o trabalho (1,4 milhão) e 9,9% trabalhando (445 mil).
Já no que diz respeito à agressão e violência, o estudo indica que, em 2013, 4,6 milhões de pessoas com 18 anos ou mais (3,1%) sofreram algum tipo de agressão ou agressão por desconhecido.
Do total, 846 mil foram agredidas em seus locais de trabalho (18,4%). Já as agressões ou violências vindas de conhecidos atingiram 2,5% com 18 anos ou mais (3,7 milhões), sendo que 11,9% (439 mil) sofreram agressões no trabalho.
PLANO DE SAÚDE
Os estudos sobre o número de brasileiros que possuíam cobertura de saúde complementar constataram que, em 2013, o percentual de pessoas de 14 anos ou mais de idade que tinham algum tipo de plano de saúde (médico ou odontológico) era de 28,9%, em um universo de pouco mais de 200 milhões pessoas.
Neste ponto, a pesquisa é clara: entre as pessoas ocupadas, quanto maior a renda maior o percentual de usuários de planos de saúde.
“Embora não tenhamos dados para relacionarmos esta tendência, fica claro que, quanto maior o rendimento das pessoas, maior a possibilidade de elas terem algum plano de saúde”, afirma Maria Lúcia.
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